sexta-feira, 4 de abril de 2014

MORREU KUMBA IALÁ EX-PRESIDENTE DA GUINÉ-BISSAU




O corpo do antigo Chefe de Estado da Guiné-Bissau encontra-se em câmara ardente no Hospital Militar de Bissau. Kumba Ialá morreu esta sexta-feira, em casa, de problemas de saúde, afirmou fonte próxima do ex-Presidente. Tinha 61 anos, completados há menos de um mês, a 15 de março.

Ialá fundou o Partido da Renovação Social (PRS) e foi Presidente da Guiné-Bissau, entre 2000 a 2003, tendo sido deposto por um golpe de Estado militar a 14 de setembro. 

Apesar de permanecer presidenciável, ele mesmo renunciou em janeiro deste ano à vida política ativa, anunciando não se recandidatar à Presidência, após consultar família e amigos. 

"Agora que me despeço não da política, mas de disputas e mandatos de cargos eleitorais, realço que não é necessário, que não é preciso, ter cargos para exercer a cidadania ativa", observou. 

Ialá decidiu apoiar Nuno Nabian, candidato independente às presidenciais na Guiné-Bissau.

Atividade política

Originário do grupo Balanta, tendo nascido numa família de agricultores em Bula, Cacheu, o ex-Presidente militou no Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

Em 1989 foi expulso do partido por exigir uma reforma democrática. Em março de 1991ajudou a fundar a Frente Democrática Social que abandonou em 1992 para fundar o PRS. 

Nas eleições presidenciais de 1994 Ialá concorreu contra Nino Vieira, para quem, na segunda volta, perdeu por escassa margem (52,02% contra 47,98%). Ialá denunciou pressão sobre os seus apoiantes mas acabou por aceitar os resultados, recusando contudo participar no Governo.

Após uma guerra civil sangrenta, e a deposição de Nino Vieira, Ialá acabaria por ser eleito Presidente no ano 2000 à segunda volta, contra Macám Bacai Sanhá.

Presidência e afastamento

Personagem controversa, o mandato de Ialá ficou marcado por má gestão e crises políticas, tendo-se refletido de maneira negativa na economia e levando o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial a suspender a sua ajuda financeira.

Outro dos piores erros de Ialá nesse período terá sido o de antagonizar as forças armadas. A primeira crise surgiu em novembro do ano 2000 com um braço de ferro na nomeação de numerosos oficiais, a qual terminou com a morte do general Ansumane Mané, quando este tentou assumir o poder. O atraso no pagamento de salários aos soldados alimentou igualmente o golpe militar que derrubou Ialá. 

Apesar de crescer como católico e de estudar Teologia na Universidade Católica Portuguesa de Lisboa e em seguida Filosofia, Kumba Ialá nunca adotou um nome português e acabou por se converter ao islamismo.

Ialá estudou ainda Direito em Bissau. No seu curriculum constava ainda a fluência em português, crioulo, espanhol, francês e inglês, e leitura de latim, grego e hebraico. Após completar seus estudos, trabalhou como professor de Filosofia.

RTP - Edição de Califa Cassamá, Bissau

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