sábado, 31 de maio de 2014

Portugal: TRIBUNAL CONSTITUCIONAL CHUMBA CORTES DO GOVERNO




Tribunal Constitucional: Cortes afetam salários «exíguos» e prestações sociais perto ou abaixo do limiar de pobreza

Texto que suporta decisões dos juízes admite necessidade de pôr em ordem as contas públicas, mas cortes de 2014 atingem rendimentos demasiado baixos.

O acórdão do Tribunal Constitucional que considerou inconstitucionais três normas do Orçamento do Estado para 2014 diz que são «excessivos» os cortes aplicados a salários «exíguos» e a prestações sociais que ficam próximas ou abaixo do limiar da pobreza.

Nos argumentos que justificam estes chumbos, os principais problemas salientados não estarão tanto nos rendimentos mais altos mas sobretudo nos mais baixos.

Os juízes dizem que o «excesso» de cortes nos rendimentos de quem trabalha para o Estado «será particularmente evidente nos salários entre 675 e 1500 euros» que até aqui não eram atingidos. O documento diz que estamos perante valores «de tal modo exíguos que qualquer redução tem um forte impacto» pois a percentagem de corte até pode ser pequena mas «o grau de sacrifício é qualitativamente muito superior».

Para além dos salários dos funcionários públicos, os juízes criticam os cortes nos subsídios de doença e desemprego. E os argumentos são semelhantes: melhorar as contas do Estado até pode legitimar reduções, mas os cortes «penalizam de forma excessiva quem tem prestações mais baixas».

O acórdão argumenta que os montantes associados à cláusula de salvaguarda (que protege quem ganha menos) aproximam-se ou ficam mesmo abaixo do limiar de risco de pobreza.

O documento salienta ainda que quem está numa situação de doença ou desemprego são pessoas «particularmente vulneráveis» que já sofriam, só por essa razão, uma séria redução dos «padrões de vida».

TSF - Nuno Guedes

Chumbos do TC abrem buraco de 750 a 800 milhões

Os chumbos do Tribunal Constitucional a três normas do Orçamento abrem um buraco nas contas públicas que pode ir até aos 800 milhões de euros.

Os cortes salariais na função pública que já vêm desde 2011 e o alargamento previsto para este ano valem no total 1100 milhões de euros.

Uma vez que os juízes chumbaram a medida na totalidade e não apenas na parte que diz respeito ao alargamento, e que ela, não tendo efeitos retroativos, implica que o estado reponha os salários no resto do ano, o buraco na parte dos salários deverá andar, pelas contas da TSF, em torno dos 600 milhões de euros.

A este valor há que somar 100 milhões correspondentes ao chumbo da condição de recurso nas pensões de sobrevivência, e outros 75 milhões relativos às taxas sobre os subsídios de doença e de desemprego.

Tudo somado chega-se a um valor entre os 750 e os 800 milhões de euros.

TSF - Hugo Neutel

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