sábado, 17 de janeiro de 2015

Magistrados timorenses não trabalham para "apanhar" membros do Governo - ministro




Díli, 17 jan (Lusa) - O ministro da Justiça timorense considerou hoje, em entrevista à Lusa que os magistrados timorenses trabalham de forma "muito profissional" sem uma agenda de vingança pessoal e sem qualquer intenção de "apanhar" os membros do Governo.

"Tenho boas relações pessoais e formais com os membros da magistratura e creio que estão a agir de uma forma muito profissional. Não vejo qualquer vingança pessoal", afirmou Dionísio Babo.

"Nesse aspeto quero defende-los. Creio que estão a trabalhar de uma forma muito profissional. Isso não impede opiniões pessoais dos cidadãos. Cada um tem a sua interpretação sobre um ou outro caso. Mas não se pode generalizar como se toda a magistratura está ali com intenções de apanhar os membros do Governo", afirmou.

Babo falava à agência Lusa depois de uma reunião com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesa, José Cesário, que iniciou hoje uma visita de quatro dias a Timor-Leste, durante a qual se reunirá com vários membros do Governo e com o presidente da República.

"A cooperação com Portugal foi suspensa e temos que renovar, principalmente em termos de modificar algumas partes do protocolo entre os dois países", disse.

"Mas há uma vontade muito grande, mais forte do que antes, para continuar a cooperação nessa área", disse

Recorde-se que em outubro de 2014 o Governo timorense ordenou a expulsão, num prazo de 48 horas, de oito funcionários judiciais, sete portugueses e um cabo-verdiano, o que levou Portugal a suspender o protocolo de colaboração com o setor judicial timorense.

"Há outras formas de preencher as lacunas que existem. Além da cooperação via formal que vai ser novamente instituída há também outras formas de recrutamento a que podemos proceder para apoiar o setor da justiça em Timor", disse.

Babo insistiu que o novo modelo pretende "reforçar a timorização" para que, no futuro, a magistratura "seja toda timorense" ainda que continuando "a necessitar de assessores e mentores, principalmente de Portugal".

"Já temos 12 anos de idade e temos que ser independentes. Se já aprendemos com os nossos irmãos internacionais, se não formos independentes agora quando seremos? Temos que mudar os modelos da cooperação para dar mais soberania a esse órgão do Estado", disse.

O ministro respondeu também às críticas recentes do presidente do Tribunal de Recurso, Guilhermino da Silva, que acusou o Governo de cortes no orçamento dos tribunais a intenção do executivo de contratar especialistas para os tribunais era uma ingerência na Justiça.

Admitindo ter ficado "assustado" com as declarações do magistrado - que considerou esse corte orçamental um "assalto" à independência dos tribunais - Babo disse que as relações com a magistratura "correm de forma normal".

Acho que isso não é um grande problema. Estamos a explicar isso e espero que nos possamos reunir nas próximas semanas para poder arrefecer a tensão", disse.

"Não há nenhuma intenção de cortar ou reduzir o orçamento da parte dos tribunais ou do ministério publico ou defensoria pública", garantiu.

O ministro explicou que a redução do orçamento dos tribunais, como de outras instituições, se devem a "regras orçamentais que têm de ser cumpridas" e que as verbas foram integradas no Fundo de Desenvolvimento de Capital Humano.

"E por isso não vejo nada de qualquer intenção de fazer um assalto à independência judiciária como foi acusado", afirmou.

ASP // CC

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