Kátia
Catulo – jornal i
Serão
cerca de 400 professores que podem vir a trocar de escolas. O erro do
ministério sentiu-se ontem um pouco por todo o país
O
ano lectivo entrou na quarta semana e alguns milhares de alunos continuam sem
aulas a várias disciplinas. Há professores que ainda não foram colocados e
também algumas centenas de contratados que ontem já não foram à escola onde
estavam há três semanas, deixando as suas turmas.
Na
Escola Óscar Lopes, em Matosinhos, estão 16 professores por colocar e a câmara
municipal estima que no resto do concelho o número de alunos sem aulas
ultrapasse os 3 mil. Na Secundária Eça de Queiroz, Póvoa de Varzim, faltam dez
professores. Em Lisboa, a Escola Básica Francisco Arruda fechou as portas
durante todo o dia de ontem. São 23 os docentes que estão em falta e a direcção
decidiu mandar as crianças para casa, esperando que hoje já seja possível
retomar as actividades. No agrupamento Dr. Costa Matos, em Gaia, há sete professores
em licença de paternidade ou baixa médica que ainda não foram substituídos, uma
professora de espanhol que ainda não chegou e mais uma professora de História
do 3.o ciclo que, com a nova lista de colocados, deixou a sua turma para dar
aulas noutro agrupamento.
São
algumas das consequências do erro do Ministério da Educação e da anulação das
primeiras listas da bolsa de contratação. Na passada sexta-feira, a tutela
solicitou aos directores de escolas com contrato de autonomia e territórios
educativos de intervenção prioritária que revogassem as listas de candidatos e
anulassem quase 900 colocações que foram conhecidas a 13 de Setembro. Horas
depois chegaram as novas ordenações já com base numa outra fórmula matemática.
Nas
novas listas, segundo o ministério, "mais de metade" dos candidatos
mantiveram a colocação. Cerca de 250 professores contudo mudaram para outra
escola que tinham indicado ser da sua preferência e 150 ficaram sem lugar,
podendo vir a ser colocados em fases posteriores do concurso, segundo as
garantias do ministério. São portanto cerca de 400 docentes que, quase um mês
após as aulas começarem, vão trocar de turma e de escola. Isto sem contar com
os professores que tinham até à meia-noite de hoje para decidir se mudam ou se
ficam no mesmo estabelecimento de ensino.
A
Associação Nacional dos Professores Contratados admitiu, no domingo, que
"o caos nas escolas" se mantenha, ao longo da semana, lamentando que
ainda não tenha sido este ano que se assistiu "à normalidade no
arranque" do ano lectivo.
E
a Associação de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas pediu ontem à
tutela que esclareça se os directores agiram "com legitimidade" ao
anularem as colocações do concurso da bolsa de contratação. Isto porque
defendem que a decisão não é da sua competência e pode ter consequências
judiciais. "O parecer que solicitámos diz que não temos legitimidade para
revogar um acto administrativo que não é da nossa autoria", explicou ao i Filinto
Lima, adiantando que os directores pediram à tutela esclarecimentos com
carácter de urgência.
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