quinta-feira, 24 de julho de 2014

Neonazistas ucranianos preparam novo golpe ao expulsar comunistas do Parlamento



Correio do Brasil, com Ria Novosti - de Kiev

O presidente da Suprema Rada (parlamento ucraniano) da Ucrânia Alexander Turchinov anunciou na manhã desta quinta-feira, a dissolução da bancada parlamentar do Partido Comunista. Nas últimas semanas vários deputados populares da bancada do PC ucraniano saíram da representação deste partido no Parlamento. Por isso, a composição deste grupo diminuiu em comparação com o período da sua formação durante a primeira sessão da Suprema Rada.

Em 22 de julho o parlamento da Ucrânia conferiu ao presidente do Legislativo o direito de dissolver a bancada, desde que o seu corpo diminua em comparação com o período da sua formação durante a primeira sessão. Turchinov prometeu na ocasião que durante um só dia iria submeter o projeto de lei ao exame do presidente solicitando que assine este documento imediatamente e a seguir iria anunciar a dissolução da bancada do Partido Comunista da Ucrânia. A lei entrou em vigor nesta quinta-feira.

Antes disso, o líder dos comunistas ucranianos Piotr Simonenko tinha declarado na entrevista à agência russa de notícias RIA Novosti que apesar da pressão por parte das autoridades, o Partido Comunista da Ucrânia continuará a participar em qualquer hipótese das eleições parlamentares antecipadas que podem ser realizadas no próximo outono.

Ainda nesta manhã, dois outros partidos ucranianos anunciaram que deixaram a coalizão majoritária no Parlamento para permitir que o presidente Petro Poroshenko convoque nova eleição e livre a Casa do que um político qualificou como “agentes de Moscou”, em uma referência direta ao PC da Ucrânia. Políticos e ativistas se queixam de que a Ucrânia, embora tenha um novo presidente, ainda precisa eleger um novo Parlamento, algo que não foi feito depois da derrubada em fevereiro do presidente Viktor Yanukovich, aliado da Rússia, e também acusam os aliados do líder deposto de prejudicar a atividade parlamentar.

– Nós acreditamos que na atual situação tal Parlamento, que protege criminosos de Estado, agentes de Moscou, que se recusa a retirar a imunidade daqueles que estão trabalhando para o Kremlin, não deveria existir – disse o líder do partido neonazista Svoboda, Oleh Tyahnybok, no Parlamento.

O partido Udar (Golpe), do ex-campeão de boxe Vitaly Klitschko, de ultradireita, que faz parte da coalizão majoritária, com o Svoboda e o partido Batkivshchyna, também anunciou que está deixando a coalizão. De acordo com a Constituição ucraniana, o Parlamento tem 30 dias para tentar uma nova coalizão. Se isso fracassar, o presidente então dissolve a Casa e convoca eleições.

Resistência armada

Ainda nesta quinta-feira, durante o dia, houve mais explosões nos arredores do aeroporto e da estação ferroviária de Donetsk, informou desta cidade o correspondente da RIA Novosti. A região do aeroporto de Donetsk, onde ainda permanecem importantes contingentes do exército ucraniano, tornou-se nos últimos dias o local de confrontação intensa entre as Forças Armadas Ucranianas e os milicianos. A milícia submete o aeroporto ao fogo de diversas armas. O exército procura, na qualidade de ato de resposta, romper o bloqueio: as Forças Armadas da Ucrânia infligem golpes contra os bairros residenciais em torno do aeroporto. Cerca de dez habitantes pacíficos já pereceram nesta região.

Na véspera soube-se que na região do aeroporto tinham desaparecido os jornalistas do canal de televisão RT Graham Phillips e da agência Anna News Vadim Aksenov. Supõe-se que ambos tinham sido aprisionados pelo exército ucraniano. A partir de então não se sabe nada sobre o seu destino. O correspondente da agência RIA Novosti tem o número do telefone celular de Phillips, mas este não responde a chamadas.

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