Lisboa, 26 mai
(Lusa) - O primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, defendeu hoje que uma
"intervenção concertada de todos os membros da CPLP na Guiné-Bissau
"seria o ideal".
Na conferência de
imprensa que se seguiu à XV reunião de ministros da Defesa da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), que hoje se realizou no Forte de São Julião
da Barra, em Oeiras, Xanana Gusmão frisou que só uma intervenção concertada
"responderia às necessidades de reforma do setor de segurança"
guineense.
O chefe de Governo
timorense assinalou que Timor-Leste está em posição de ajudar, já que tem
"uma certa experiência", por ter vivido um "conflito
prolongado" a seguir ao qual foi necessário "desmobilizar as forças
armadas".
Porém, reconheceu,
a Guiné-Bissau tem "a particularidade" de manter
"ex-guerrilheiros nas forças armadas de hoje".
Recordando que as
forças armadas guineenses tiveram "um papel relevante" no
"desrespeito pela ordem constitucional", Xanana aplaudiu, por outro
lado, "a coragem dos atuais líderes" militares e policiais, que,
acredita, "estão agora imbuidos de vontade de mudar o rumo dos
acontecimentos".
Por seu lado, o
ministro da Defesa brasileiro, Celso Amorim, renovou "o compromisso"
em apoiar a Guiné na "profissionalização" e "modernização"
das forças armadas, no sentido de as habilitar "para combater as ameaças
globais", como o narcotráfico.
Sem descartar a
importância, também, da reforma do setor de segurança e defesa, incluindo a
desmobilização dos atuais militares, garantiu que "o Brasil está muito
empenhado em ajudar", reconhecendo que tal reforma exige
"financiamento, porque tem um custo".
Já uma eventual
ação conjunta da CPLP tem de "levar muito em conta o que pensam os países
da região e as organizações regionais", sublinhou.
"A situação na
Guiné-Bissau nos preocupa a todos, e muito, há muito tempo aliás",
assegurou.
Por seu lado, o
ministro da Defesa português, José Pedro Aguiar-Branco, foi mais cauteloso nas
declarações sobre a situação na Guiné-Bissau, sublinhando que a reunião de hoje
foi "uma reflexão sobre os resultados eleitorais e o caminho a
seguir" e "ainda não foi o fórum para tratar de medidas em
concreto", que será realizado "em momento oportuno".
Aguiar-Branco disse
apenas que a organização lusófona "renovou o compromisso" de "contribuir
para a consolidação do sistema democrático" na Guiné-Bissau.
Recordando que, no
quadro da CPLP, "não existe uma acão de intervenção conjunta na área da
defesa", Aguiar-Branco assegurou "empenho, colaboração e cooperação
em ações que se possam vir a desenvolver para consolidar o processo" em
curso na Guiné-Bissau.
Considerando que as
eleições foram "um passo sustentado e duradouro para o regresso à
normalidade", o ministro transmitiu ainda "o desejo" de que a
Guiné-Bissau "regresse o mais depressa possível" à área de
intervenção de defesa na CPLP.
Moçambique
transferiu hoje a presidência do setor da Defesa da CPLP para Portugal e São
Tomé e Príncipe vai acolher a próxima reunião de ministros da Defesa daqui a um
ano, adiantou.
SBR // EL – Lusa,
com foto em Sapo TL
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