O
VI Governo Constitucional de Timor-Leste, liderado por Rui Maria Araújo e
comandado por Xanana Gusmão,formado por 38 elementos, toma posse segunda-feira
numa cerimónia presidida pelo chefe de Estado, Taur Matan Ruak no Palácio de
Lahane, nos arredores de Díli.
Com
quatro ministros de Estado, três dos quais acumulam funções adicionais, o
Governo conta com Xanana Gusmão que deixa o cargo de primeiro-ministro para
assumir o de ministro do Planeamento e Investimento Estratégico, uma pasta
crucial nos próximos anos.
Encarregue
de comandar os destinos de Timor-Leste até às eleições de 2017 o Governo assume
funções com uma ampla agenda de prioridades e preocupações sobre temas como a
sobredimensão da função pública, a corrupção e o impacto da queda do preço do
petróleo.
Na
sua primeira entrevista depois de ser indigitado para o cargo, na semana
passada, Rui Araújo disse à agência Lusa que o novo Governo marca “o início de
uma operação de resgate do futuro que, até aqui tem vivido refém do passado”,
marcando uma mudança geracional.
“No
sentido de que é preciso pensar para a frente, é preciso respeitar a história
do passado, mas é preciso trabalhar para construir o futuro”, afirmou.
“É
uma iniciativa que dá o começo a uma transição da qual, nos próximos anos vamos
começar a ver os resultados”, disse.
Sobre
o seu programa de Governo, Rui Araújo considera que “tudo é prioridade” na
complexa agenda de Timor-Leste, mas que é necessário realismo, já que o tempo
até ao final da legislatura, apenas dois anos e meio, é pouco.
“A
prioridade não deve ser diferente daquilo que foi traçado pelo V Governo. Terá
que ser desenvolvida no âmbito do Plano Estratégico Nacional”, disse.
“Mas
o foco da governação vai ter que se centrar na melhoria da prestação de
serviços e da qualidade das obras, em curso e que vão ser feitas”, afirmou.
Uma
das incógnitas é perceber até que ponto é que Xanana Gusmão, que outrora era
timoneiro, se manterá agora apenas como ministro, deixando a Rui Araújo o
comando real e efectivo do Governo.
Rui
Araújo é o homem das finanças públicas – pelo menos do seu conhecimento
técnico, como o próprio Xanana Gusmão explicou na carta em que justificou aos
partidos a escolha do seu sucessor -, mas o ainda primeiro-ministro
demissionário é o homem forte da política.
O
próprio elenco governativo é demonstrativo da mestria com que Xanana Gusmão
conduziu as negociações para o que Rui Araújo definiu hoje como “um governo de
unidade nacional”. Sem que formalmente o seja. Mestria de alguém que na
guerrilha foi político e que na política é guerrilheiro.
Na
prática conseguiu manter no seio do executivo membros de todos os partidos com
representação parlamentar – o Orçamento de Estado já era aprovado há três anos
com consenso – incluindo da que era, até aqui, a oposição da Fretilin.
A
direcção do partido insiste que esta configuração não marca a entrada da
Fretilin, que os convites aos elementos do partido que estão no Governo são
individuais mas, para o exterior, é difícil conseguir que essa mensagem seja
aceite por todos.
Até
porque além do primeiro-ministro estão da Fretilin no Governo outros nomes
sonantes. Estanislau da Silva acumula o cargo de ministro de Estado Coordenador
dos Assuntos Económicos com o de ministro da Agricultura e Pescas, Hernâni
Coelho assume o comando no Ministério dos Negócios Estrangeiros (onde substitui
José Luís Guterres, que é líder da Frente Mudança, um dos três partidos que
estava na coligação do Governo anterior) e Inácio Moreira, deputado, vai ocupar
o cargo de vice-ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações.
No
topo do VI Governo estão também o presidente do Partido Democrático (PD),
Fernando La Sama
de Araújo e Dionísio Babo, o secretário-geral do CNRT, partido que é presidido
por Xanana Gusmão.
Folha
8 Diário (ao)
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