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(mz) - editorial
Faz
este domingo duas semanas desde que iniciou a campanha para as eleições gerais
de 15 de Outubro próximo. A campanha eleitoral é um exercício já familiar para
os moçambicanos, que convivem com ela desde o primeiro sufrágio geral realizado
em 1994 e nas sucessivas eleições autárquicas que o país organiza desde 1998.
Trata-se,
por assim dizer, de uma festa que os moçambicanos já conhecem e que se vêm
empenhando em melhorar a cada ano. Não é por acaso que a decorrente campanha
eleitoral iniciou num ambiente ordeiro e cordial, com os candidatos e partidos
políticos preocupados apenas em trabalhar na disseminação da sua mensagem
eleitoral.
Os
primeiros relatos sobre a campanha, que nos chegaram de vários pontos do país,
confirmaram este ambiente, com os actores a comportar-se à altura e com
respeito à lei e às diferenças políticas, fundamentais em qualquer democracia.
Entretanto,
preocupam-nos os relatos que nos últimos dias nos chegam de alguns pontos do
país, de onde são reportadas situações de violência eleitoral, com grupos de
apoiantes de partidos concorrentes a envolver-se em actos de violência que, não
só descaracterizam o momento político, como também mancham a imagem que o país
vem construindo ao longo dos anos, imagem de um país onde as diferenças foram
sempre usadas como trampolim para o crescimento político.
Moçambique
é hoje uma referência regional, continental e até mundial. Uma referência de um
país que sempre soube viver a igualdade na diversidade. É com esta convicção em
mente que acreditamos que os focos de violência reportados nos últimos dias são
ventos que rapidamente passarão, dando lugar à uma campanha eleitoral ordeira e
dentro dos padrões de civismo e urbanidade a que os moçambicanos nos
habituaram.
Na
verdade, acreditamos que nenhum partido político ou candidato está interessado
em que os seus apoiantes se envolvam em actos de violência com apoiantes de
outros partidos. Os moçambicanos são um povo adulto e consciente e acreditamos
que será essa maturidade que conduzirá à eliminação de todos estes focos.
Compreendemos
que, no exercício de defesa de uns e de outros posicionamentos, possa subir a
animosidade e, a partir dai gerarem-se situações de troca de mimos. Acreditamos
também que este tipo de situações é mais provável de acontecer entre jovens,
eles que fazem a grande maioria dos apoiantes dos partidos políticos e seus
candidatos.
Partindo
deste pressuposto, entendemos ser possível que, cada partido político,
coligação de partidos, grupos de cidadãos e candidatos ganhem consciência desta
realidade, e sejam os primeiros a transmitir a mensagem da tolerância,
contribuindo para a contenção da animosidade no seio dos apoiantes.
É
preciso que a voz de comando para o respeito das diferenças comece a vir também
dos partidos e candidatos, que acreditamos que podem fazer a mensagem chegar
mais rapidamente aos destinatários e provocar mais rapidamente a mudança de
comportamento e atitude que se precisa neste momento para se garantir que o
processo decorra até ao fim com o mínimo de perturbações possível.
O
ambiente pacífico que se viveu nos primeiros momentos da campanha eleitoral deu
mostra de que os moçambicanos cresceram politicamente o suficiente para saberem
destrinçar o bem do mal em períodos eleitorais como este, e a partir daí
evitarem actos que contrariem a consciência colectiva.
E
vemos violência não só onde há troca efectiva de agressões físicas, mas também
onde há destruição de material eleitoral dos partidos e candidatos adversários,
porque essa não será, certamente, a solução que levará este ou aquele partido
ou candidato à vitória eleitoral.
Ainda
temos cerca de um mês de campanha eleitoral pela frente. Será essencial que
todos tomem a consciência do mal que a violência causa em processos desta
natureza, sobretudo quando eles acontecem num país onde a prática e a
experiência mostram que já atingiu contornos de crescimento político que já
justifica outra forma de estar e de ser.
É
essa imagem que precisamos continuar a construir e a “vender” para o mundo, uma
imagem que ajude Moçambique a granjear ainda mais simpatia e admiração mundiais
e a afirmar-se como referência de paz e reconciliação.
*Título PG
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