A
União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) criticou hoje o
Presidente angolano por não ter dado qualquer explicação sobre a situação do
Banco Espírito Santo Angola (BESA) no último discurso sobre o estado da Nação.
A
posição foi assumida pelo líder da UNITA, em conferência de imprensa realizada
em Luanda, 24 horas depois do habitual discurso à Nação de José Eduardo dos
Santos, na Assembleia Nacional, por ocasião da abertura do novo ano parlamentar.
"O
senhor Presidente da República perdeu ontem uma oportunidade soberana para
tirar dúvidas à nação, de forma objetiva e transparente, quem são os donos
reais do BESA, quem foram os beneficiários dos empréstimos malparados, onde e
como foi utilizado tal dinheiro", criticou Samakuva.
Em
causa está a situação no BESA, detido em 55,71% pelo BES português e que
enfrenta um problema na carteira de crédito que levou à intervenção do Banco
Nacional de Angola (BNA), com a nomeação de dois administradores provisórios,
no âmbito das medidas de saneamento adotadas para o banco.
Esta
posição é atribuída ao volume de crédito malparado, que várias fontes estimaram
nos últimos meses em 5,7 mil milhões de dólares (cerca 4,4 mil milhões de
euros), e que chegou a ser alvo de uma garantia soberana emitida pelo Estado
angolano e que será revogada, segundo anúncio feito em agosto pelo BNA.
A
ausência de qualquer referência ao caso BESA num discurso de 47 minutos levou a
UNITA - que pretende constituir uma comissão de inquérito à situação daquele
banco -, a contestar, nomeadamente por este estar a ser intervencionado.
Para
Samakuva, a falta de explicações por parte do Presidente angolano, deixou por
esclarecer "quais são e onde estão os ativos adquiridos com tais
empréstimos", na origem do crédito malparado, "e, acima de tudo, quem
são as pessoas envolvidas".
"E
depois de termos denunciado tais irregularidades, o Presidente da República
mandou revogar a garantia [Soberana]. Porquê? As investigações já feitas
indicam que os principais donos do BESA são o Ministro de Estado e chefe da
Casa de Segurança do Presidente da República. São os mesmos donos da Pumangol,
do Kero, da Transfuel e outros empreendimentos. Tudo à custa do Tesouro
nacional", afirmou o líder da UNITA.
No
discurso sobre o Estado da Nação, José Eduardo dos Santos abordou sobretudo as
dificuldades para as finanças públicas angolanas da forte queda do preço
internacional do barril de petróleo.
O
Presidente angolano anunciou ainda que os dados preliminares do recenseamento populacional
apontam para 24,3 milhões de pessoas residentes no país e rejeitou, contra a
vontade dos partidos da oposição, a realização das primeiras eleições
autárquicas antes de 2017.
"Se
no campo dos direitos e liberdades fundamentais o regime regrediu, no campo da
gestão das finanças públicas e da concretização do Estado de direito
democrático a regressão enraizou-se e cresceu de tal forma que constitui já uma
séria ameaça aos fundamentos da República de Angola", rematou Samakuva, na
reação oficial do maior partido da oposição angolana ao discurso do dia
anterior.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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