Afropress
- Da Redação
S.
Paulo – Pouco mais de setenta e duas horas depois do violento ataque
de racistas e neonazistas, a Afropress voltou ao ar na manhã desta
terça-feira (14/10), graças a rápida mobilização da equipe de redação e do
pessoal de Tecnologia de Informação (TI), que tomou as providências técnicas
necessárias para o retorno.
Desde
sábado (11/10), além das providências junto às autoridades policiais, visando a
identificação e a punição dos criminosos, leitores no Brasil e em todo o mundo
manifestaram sua repulsa e solidariedade aos profissionais que há nove anos
mantém a Afropress no ar.
Em
Nota oficial, o Sindicato dos Jornalistas do Estado de S. Paulo condenou o
ataque racista e, na sua página na Internet, além da solidariedade aos
jornalistas, reproduziu o Comunicado “Não passarão!”, em que a direção do
veículo comunica a decisão de “após as providências junto às autoridades
policiais” e em respeito aos leitores de pedir ao provedor, a Locaweb, a
retirada da página do ar.
No
Comunicado, a redação de Afropress lembra que esta não foi a primeira
vez em que o veículo é "alvo desse tipo de violência”, e cobra das
autoridades a identificação e a punição severa dos responsáveis. “Nem um passo
atrás”, termina o Comunicado.
Na
tarde desta segunda-feira (13/10), o editor, jornalista Dojival Vieira, em
companhia da coordenadora da Redação, Dolores Medeiros, esteve reunido com o
Delegado Seccional Armando de Oliveira Costa Filho (foto), para fazer o
registro da Ocorrência e pedir a abertura da investigação por parte das autoridades
da Polícia de S. Paulo. O Boletim 07/2014, elaborado pelo delegado Marco
Antonio Bernardo, que participou da reunião registra os crimes de “invasão de
dispositivo informático”, "injúria", "prática de
discriminação" e "ameaças.”
Reunião
A
reunião foi antecedida na tarde e na noite de sábado por rápida intervenção por
parte dos promotores Eduardo Dias (foto 3), assessor especial do Secretário da
Segurança Pública de S. Paulo, Fernando Grella, e Christiano Jorge Santos (foto
2), do Núcleo de Combate à Discriminação do Ministério Público de S. Paulo.
O
editor de Afropress destacou a ação dos dois promotores e dos
delegados Costa Filho e Bernardo, que promoteram realizar todas as diligências
necessárias e agir junto à Delegacia de Investigações Criminais e à própria
Delegacia de Combate à Discriminação (DECRADI), visando a identificação dos
responsáveis pelos ataques.
Apesar
da legislação disponível, as autoridades reconhecem ser necessário a criação de
um Grupo Especial, com pessoal técnico para agir em casos desse tipo.
Solidariedade
Desde
sábado, leitores em todo o mundo, se manifestaram por correspondência, telefonemas
e pela rede social. O correspondente de Afropress em Londres,
Alberto Castro, desencadeou movimento de solidariedade, junto a jornalistas em
Portugal e países africanos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa
(CPLP). "Acabei de acessar a página da Afropress e dou com absurdos
completamente insanos: ''Estupre uma crianca negra e ajude o
mundo'',''Estupro infantil deveria ser legalizado, diz ministro do PT'';''Ajude
o mundo estuprando mulheres'';''Brasil segue exemplo do Japao e libera pornografia
infantil'';''Chutei um negro tao forte, peguei a negrice''. Imagino que se
trata de um reles e repugnante ataque racista a Afropress!!! Espero que esgote
todas as possibilidades na denuncia dessa insanidade e que leve o assunto até
as ultimas consequencias na identificação e severa punição dos autores na
justica!!! Estou chocado e revoltadissimo!!! Mais uma razao para a Afropress
continuar a ardua batalha contra qualquer tipo de preconceito e
intolerancia. Minha total solidariedade!", escreveu.
A Página
Global, portal de Lisboa, dirigida pelo jornalista Mário Mota, por meio de um
artigo sob o título “Racismo e Xenofobia”, também expressou sua solidariedade.
“Afropress, publicação brasileira a que habitualmente recorremos na compilação
dos seus artigos em abordagem ao racismo existente no Brasil e pelo mundo,
sofreu um ataque racista repugnante na sua página online – um exemplo é a
imagem que aqui publicamos e que será mais legível se clicar sobre ela. Os
racistas e neonazis viraram do avesso a publicação. É intolerável o
crescendo do racismo e da xenofobia que grassa no Brasil. Hediondo. Só assim
podemos considerar o que aconteceu ao Afropress e à pessoa do seu
diretor, Dojival Vieira, e dos que ali trabalham. A Justiça brasileira não tem
por que ficar inativa ou ser perdulária perante tal crime à humanidade sem que
com isso comprove a sua conivência com o racismo e o neonazismo, algo em que
não queremos acreditar", afirmou Mota.
No
Brasil
No
Brasil, os jornalistas Marcos Romão, Rosiane Rodrigues e a doutora em
Comunicação pela Unisinos, Leslie Chaves, cuja tese de doutorado é sobre a
Afropress – a primeira Agência online no Brasil, com produção de conteúdo
jornalístico – condenaram os ataques e manifestaram solidariedade:
"Lamentável os ataques sofridos pela Afropress! Foram publicados
absurdos no site que originalmente é utilizado para informar à população e dar
visibilidade às questões que dizem respeito à maioria da população brasileira! Algo
tem que ser feito urgentemente para punir os responsáveis por esta violência!”,
escreveu Chaves.
A
Ouvidoria Nacional da SEPPIR (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial, da Presidência da República), também se manifestou por
intermédio do Ouvidor Carlos Alberto Santos Jr., condenando o ataque.
Também
centenas de leitores, entre os quais, Marcos Benedito, liderança da Central
Única dos Trabalhadores, o fotógrafo Sandro Cajé, Maria Inês Villalva, Fátima
do Carmo, Júlio Tavares, Ilzver Mattos, Márcio Tadeu, Spírito Santo, Gabriel
Silveira, de Barcelona, e Natália de Santana, Revi, de Londres, manifestaram a
repulsa aos ataques.
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