terça-feira, 11 de junho de 2024

Democracia Pendurada na Forca -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Entre Lisboa e Gaza são 4.000 quilómetros. Entre Lisboa e Kiev 4.100 quilómetros. Da capital portuguesa a Kharkiv, linha da frente na guerra da Ucrânia, são 4.142 quilómetros. Os militaristas e fascistas portugueses dizem que a guerra na Ucrânia está à porta. Os russos querem conquistar toda a Europa. E a guerra na Palestina, ainda mais perto? Não existe! E têm razão. A Palestina não tem exército, marinha ou força aérea. O que existe é mesmo um genocídio que o governo português apoia. A coligação no poder (AD) apoia. A União Europeia apoia. Os EUA executam crianças palestinas por trás dos nazis de Telavive. 

O Comandante Fidel de Castro não era um Marx ou um Lenine mas tinha uma capacidade imbatível de crítica e análise dos fenómenos políticos e sociais. Quando a União Soviética se desmoronou e o bailarino movido a vodka Ieltsin chegou ao poder em Moscovo, o Herói da Revolução Cubana sentenciou: “A próxima guerra dos russos vai ser contra o fascismo mas nessa altura chamam-lhe democracia”. Acertou em cheio. Forças russas lutaram contra o fascismo na Chechénia, final dos anos 90, apenas dez anos depois da queda do Muro de Berlim. Depois na Geórgia (2008). Os fascistas acalmaram. Em 2014 os fascistas capitaneados pelos EUA fizeram um golpe de estado na Ucrânia, antiga república soviética.

A guerra da internacional fascista (disfarçada de democracia) contra os russos e a Federação Russa ganhou uma dimensão inaudita. Batalhões assumidamente nazis e herdeiros das SS hitlerianas, de cara descoberta, iniciaram no Leste da Ucrânia uma limpeza étnica. Assim classificada pela ONU. A Crimeia, joia da coroa de Catarina II, a Grande, lapidada pelo seu favorito Marechal de Campo Potemkin, regressou à Mãe Rússia. O sul da Ucrânia era um deserto. Potemkin instalou-se em Sebastopol e a partir do seu quartel-general povoou o imenso território. O deserto virou terra de leite e mel.

Relatório número 23 de 2021, do Tribunal de Contas da União Europeia sobre a Ucrânia: 

“A Ucrânia é afectada pela grande corrupção e pela captura do Estado há muitos anos. Na sua auditoria, o Tribunal avaliou se o apoio concedido pela UE às reformas na Ucrânia foi eficaz na luta contra a grande corrupção. Embora a UE tenha introduzido várias iniciativas para reduzir as oportunidades de corrupção, o Tribunal constatou que a grande corrupção continua a ser um problema fundamental na Ucrânia. O Tribunal formula várias recomendações para melhorar o apoio da UE, em especial no sentido de que devem ser concebidas e executadas acções específicas  para combater a grande corrupção (incluindo a estrutura oligárquica) e ajudar a eliminar os obstáculos a uma concorrência livre e leal”.

A democracia em Kiev hoje tem esta cara: “O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) descobriu um esquema de corrupção e de desvio de fundos do Estado que envolve o Ministério da Defesa, uma empresa nacional de armamento e uma empresa comercial estrangeira. Em causa está o desvio de 40 milhões de dólares destinados à compra de 100.000 morteiros para a guerra com a Rússia”. 

As armas nunca chegaram e o dinheiro evaporou-se. Isto aconteceu em Janeiro deste ano. O Tribunal de Contas Europeu tem toda a razão!

Este golpe foi em Janeiro deste ano. No final de Abril, há pouco mais de um mês, novo acto democrático, conhecido por um comunicado oficial do governo de Kiev: “O ministro da Agricultura, Mykola Solsky foi detido por integrar uma rede que adquiriu de forma ilegal 2.500 hectares de terrenos do Estado. Igualmente transferiu para privados lotes do Estado, destinados a construção, avaliados em cinco milhões de euros”. O senhor ministro pagou uma caução de dois milhões de euros ao Zelensky e está com a pança ao sol nas praias de Odessa. 

O último relatório (conhecido…) depois do início da guerra, publicado pelo Departamento de Estado (EUA) sobre a Ucrânia revela esta face simpática da democracia de Kiev: “O Departamento de Estado constactou actos graves de corrupção governamental e violência com base no género ou orientação sexual, antissemitismo e contra pessoas com deficiência ou de grupos étnicos minoritários, bem como a existência das piores formas de trabalho infantil. O Governo geralmente não tomou medidas adequadas para perseguir ou punir a maioria dos funcionários que cometeram abusos, resultando num clima de impunidade”.

A Ucrânia ocupa o 107º lugar no mundo, segundo o índice de percepção de corrupção. Abaixo só estão países que não rendem vassalagem ao estado terrorista mais perigoso do mundo ou não pagam à ONG que faz a lista. Portanto, Victor Orban, primeiro-ministro da Hungria tem razão. A Ucrânia é o país mais corrupto do mundo afinado à democracia deles. 

O sistema assenta na exploração de quem trabalha, corrupção (na sua energia máxima) e roubo que pode ir até ao latrocínio. Os seus mentores usam todos os truques e artimanhas para manterem a maquineta viva. Descobriram que a palavra democracia é excelente para enganar os incautos. O poder é exercido pelo povo! Nunca aconteceu mas os beneficiários da exploração, corrupção e roubo dominam os Media. Fizeram da televisão o maior embuste alguma vez criado pela Humanidade. 

Os crédulos vão votar sem saberem que o papelinho de voto está previamente marcado. Os eleitores não elegem ninguém. A criadagem do poder é previamente escolhida pelos donos. Quem não alinha é inimigo e corre risco de eliminação, sem dor ou pela força das armas. Por isso, nem Deus nem Estado. Muito menos Família. Os destruidores de África na Conferência de Berlim vão pagar pelos seus crimes. Espero que os meus netos estejam entre os vingadores. 

Os nazis de Telavive e os EUA, para resgatarem em Gaza quatro reféns, mataram 210 civis (90 por cento mulheres e crianças) e feriram 400. Uma carnificina. Joe Biden e Macron exultaram. A criadagem política do ocidente alargado festejou. Os israelitas fizeram uma festa de arromba, esquecendo que mais de 100 desgraçadas e desgraçados estão ainda reféns. A democracia deles não presta. Está podre. É venenosa. Está a destruir a Humanidade. Os soviéticos salvaram a Europa de Hitler. E agora os russos vão salvar-nos dos genocidas fascistas disfarçados de democratas. Assim espero. Mas sem muita esperança.

Liliana Cá, atleta portuguesa, ganhou uma medalha no Campeonato de Atletismo da Europa. Com o partido Chega não passava de Maria Lavadeira. Sem cidadania. Sem direitos. Porque é negra. Assim vai Portugal quase nos braços de Salazar. Mas as Lilianas vão vencer.

* Jornalista

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