SOFIA RODRIGUES - Público,
ontem
Primeiro-ministro
encerrou jornadas parlamentares da maioria PSD/CDS.
Numa
intervenção sobre o Orçamento do Estado para 2015, Passos Coelho virou-se
contra os jornalistas e comentadores. “Preguiçosos” e “orgulhosos” foram as
palavras que usou para qualificar o que se ouve nas televisões e se lê nos
jornais, e que considerou ser “patético”.
O
momento mais inflamado do discurso – que encerrou as jornadas parlamentares da
maioria PSD/CDS – aconteceu quando o primeiro-ministro atacou comentadores,
depois de se ter referido a jornalistas também. “Todos os comentadores e jornalistas
podem olhar para os números e saber o que eles dizem”, afirmou, para logo
lamentar: “Pena que para neste exercício de coerência muitos sejam preguiçosos
e às vezes orgulhosos. Têm-se dito no debate público inverdades como punhos”.
Depois,
Passos Coelho, falando sempre num Orçamento coerente, sublinhou que a despesa
pública caiu, mas que isso não é reconhecido. “Pasme-se que imensa gente
escreveu e anunciou publicamente que não era assim. Estávamos como em 2011,
estamos na mesma. É oficial, se ouvirmos as televisões, lermos nos jornais, os
cortes não existiram, os sacrifícios e austeridade não existiram, os
portugueses estão equivocados, estamos como estávamos em 2011” , ironizou. “Chega a ser
patético verificar a dificuldade de gente que se diz independente tem de
assumir que errou, que foi preguiçosa, que não leu, que não estudou, não
comparou, que não se interessou, a não ser em causar uma boa impressão de dizer
‘Maria vai com as outras’, o que toda gente diz porque fica bem”, afirmou,
arrancando uma forte salva de palmas.
Sem
nunca se referir a nomes ou perfis dos comentadores, Passos Coelho desafiou a
que se retractassem. “Quando o Governo erra exige-se que peça desculpa – já
aconteceu – e dê a mão à palmatória. Mas, se nós podemos reconhecer os nossos
erros, porque é que aqueles que informam os portugueses e informam mal não
devem dar a mão à palmatória e pedir desculpa?”, questionou. Depois, o
primeiro-ministro exigiu ainda “rigor” na informação que é prestada aos
portugueses pelos partidos da oposição.
Perante
os deputados da maioria, Passos Coelho não se referiu à sobretaxa do IRS, mas
mostrou disponibilidade das bancadas para acolher propostas sobre o quociente
familiar. Na avaliação global do Orçamento do Estado para 2015, o
primeiro-ministro considera que se trata de um exercício de “coerência”. “Foi
sempre importante, preservar o interesse do país independente de qualquer
cálculo partidário. Não fizemos o que era mais prático, mais simpático e
popular, o país não nos perdoaria em vez de estarmos preocupados connosco
próprios”, afirmou. Lembrando que o Governo recuperou a “credibilidade do país”
e a “confiança dos agentes económicos”, Passos Coelho tranquilizou os deputados
quanto às legislativas: “podem ficar descansados, o julgamento só vai ocorrer
daqui a um ano e portanto temos muito que fazer”.
O
primeiro-ministro discursou sem a presença de Paulo Portas, ao contrário do que
é habitual nas jornadas conjuntas. O vice-primeiro-ministro interveio
logo de manhã, saiu e não regressou para o encerramento.
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