domingo, 8 de junho de 2014

Angola: UMA NOVA ESPERANÇA



Jornal de Angola, editorial – 7 junho 2014

Angola acolheu ontem uma importante cimeira de três chefes de Estado, que juntou os Presidentes de Angola, José Eduardo dos Santos, do Congo, Dennis Sassou Nguesso, e do Chade, Idriss Deby Itno

É já habitual a realização de cimeiras regulares das lideranças africanas desta sub-região para tratarem de assuntos de relevância regional, nomeadamente, a busca da paz, da estabilidade e do reforço da cooperação diplomática e económica.

O Presidente José Eduardo dos Santos, em nome de Angola, assume desde Janeiro a presidência rotativa da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), um importante mecanismo de concertação diplomática e cooperação económica e um catalisador do desenvolvimento regional, e as acções destinadas a prevenir e solucionar os conflitos tem adquirido maior dinamismo.

A Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos vê o seu papel fortalecido à medida que os Chefes de Estado dos países-membros realizam encontros multilaterais que servem a causa da paz, da estabilidade e do aproveitamento dos recursos estratégicos desta sub-região de África e assumem soluções de futuro.

A presidência angolana da CIRGL tem sido pautada por um conjunto de passos no sentido de diagnosticar correctamente os problemas e os desafios da sub-região para, todos os Estados em conjunto, encontrarem as melhores soluções.

O Presidente José Eduardo dos Santos privilegia a prevenção dos conflitos, a solução dos diferendos pela via do diálogo e o engajamento de todas as sensibilidades políticas dentro dos Estados que vivem tensões e crises políticas, defende a diplomacia multilateral e a inserção na vida económica e social dos povos, aproveitando os imensos recursos de cada país como instrumento fundamental na normalização e dinamização do funcionamento dos Estados africanos que precisam de definir novos rumos e processos de renascimento económico e social.

Esta cimeira de Luanda é mais uma iniciativa que se enquadra no âmbito dos contactos multilaterais para acelerar e reforçar os mecanismos de prevenção e combate aos focos de guerra que ainda permanecem aqui e li para a concertação permanente destinada a dar uma nova esperança ao futuro dos povos da região.

A paz e a estabilidade política e social são dois factores que as lideranças da sub-região valorizam e pretendem ver agora claramente efectivadas, porque são premissas insubstituíveis para relançar a reconstrução, o desenvolvimento e progresso das populações.

O Acordo Quadro para a Paz, Segurança e Cooperação na República Democrática do Congo (RDC) e na Região dos Grandes Lagos, assinado por 11 países e organizações no dia 24 de Fevereiro de 2014, é um meio de desbravar esse novo caminho e tem de ser aplicado sem vacilações.

Os chefes de Estado querem acompanhar de perto o evoluir a situação e o cumprimento dos acordos assinados. Depois dos Acordos de Libreville, facilitados pela CIRGL, que visam garantir uma transição pacífica na RCA, garantir a normalidade política e constitucional, importa que os promotores sigam os meandros da sua aplicação prática.

Os resultados já são visíveis e Angola tem recebido elogios de todos os lados sobre o papel construtivo que desenvolve a favor da paz e estabilidade em África.

Mas os desenvolvimentos e os focos de instabilidade que ainda afectam alguns países da CIRGL, nomeadamente, o Sudão do Sul, a República Centro-Africana, o Chade e o Mali, aconselham alguma prudência e recomendam um acerto de posições permanente entre os chefes de Estado para um melhor controlo da situação.

É suficientemente claro que uma das causas que contribuem para os casos recorrentes de instabilidade e conflito em África são o radicalismo político e a auto-exclusão, em vez da sensatez e da aproximação, a ruptura em lugar do debate livre e democrático, a fuga à responsabilidade em vez do compromisso com a paz e a reconciliação, a cedência a interesses externos e a tentativa de resolver os problemas pela via militar.

À medida que a Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos se assume como um espaço de diálogo e concertação, mais o entendimento político é possível e mais o processo de soluções democráticas se afirma em cada um dos países.

Só com uma visão clara dos interesses reais dos nossos povos os Estados africanos podem fazer face com sucesso ao papel cada vez melhor definido e delimitado das chamadas “forças negativas”, que tentam actuar abusivamente em alguns países como estando acima da lei e que se tornaram obstáculos ao progresso regional e por isso devem ser combatidas se persistirem nessa via.

Foto: Francisco Bernardo

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