domingo, 23 de março de 2014

UMA OUTRA BATALHA



Martinho Júnior, Luanda

1 – Assinalando mais um aniversário da decisiva batalha do Cuito Cuanavale, Cuba e Angola associam-se numa iniciativa que aproxima ainda mais as duas nações, os dois estados e os dois povos: o sinal da CubaVision vai passar a ser emitido por via da ZAP para Angola, 24 sobre 24 horas, a partir do dia 23 de Março de 2014.

Do outro lado do continente africano, o sinal da CubaVision será também transmitido em Moçambique.

A iniciativa inscreve-se nas tradicionais relações culturais, sócio-políticas, humanas e comunicacionais entre Cuba e os países africanos de expressão portuguesa com incidência na África Austral, (Angola e Moçambique), pondo fim a um hiato que se fazia sentir, até por que nesses países estão comunidades afectas que correspondem a vários milhões de interessados.

2 – A iniciativa responde sem dúvida às necessidades duma geo estratégia informativa com os olhos a partir do sul, a partir do interior das respectivas sociedades e dirigidos para a América Latina e África, contrabalançando os focos disseminados a partir dos interesses do norte e das oligarquias suas alinhadas em ambas as margens do Arlântico.

O sinal do socialismo revolucionário cubano a partir de emissões em Havana, de há muito se fazia sentir em relação a África, sobretudo para aqueles que pensam e agem na esteira da continuidade da Operação Carlota, ao reproduzir na paz os ganhos obtidos antes nos campos de batalha militar com vista a pôr fim ao fascismo, ao colonialismo e ao “apartheid”.

Isso é extremamente sensível numa época de capitalismo neoliberal avassalador em África, tendo em conta que os Estados Unidos vão explorar os êxitos do seu domínio, um domínio que se vem acentuando após a criação do AFRICOM e de suas múltiplas “vocações” tanto militares como civis (ambas ligadas ao poder e à sua enorme capacidade de inteligência).

Como corolário do seu esforço, este ano os Estados Unidos vão tomar a iniciativa de convocar um fórum Estados Unidos – África com o objectivo de melhor definir e planificar, sem dúvida, os processos do seu mando no continente-berço.

Em relação a Angola essa questão é também sintomática se, conforme aos mais atentos, for valorizada a chegada da nova embaixadora norte americana, a senhora Hellen LaLime, uma personalidade que teve percurso ascendente no AFRICOM, preparada portanto para um discurso recheado de ambiguidades, de processos e métodos subtis de ingerência e agenciamento e por isso afim à subversão da actual capacidade democrática vigente em Angola, conforme ao exemplo disseminado em muitas outras paragens do globo ao longo de, pelo menos, as duas últimas décadas!

Esse facto é tanto mais relevante quando a senhora Hellen LaLime ter vivido uma parte de sua vida juvenil em Angola e assim poder melhor equacionar ao que vem!

O seu regresso agora investida nesse cargo, inscreve-se no “regresso das caravelas” a Angola, entre outros fenómenos humanos, o que não deixa de ser sintomático e não menos equacionável, tendo em conta até a radiografia e o carácter duma parte do exercício do poder económico e sócio-político por parte de algumas famílias angolanas que, recorde-se, no final do colonialismo preenchiam os escalões coloniais dos “assimilados” e, em função dos impactos do colonialismo neoliberal, se têm vindo a afastar do sentido histórico do movimento de libertação!...

3 – Para os antigos combatentes angolanos, que viveram nos campos de batalha a experiência heróica dos relacionamentos África-Cuba, a iniciativa marcante da ZAP é importante não só em função do passado histórico comum numa perspectiva secular que advém dos tempos iniciais da colonização dos dois continentes, pois é opinião de muitos deles que é a oportunidade também para melhor difundir os colossais esforços que vêm sendo feitos em prol da educação e da saúde dos povos na América Latina e em África, em conformidade com os Objectivos do Milénio, quando o capitalismo neo liberal e seus impactos de toda a ordem se estão a impôr a partir das “receitas” do império a partir dos interesses do norte, quantas vezes através da disseminação de autênticos mercenários…

A paz na América Latina e em África passa necessariamente por uma informação que dê espaço prioritário aos esforços que se façam efectivamente em benefício de todo o povo, dos povos e não sejam afins aos interesses egoistas da aristocracia financeira mundial e das novas elites, ou oligarquias, suas agenciadas.

Nesse sentido a informação sensível às situações correspondentes aos interesses do sul têm uma tarefa suplementar: desmascarar a mentira continuada, desmascarar as manipulações, ingerências, agenciamentos e todo o tipo de omissões que os interesses egoístas provocam quase impunemente nos circuitos de informação pública dirigidos a África e à América Latina.

Pela Paz e por via também da CubaVision e da ZAP, Cuba dá mais um sinal para que os países africanos que compõem a CPLP a chamem para, antes do mais, ser um efectivo e incontornável observador dessa organização!

De há muito que por próprio mérito cultural, histórico, sócio-político e humano, Cuba lá deveria estar!

Haja quem premeie o mérito duma revolução e dumpovo que está de há mais de cinco décadas disposto a pagar a sua dívida para com África, para com a humanidade!

Luanda, 21 de Março de 2014

Foto recolhida por Martinho Júnior durante o acto do lançamento oficial da integração do sinal da CubaVision no leque de canais da ZAP, ocorrido no Centro Aníbal de Melo, em Luanda, pelas 11H30 de 21 de Março de 2014. Na mesa sobressai a senhora embaixadora de Cuba em Angola, Gisela Garcia Rivera,

A consultar:
- Cuba en África – história olvidada – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=181746

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SEÑAL DE CUBAVISION INTERNACIONAL EN ANGOLA

A partir del próximo 23 de marzo Ud. podrá recibir la señal de Cubavisión Internacional en Angola a través de la ZAP. El inicio de la transmisión se enmarca en el 26 aniversario de la victoria de la Batalla de Cuito Cuanavale.

Ud. podrá disfrutar de la programación variada de 24 horas que incluye informativos, musicales, dramatizados, culturales, cinematográficos, deportes, ciencia, sociedad y medio ambiente.

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