segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

“PORTUGAL DEVIA ESTAR A PREPARAR A SAÍDA DO EURO” – Miguel Tiago




Miguel Tiago falou em entrevista ao Público, sobre o BES, a situação da Grécia e o futuro de Portugal. O deputado do PCP crê que é possível que o rumo do país seja diferente.

Em entrevista ao jornal Público, Miguel Tiago, coordenador dos deputados comunistas na comissão parlamentar de inquérito ao BES e ao Grupo Espírito Santo, considera que o trabalho tem sido “bastante útil”, tem criado linhas de “consenso” entre todos os partidos, no sentido de dificultar que um banco construa um império não financeiro à sua volta.

A comissão tem mostrado, acrescenta, “a forma como as suas práticas passavam completamente despercebidas” e a “relação estabelecida há várias décadas entre o grupo e o poder político e entre o grupo e outros setores do poder económico”. O deputado do PCP abordou o tema do monopólio, explicando que “havia uma relação entre o GES e outros grupos económicos, que era de absorção de recursos, extração de mais-valias. Isso tornava o GES um grupo claramente monopolista no tecido económico português”.

Miguel Tiago crê que é evidente o facto de ter havido “má gestão” mas a “questão é saber como é que num sistema que se diz tão regulado, tão supervisionado, tão regulamentado, isto acontece”. O coordenador dos deputados comunistas na comissão parlamentar frisa que “o Ministério das Finanças é o garante da estabilidade financeira, o Banco de Portugal é o supervisor do setor, a CMVM fiscaliza e regula o mercado de capitais. Estas entidades como que dão um carimbo, inclusivamente a União Europeia, a dizer: ‘É seguro porem ali o vosso dinheiro’”. Aqui “não é só má gestão” já que nos outros setores os “próprios assumem as perdas, num banco, as perdas são o dinheiro dos depositantes”.

O deputado do PCP aborda também nesta entrevista ao jornal Público a situação da Grécia, acreditando que “é no seu território que os povos têm de colocar entraves à construção do projeto europeu”. A nível pessoal Miguel Tiago observa a posição grega com “a alegria de ver que há um povo que rejeitou o círculo PS/PSD. Isso, em si, é um fator de esperança”.

“Enquanto comunista, esta União Europeia e aquele programa não são conciliáveis”, defende em relação às ideias apresentadas pelos gregos no Eurogrupo, desta forma, “ou a Grécia altera o seu programa e se conforma, ou a União teira de se conformar com a Grécia, oque não me parece viável”. O deputado comunista mostra-se cético e acredita que “a única forma para isso acontecer seria a Grécia sair do euro, o que pode ser catastrófico”.

Em relação a este assunto, Miguel Tiago foca depois o seu ponto de vista a nível nacional e crê que “Portugal devia estar a preparar há muito tempo, a saída ordenada do euro tendo em conta a drenagem de recursos nacionais e a estagnação económica que a união monetária representou. Não deve ser uma saída por expulsão, nem por impulso.”

Miguel Tiago termina dizendo que “a saída do euro não é, para os comunistas, um sinal de vitória. Pode é ser um instrumento, e teria de ser negociada. Assim o povo português não pode sentir-se limitado perante escolhas futuras”.

Notícias ao Minuto

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