sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Portugal – PCP: SISTEMA DE SUPERVISÃO FINANCEIRA É UM “EMBUSTE”




O Partido Comunista Português (PCP) disse hoje poder concluir desde já, ao fim de seis audições da comissão de inquérito ao BES e Grupo Espírito Santo (GES), que o sistema de supervisão financeira é um "embuste".

"Na sua arquitetura e natureza, o sistema de supervisão financeira é um embuste que, no caso concreto, preferiu omitir da Assembleia da República e do país os problemas e fraudes realizados no sistema financeiro do que denunciá-los e impedi-los", acusou o deputado comunista Miguel Tiago em conferência de imprensa.

Falando no parlamento, o parlamentar, coordenador do PCP na comissão de inquérito, traçava um balanço das seis audições já conduzidas até ao momento, entre as quais se incluem a da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, a do presidente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Carlos Tavares, e a do governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa.

Para Miguel Tiago, as audições tidas atestam que há "elementos claros que reforçam as responsabilidades" de entidades como o BdP, a CMVM e o Governo.

O banco central, diz o comunista, teve uma "muito tardia intervenção", por exemplo, enquanto a CMVM "criou a ilusão", através do prospeto de aumento de capital do BES, que a informação era suficiente para compreender a "real situação" do banco.

O regulador é também criticado pelo PCP por não ter tido uma "atuação determinada" para impedir a transação de ações do BES após terem sido conhecidos os prejuízos do segundo trimestre de 2014, a 29 de julho.

O Instituto de Seguros de Portugal (ISP), cujo presidente, José Almaça, foi também já ouvido na comissão, é alvo de críticas por ter tido um "acompanhamento praticamente inexistente da utilização de uma companhia de seguros com uma fatia de mercado de 8% como garantia para uma provisão junto do BdP".

No que refere ao Governo atual e também a passados executivos, estes, advoga o PCP, são responsáveis pelo crescimento de um grupo económico que "só pela sua dimensão ameaça a estabilidade económica e financeira do país".

A comissão de inquérito arrancou na segunda-feira (dia 17 de novembro) e terá um prazo de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado, e tem por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades"

A 03 de agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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