Mário
Motta, Lisboa
Perante
as palavras de Ferro Rodrigues sobre as declarações de Passos Coelho que estão
inseridas no artigo da Lusa que se encontra imediatamente a seguir, sobre
Passos ter dito que foram os ricos que pagaram a crise e quem se tramou não
foram os mais pobres e os da classe média baixa (o mexilhão), média-média e até
a média-alta…
Todos
sabemos que Passos só diz bacoradas e está completamente distanciado da
realidade do país porque quer, porque é de seu estatuto social e lhe convém,
para além de ter a consciência e sensibilidade patriótica e social de um morto. Já nem dá
para dar importância ao que aquela avantesma que Portugal tem por
primeiro-ministro diz. E não dá para dar importância porque ele é um
prestidigitador das palavras, das frases, das narrações. É um mentiroso
compulsivo. Assim tem sido desde o seu primado na chefia do governo. Mentiroso
que só um PR da sua igualha, que não merece respeito nem consideração, tem
sustentado e vai sustentar até os portugueses nas urnas eleitorais correrem com
ele e seus correligionários – com muita pena de Cavaco.
Também
não é de estranhar que Ferro Rodrigues tenha falado no passado, como se a crise
já tivesse sido debelada e como se o presente seja mais fácil para o dito “mexilhão”.
Não é. E nem Ferro engana os portugueses que sentem atualmente muito mais a
crise que no ano passado devido a muito que se acumulou de dívidas pelos
orçamentos domésticos serem tão parcos e miseráveis. Há novos e velhos, assim
como crianças, atualmente muito mais debilitados que há um ano. Isto porque
ocorreu uma acumulação de falta de pagamentos de eletricidade, de gás, de água,
de rendas de casa, de compromissos adquiridos contando com o ordenado para
depois passarem a incumpridores devido ao desemprego e à negação de subsídio de
desemprego, etc. Para agravar, no capítulo da saúde, muitos medicamentos prescritos pelos médicos não foram comprados por falta de dinheiro. Ora a saúde
de muitos portugueses, por isso, agravou-se – há até os que morreram. Também a
má alimentação e muitas vezes a inexistência de refeições, a fome, vieram ao
longo destes anos debilitando mais os portugueses em geral, velhos e crianças
em particular… O rol de situações e causas é imenso.
Quando
Ferro Rodrigues diz que Passos “está enganado se acha que os mais pobres não
sofreram” por via das medidas tomadas pela avantesma que Portugal tem por primeiro-ministro,
fala no passado e não refere o presente, nem o futuro. Os mais pobres em
Portugal sofreram, sofrem e vão sofrer ainda mais. Estão a pagar a crise com
tudo que lhes resta e até com a própria vida. E vão continuar a pagar. Não são
mais 20 euros de aumento no salário mínimo que resolvem os problemas dos mais
pobres. Até porque a carestia de vida é superior à do ano passado ou anos
transatos. Essa de dizerem que não há inflação é só para aqueles que não contam
os tostões para comprarem alimentos e bens essenciais à vida, à saúde, ao
quotidiano das famílias. Certas exigências aumentaram, até nas habitações
sociais. Para se cumprir com determinadas disposições exigem documentos
fornecidos pelas Finanças que custam 60 euros e mais ainda no total. Exigem isso a
pessoas que não têm dinheiro para comprar comida. Ferro Rodrigues também está
longe da realidade. E Costa, na CML também está, ou então andam a decidir por
ele determinadas exigências no que se refere às habitações sociais, por
exemplo.
Se
este é o PS que vai governar por ser eleito em próximas eleições, os mais
pobres estão tramados. Continuam tramados. Legítimo será considerar que vem por
aí mais do mesmo. O que não será de admirar, porque o “arco da governação” tem
desgraçado os trabalhadores. Basta constatar o facto de que em Portugal o salário
mínimo é uma miséria comparativamente a países da Europa em que os preços da
alimentação e de muitos mais bens essenciais é semelhante aos preços portugueses…
Dito
isto vimos o PS que vem aí com Costa. Provavelmente, muito provavelmente, a
governar em aliança com o CDS. Paulo Portas já se está a pôr a jeito e sabe que
tal aliança agradará a muitos pseudosocialistas que dirigem e militam no PS.
