"Do
fundo do meu coração tudo o que aconteceu durante um ano e meio termina aqui
(...) perdão a todos" pediu Afonso Dhlakama
Afonso
Dhlakama, o líder do maior partido de oposição em Moçambique, a Renamo,
manifestou esta segunda-feira (25), via teleconferência, a sua satisfação pelos
acordos alcançados no domingo (24) entre o Governo e o seu partido e pediu
"perdão a todos". Afirmou que está disponível para se encontrar com o
Presidente Guebuza mas não sabe quando nem onde o frente a frente irá
acontecer.
“Hoje
já temos Forças Armadas que são republicanas, isto é, que são apartidárias.
Hoje não pode haver nenhuma força política ou partido que deve usar as Forças
Armadas, para fins quaisquer. Hoje as Forças Armadas já não pertencem ao
partido Frelimo”, disse Dhlakama e acrescentou “hoje Moçambique é uma República
verdadeira”.
O
líder da Renamo entende que a reestruturação às Forças Armadas e em outros
ramos acordados com o Governo vai melhorar a política de exclusão social em
outras instituições.
“Qualquer
partido que vier a ser o Governo, que não venha obrigar funcionários públicos a
serem membros do partido no poder, mas sim, a nomeação será pela confiança
técnica e profissional, quando se trata da Administração Pública”, sublinhou o
líder da Perdiz sem esconder a sua felicidade.
“Não
quero ofender a Frelimo, que perdeu a luta, mas tenho o direito de dizer
ganhámos. O povo ganhou, Moçambique ganhou. A reconciliação nacional já chegou.
Com este passo, mesmo as assimetrias regionais irão diminuir”.
Afonso
Dhlakama reconheceu que não está tudo acabado, mas a lei aprovada recentemente
é razoável para manter os observadores atentos nas mesas de voto.
“Parlamento
deve aprovar hoje os documentos rubricados no acordo”
Num
outro plano, Afonso Dhlakama apelou aos parlamentares a não abandonarem a
Assembleia da República sem que os instrumentos rubricados na noite do passado
domingo (24) sejam aprovados. “Os deputados, devem entender, que não podem
abandonar hoje a Assembleia da República, antes de aprovarem todos os
documentos para serem promulgados, isto é, agora são documentos sim, mas
passarão a ser documentos reconhecidos juridicamente quando forem aprovados.
Que todos os deputados tenham paciência de aprovar estes documentos nas
próximas horas”.
O
apelo do “Líder” foi também para o Presidente da República, Armando Guebuza:
“Não tenha receio, não pense que por ter mandado tropas para mematar, em 21 de
Outubro do ano passado, que Dhlakama, se calhar, esteja com rancor. Sou
político maduro, por isso, quero apelar ao Presidente da República, dizer do
fundo do meu coração, tudo que aconteceu durante um ano e meio termina aqui” e
ainda pediu perdão a todos frisando que “não haverá nenhuma violação do
cessar-fogo do nosso lado, mas caso sejamos atacados com armas, poderemos
responder”.
Encontro
com Guebuza
O
presidente da Renamo disse não saber ainda a data em que se vai encontrar como
o Presidente Armando Guebuza, “está confirmado que vai haver esse encontro, não
sei aonde, mas eu também estou estou interessado, embora não sei se será antes
da campanha porque a campanha é já agora que inicia”, disse enfatizando que há
muita coisa que ambos têm que falar, reconhecendo a boa vontade do Presidente
Guebuza no que diz respeito ao encontro.
Dhlakama
também não foi preciso sobre se vai iniciar a sua campanha atempadamente, “pois
ainda não discutiu com os seus assessores, as estratégias da campanha”, mas
apelou e prometeu uma campanha ordeira, sem violência bem como reconhecer caso
perca as eleições de Outubro próximo.
A
Renamo perdeu todas as eleições presidenciais desde 1994. Os cinco municípios
ganhos pelo partido em 2003, nas segundas eleições autárquicas, foram perdidos
para a Frelimo em 2008, ficando apenas representado nas assembleias municipais.
Com o seu boicote nas municipais de 2013, o partido saiu do mapa autárquico.
Afonso
Dhlakama vai disputar as presidenciais de 15 de Outubro com Filipe Nyussi,
candidato da Frelimo, e pela segunda vez consecutiva com Daviz Simango, do
Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Verdade
(mz)
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