Pequim,
12 jun (Lusa) - Os operários constituem menos de 10% dos filiados no Partido
Comunista Chinês (PCC), contradizendo a natureza proletária da organização,
enquanto os técnicos e gestores de empresas representam quase um quarto,
revelou hoje um jornal do PCC.
"O
número de militantes duplicou nos ultimos vinte anos, ultrapassando 85 milhões,
mas a percentagem de operários, um dos pilares essenciais do partido, caiu para
8,5%", segundo o Global Times, que cita o Departamento de Organização do
PCC.
Segundo
estatísticas oficiais, no final de 2012, o PCC tinha 85,13 milhoes de filiados,
entre os quais 15,54 milhões de reformados e 2,9 milhões de estudantes.
O
grupo maior (25,35 milhões) é descrito como "trabalhadores do setor
agrícola", seguido dos técnicos e gestores (20,2 milhões).
Maior
partido político do mundo, no poder há 65 anos, o PCC pretende agora
"controlar o crescimento" da sua organização e "melhorar a
qualidade e promover o papel dos militantes na sociedade" através de novas
regras de recrutamento.
"O
objetivo é tentar reviver algumas das velhas tradições do Partido que foram
ignoradas durante o processo de reforma e abertura (iniciado no final da década
de 1970)", disse um académico, citado pelo Global Times, uma publicação do
grupo Diário do Povo, o órgão central do PCC.
Nas
últimas três décadas, a China tornou-se a segunda economia mundial, com um
crescimento médio anual de cerca de 10%, mas as desigualdades sociais
agravaram-se e a corrupção minou muito a credibilidade do PCC.
"Como
partido dirigente, o PCC atrai naturalmente diferentes grupos de interesses que
aderem ao partido não porque partilham a sua ideologia, mas porque assim ganham
acesso ao poder ou à riqueza", afirmou ao Global Times o professor Cai
Zhiqiang, da Escola do Comité Central do PCC.
"A
missão do Partido não é representar grupos de interesses, mas servir o povo, e
é por isso que o PCC precisa de ser mais prudente na seleção de novos membros e
de estabelecer um eficiente sistema de avaliação, que atualmente falta",
acrescentou.
Desde
o XVI Congresso do PCC, em 2002, os próprios empresários privados, mesmo os
mais ricos, já podem filiar-se no PCC.
As
novas regras de recrutamento - adianta o Global Times - privilegiam o
"critério político" e em particular a "crença no marxismo".
De
acordo com o primeiro artigo da Constituição chinesa, "a Republica Popular
da China é um Estado socialista sob a ditadura democrática do povo, liderada
pela classe trabalhadora e assente na aliança operário-camponesa".
AC
// ARA - Lusa
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