Díli,
23 jan (Lusa) - O BNU em Timor-Leste, sucursal da CGD, tem mais de 90% do
crédito malparado do sistema timorense, porque, contrariamente aos outros
bancos, não transforma estas operações em perdas, disse à Lusa o diretor geral
daquela entidade.
Em
declarações à agência Lusa, Fernando Torrão Alves explicou que aquela sucursal
da Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem optado por não transformar o crédito
malparado em perdas (operação designada na banca como 'write offs'), apesar de
pressões para que isso aconteça, de forma a melhorar as estatísticas do país.
"Se
todos os bancos fizessem isto, nas estatísticas internacionais Timor-Leste
tinha uma 'performance' excelente de cumprimento de crédito. E não,
potencialmente, um nível de incumprimento de todo o sistema de 50%", como
acontece, afirmou.
Além
do BNU, operam na banca o de Timor-Leste o timorense BNCTL, o indonésio Mandiri
e o australiano ANZ.
Atualmente,
o BNU acumula 39,3 milhões de dólares de crédito malparado, num universo total
de cerca de 90 milhões de dólares de carteira viva de crédito, explicou a
fonte.
Segundo
a mesma fonte, o grande peso desse crédito malparado está em operações
realizadas entre 2004 e 2007, com metade deste valor a ser dividido entre
microcrédito e crédito a particulares, enquanto o restante é de empresas.
Segundo
as fontes, concretizar com exatidão essa divisão de tipo de crédito é difícil,
porque até 2009, o BNU "chegou a conceder muito crédito classificado como
particular, mas que, na realidade,era para pequenos empresários, para pequenos
negócios".
Apesar
do crédito malparado, insistiu Manuel Torrão Alves, o BNU continua a ser a
entidade que mais crédito concede em Timor-Leste, tendo injetado na economia
nos últimos cinco anos créditos totais no valor de cerca de 600 milhões de
dólares.
Desde
2010, explicou, houve mudanças nos critérios de concessão de crédito e os dados
mostram que o financiamento ao retalho puro até 10 mil dólares - para onde
foram canalizados 10 milhões de dólares no ano passado - tem um nível de
incumprimento "muito bom", de menos de 2%.
Em
termos gerais, Torrão Alves explicou que a taxa de incumprimento nos créditos
concedidos pelo banco até 2010 foi de 50% e que nos créditos concedidos desde
essa data "está abaixo dos 3%".
Segundo
Torrão Alves, a sucursal do BNU em Timor-Leste tem uma autonomia de decisão
sobre crédito num valor máximo de 56 mil dólares para particulares e de 96 mil
dólares para empresas, tendo as restantes operações que ser reportadas a
Lisboa.
Considerando
que atualmente há "mais sensibilidade" da CGD para o contexto de
Timor-Leste, Torrão Alves admitiu que as coisas demoram mais tempo, mas que,
ainda assim, os dados demonstram que o BNU continua a ser o maior contribuidor
para a economia.
"Apesar
das todas as limitações, quem puxa pela carroça no crédito á economia somos
nós", declarou.
No
final de 2014, o BNU tinha uma carteira de crédito de 84 milhões de dólares,
quase metade de todo o sistema financeiro de Timor-Leste
ASP
// ARA
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