Martinho Júnior,
Luanda
1 – Assinalando mais um aniversário da decisiva batalha do Cuito Cuanavale,
Cuba e Angola associam-se numa iniciativa que aproxima ainda mais as duas
nações, os dois estados e os dois povos: o sinal da CubaVision vai passar a ser
emitido por via da ZAP para Angola, 24 sobre 24 horas, a partir do dia 23 de
Março de 2014.
Do outro lado do continente africano, o sinal da CubaVision será também
transmitido em Moçambique.
A iniciativa inscreve-se nas tradicionais relações culturais, sócio-políticas,
humanas e comunicacionais entre Cuba e os países africanos de expressão
portuguesa com incidência na África Austral, (Angola e Moçambique), pondo fim a
um hiato que se fazia sentir, até por que nesses países estão comunidades
afectas que correspondem a vários milhões de interessados.
2 – A iniciativa responde sem dúvida às necessidades duma geo estratégia
informativa com os olhos a partir do sul, a partir do interior das respectivas
sociedades e dirigidos para a América Latina e África, contrabalançando os
focos disseminados a partir dos interesses do norte e das oligarquias suas
alinhadas em ambas as margens do Arlântico.
O sinal do socialismo revolucionário cubano a partir de emissões em Havana, de
há muito se fazia sentir em relação a África, sobretudo para aqueles que pensam
e agem na esteira da continuidade da Operação Carlota, ao reproduzir na paz os
ganhos obtidos antes nos campos de batalha militar com vista a pôr fim ao
fascismo, ao colonialismo e ao “apartheid”.
Isso é extremamente sensível numa época de capitalismo neoliberal avassalador
em África, tendo em conta que os Estados Unidos vão explorar os êxitos do seu
domínio, um domínio que se vem acentuando após a criação do AFRICOM e de suas
múltiplas “vocações” tanto militares como civis (ambas ligadas ao poder e à sua
enorme capacidade de inteligência).
Como corolário do seu esforço, este ano os Estados Unidos vão tomar a
iniciativa de convocar um fórum Estados Unidos – África com o objectivo de
melhor definir e planificar, sem dúvida, os processos do seu mando no
continente-berço.
Em relação a Angola essa questão é também sintomática se, conforme aos mais
atentos, for valorizada a chegada da nova embaixadora norte americana, a
senhora Hellen LaLime, uma personalidade que teve percurso ascendente no
AFRICOM, preparada portanto para um discurso recheado de ambiguidades, de
processos e métodos subtis de ingerência e agenciamento e por isso afim à
subversão da actual capacidade democrática vigente em Angola, conforme ao
exemplo disseminado em muitas outras paragens do globo ao longo de, pelo menos,
as duas últimas décadas!
Esse facto é tanto mais relevante quando a senhora Hellen LaLime ter vivido uma
parte de sua vida juvenil em Angola e assim poder melhor equacionar ao que vem!
O seu regresso agora investida nesse cargo, inscreve-se no “regresso das
caravelas” a Angola, entre outros fenómenos humanos, o que não deixa de ser
sintomático e não menos equacionável, tendo em conta até a radiografia e o
carácter duma parte do exercício do poder económico e sócio-político por parte
de algumas famílias angolanas que, recorde-se, no final do colonialismo
preenchiam os escalões coloniais dos “assimilados” e, em função dos impactos do
colonialismo neoliberal, se têm vindo a afastar do sentido histórico do
movimento de libertação!...
3 – Para os antigos combatentes angolanos, que viveram nos campos de batalha a
experiência heróica dos relacionamentos África-Cuba, a iniciativa marcante da
ZAP é importante não só em função do passado histórico comum numa perspectiva
secular que advém dos tempos iniciais da colonização dos dois continentes, pois
é opinião de muitos deles que é a oportunidade também para melhor difundir os
colossais esforços que vêm sendo feitos em prol da educação e da saúde dos povos
na América Latina e em África, em conformidade com os Objectivos do Milénio,
quando o capitalismo neo liberal e seus impactos de toda a ordem se estão a
impôr a partir das “receitas” do império a partir dos interesses do norte,
quantas vezes através da disseminação de autênticos mercenários…
A paz na América Latina e em África passa necessariamente por uma informação
que dê espaço prioritário aos esforços que se façam efectivamente em benefício
de todo o povo, dos povos e não sejam afins aos interesses egoistas da
aristocracia financeira mundial e das novas elites, ou oligarquias, suas
agenciadas.
Nesse sentido a informação sensível às situações correspondentes aos interesses
do sul têm uma tarefa suplementar: desmascarar a mentira continuada, desmascarar
as manipulações, ingerências, agenciamentos e todo o tipo de omissões que os
interesses egoístas provocam quase impunemente nos circuitos de informação
pública dirigidos a África e à América Latina.
Pela Paz e por via também da CubaVision e da ZAP, Cuba dá mais um sinal para
que os países africanos que compõem a CPLP a chamem para, antes do mais, ser um
efectivo e incontornável observador dessa organização!
De há muito que por próprio mérito cultural, histórico, sócio-político e
humano, Cuba lá deveria estar!
Haja quem premeie o mérito duma revolução e dumpovo que está de há mais de
cinco décadas disposto a pagar a sua dívida para com África, para com a
humanidade!
Luanda, 21 de Março de 2014
Foto recolhida por Martinho Júnior durante o acto do lançamento oficial da
integração do sinal da CubaVision no leque de canais da ZAP, ocorrido no Centro
Aníbal de Melo, em Luanda, pelas 11H30 de 21 de Março de 2014. Na mesa sobressai a senhora embaixadora de Cuba em Angola, Gisela Garcia Rivera,
A consultar:
- Cuba en África – história olvidada – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=181746
------
SEÑAL DE CUBAVISION INTERNACIONAL EN ANGOLA
A partir del próximo 23 de marzo Ud. podrá recibir la señal de Cubavisión Internacional en Angola a través de la ZAP. El inicio de la transmisión se enmarca en el 26 aniversario de la victoria de
la Batalla de Cuito Cuanavale.
Ud. podrá disfrutar de la programación variada de 24 horas que incluye
informativos, musicales, dramatizados, culturales, cinematográficos, deportes,
ciencia, sociedad y medio ambiente.
Sem comentários:
Enviar um comentário