Ferro
Rodrigues não pode ignorar que o PS sempre se aliou à direita e que está
novamente a concorrer para isso. Só que não tem coragem de o dizer. Mais valia deixarem o Seguro
continuar em vez de virem a fazer o mesmo de sempre. Prometer, enganar, em
campanha eleitoral, para depois não cumprirem ou fazerem como Passos o
prestidigatador de palavras, o mentiroso. Ser socialista é muito mais do que
aquilo que Costa ou Ferro Rodrigues e os seus estão a demonstrar neste “novo”
PS. Urge romper com estas políticas desumanas da direita (que até o PS no
passado tem secundado). O que é que o PS desta vez vai fazer? O mesmo de
sempre, governar para o grande capital deitando algumas migalhas aos mendigos
que aumentam de número e de ações de mendicidade no pais. Que futuro? Vão
aumentar em mais 100 euros as pensões mais baixas? Vão aumentar o RSI? Vão
baixar os preços da eletricidade, do gás, da água, das rendas de casa, dos
transportes, etc.? O que é que o PS vai fazer?
Mais
do mesmo. Para que os do tipo Espírito Santo, o Novo Banco, o Mota Engil, etc. façam as
suas avultadas doações para as campanhas do partido e mais o que for necessário.
Para além dos tachos guardados para ex-ministros e quejandos, é claro.
Leia-se
o senhor Ferro Rodrigues, em artigo a seguir, que está tantam ou muito distraído
e fala na crise e sacrifícios em tempo passado e não no presente com certeza a
continuar no futuro. Está visto que a crise veio para ficar e que quem se lixa é
o mexilhão. Até que um dia os trabalhadores portugueses decidam dar um coice
valente no regime e na situação abusiva e criminosa que também o Partido
Socialista contribui para manter.
O que é certo à mostra do passado e do presente é que os do "arco da governação" são todos da mesma laia. E isso tem de ter um fim.
Ferro
Rodrigues: Passos "está enganado" se acha que os mais pobres não
sofreram
O
líder parlamentar do PS, Ferro Rodrigues, afirmou hoje, em Tróia, que o
primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, "está muito enganado" se
pensa que os mais pobres não foram penalizados pela crise económica.
O
líder parlamentar do PS, Ferro Rodrigues, afirmou hoje, em Troia, que o
primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, "está muito enganado" se
pensa que os mais pobres não foram penalizados pela crise económica.
Segundo
Ferro Rodrigues, "o que as estatísticas mostram, infelizmente, é o
contrário, é que as pessoas mais pobres, aqueles que viviam do complemento
solidário de idosos, do rendimento social de inserção, foram extremamente
atacados, sobretudo as crianças e os jovens".
"Se
ele [primeiro-ministro] acha que essas pessoas não são consideradas o mexilhão
da história do mar, quando o mar bate na rocha, está muito enganado. Acho que
as pessoas (...) mais prejudicadas foram, além da classe média, essas pessoas
mais pobres", acrescentou.
Ferro
Rodrigues, que falava aos jornalistas durante o XIX Congresso da Juventude
Socialista (JS), a decorrer em Troia, concelho de Grândola, no distrito de
Setúbal, reagiu desta forma às declarações de Pedro Passos Coelho, na
sexta-feira, em Braga.
O
primeiro-ministro disse, no encerramento de um seminário sobre Economia Social,
que, ao contrário do que era o jargão popular, de que "quem se lixa é o
mexilhão, de que são sempre os mesmos [os mais pobres) a pagar a crise, desta
vez todos contribuíram e que contribuiu mais quem tinha mais".
Quanto
às declarações de Pedro Passos Coelho em Santarém, onde o primeiro-ministro
disse que "os donos do país estão a desaparecer", O líder parlamentar
socialista disse, com ironia, esperar que seja "uma boa previsão".
"Infelizmente,
quem se tem comportado como 'donos do país' tem sido esta maioria PSD e CDS,
Passos Coelho e Paulo Portas, e eu espero que seja uma boa previsão que ele
faz, de que o país se vai ver livre daqueles que têm mandado no país nos
últimos três anos. E, por consequência, espero que nas próximas eleições deixem
(PSD e CDS) de mandar no país", acrescentou Ferro Rodrigues.
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