Macau,
China, 28 jan (Lusa) -- Um relatório que alerta para restrições à liberdade de
imprensa em Macau é elogiado pela Associação de Jornalistas de Macau, que
representa maioritariamente profissionais chineses, mas visto como
"parcial e incompleto" pela Associação de Imprensa em Português e
Inglês.
O
sétimo relatório da organização Federação Internacional de Jornalistas (FIJ)
refere que "a liberdade de imprensa não melhorou" e que há "uma
tendência crescente para a autocensura" em Macau.
Intitulado
"China's Media War: Censorship, Corruption & Control", o
relatório apresentado na segunda-feira em Hong Kong afirma que "os jornalistas que se
desviaram da prática normal foram detidos pela polícia", em alusão à
detenção no ano passado do diretor e de um estagiário da publicação de sátira
política Macau Concealers.
O
documento acrescenta que "o governo de Macau continuou a usar a 'lei' para
barrar" a entrada no território de jornalistas, académicos, políticos e
ativistas pró-democratas.
Em
dezembro, por ocasião do 15.º aniversário da Região Administrativa Especial de
Macau, 14 ativistas pró-democracia e quatro jornalistas de Hong Kong foram hoje
impedidos de entrar no território.
No
final do ano, a deputada de Hong Kong e presidente do Partido Democrático,
Emily Lau, foi igualmente impedida de entrar em Macau, uma decisão que, segundo
a própria, as autoridades justificaram com motivos de segurança interna.
A
FIJ refere também ataques à liberdade académica, ao referir os casos de dois
professores -- Bill Chou e Éric Sautedé, antigos quadros da Universidade de
Macau e Universidade de São José -- que foram despedidos "depois de terem
exercido o direito de falar sobre políticas controversas".
Para
a Associação de Jornalistas de Macau, que não é membro da FIJ, o documento
reflete a realidade. "O relatório aponta quase todos os casos. Não ficámos
surpreendidos (com as conclusões). A censura em Macau está cada vez pior,
qualquer pessoa pode verificar isso", disse à agência Lusa a presidente,
Connie Peng.
"A
situação é mais grave do que as pessoas pensam", reforçou, ao explicar que
a associação está atualmente a lidar com novos casos de ataque à liberdade de
imprensa em Macau.
Connie
Peng observou que a censura em Macau "é exercida pelas chefias dos meios
de comunicação e também por parte do Governo" e invocou uma situação
verificada já este ano com um membro do novo governo, mas remeteu explicações
para mais tarde de modo a proteger o jornalista envolvido.
"Um
jornalista colocou uma questão sensível a um dirigente e assim que chegou à
redação foi chamado pelo superior que lhe perguntou 'porque é que fizeste
isso?', descreveu a presidente da Associação de Jornalistas de Macau, ao
denunciar que alguém do governo terá telefonado para o órgão de comunicação
social para se queixar.
A
Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) tem uma opinião
divergente sobre o documento. "Consideramos que o relatório agora tornado
público é parcial e incompleto, não tendo em conta a complexidade da
comunicação social em Macau", referiu em comunicado.
"A
direção da AIPIM espera que a Federação Internacional de Jornalistas possa ser
isenta, independente e imparcial nos relatórios que produz e que ouça todas as
partes antes de concluir o que quer que seja sobre a liberdade de imprensa em
Macau", sublinhou.
Na
base da contestação está o pedido de adesão à FIJ solicitado pela AIPIM em
2012, ao qual não foi dado seguimento. "Até este momento, a direção da
AIPIM não voltou a ser contactada pela Federação Internacional de Jornalistas
para qualquer efeito", acrescentou.
FV/
ISG // JMR
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