Além
de ser um atentado político à soberania do país, a apresentação cação do novo
Estatuto de Cargos Políticos não deixa de ser uma atitude de insensibilidade
humana desses corruptos Deputados Nacionais.
Carlos Fortes Lopes, M.A. - A Semana (cv), opinião
Perante
a situação delicada e preocupante (era o que pensava-mos) que o país atravessa
e mesmo com a manifestada discordância popular, esses senhores e senhoras com
assento no parlamento nacional não tiveram nenhuma gota de escrúpulo ao votarem
em unanimidade, no aumento dos seus salários, benesses e mordomias politicas.
Mesmo
depois de os sindicatos nacionais-UNTC-CS e outros - terem pronunciado as suas
discordâncias sobre essa proposta de lei e os demais segmentos da sociedade
terem manifestado o seu descontentamento sobre o conteúdo dessa proposta de
lei, mesmo não tendo sido consultados, esses políticos da meia tigela não
puderam conter e, arrogantemente aprovaram essa histórica nova lei, para
aumentar as suas mordomias pessoais e dos restantes da elite deste pobre país
que ainda vive das esmolas dos países amigos e da nossa diáspora.
Muito
recentemente, o povo trabalhador destas ilhas havia sido apresentado com um
forçado aumento do IVA, com a justificação da fraca capacidade financeira do
Estado em responder às necessárias resoluções para a reconstrução da Chã das
Caldeiras, na ilha do Fogo, resultantes dos devastadores estragos causados pela
erupção vulcânica ocorrida em 23 de Novembro do ano passado.
Antes
disso, o governo já havia rejeitado aumentos salariais aos sacrificados
professores, polícias, profissionais da Saúde e outros, com as mesmas
descaradas justificações de falta de meios financeiros.
Aliás,
o Primeiro Ministro continua insistindo que o país não está nas condições de
aumentar salários a ninguém.
O
que nos leva a perguntar: Aonde foram os Deputados arranjar mais de 200 mil
contos, a sair do Orçamento Geral do Estado (OGE), para executarem esta
agressão política aos vulneráveis cofres do Estado de Cabo Verde?
Com
este magistral aumento de cerca de 64% do actual salário dos titulares de
cargos políticos o que farão os países que continuam exigindo contenção aos
seus contribuintes para poderem ter como apoiar países de fraco rendimento como
nos? Até onde pretendemos chegar? Que raio de futuro estamos a preparar para os
nossos filhos e netos?
São
essas as perguntas, por agora, esperando que o presidente rejeite essa lei e ao
regressar ao parlamento, os Deputados estejam consciencializados de que o povo
de Cabo Verde já começou acordar do sono imposto pelas manobras partidárias e
que se isso continuar, correremos o risco de ter que enfrentar uma crise social
sem precedentes no país.
Enquanto
os líderes parlamentares procuravam as suas descaradas e incoerentes desculpas
e ou justificações pelas suas desgraças, os jovens reuniam para responder com a
única arma disponível de momento.
Da
boca do líder do PAICV, Filisberto Vieira ouvia-se o seguinte: "Agimos em
nome da Democracia e da Transparência. Criamos um quadro para a nova
geração".
Enquanto
o líder parlamentar do MPD, Fernando Elisio Freire dizia que: "É um
momento extraordinário para a Democracia cabo verdeana. Estamos a legislar pela
transparência".
Para
o líder parlamentar da UCID, Antonio Monteiro terminar as justificações dizendo
que: "O estatuto trás a transparência, para que qualquer cidadão consulte
e saiba a quantas andam os Deputados".
Analisando
as palavras desses líderes parlamentares concluímos de que estão em total
contradição com o que temos vindo a ouvir do Executivo.
Estes
últimos, já por alguns longos anos, tem vindo a proclamar as incapacidades
financeiras do Estado em dar respostas às inúmeras reivindicações da classe
trabalhadora da função pública, especificamente dos professores, policiais,
pessoal das alfândegas e portuários, além dos agricultores que reclamam, com
todo o direito, ajudas para colmatarem as brechas deixadas pelo mau ano
agrícola.
Enquanto
isso tudo, temos uma sociedade extremamente fragilizada e sem poder de compra,
para estimular a economia e criar mais postos de emprego. E quando aparecem
algumas poucas vagas, elas são mal remuneradas, existindo casos concretos de
exploração laboral, até pelo próprio Estado que continua a não pagar o legal
salário mínimo a alguns dos seus funcionários.
A
outra maioria desempregada e constituída por jovens formados que continuam
deambulando pelas ruas das cidades, vilas e aldeias, sem perspectivas futuras e
muitas das vezes enveredando pela prática de ilegalidades, para a sua própria
sobrevivência humana.
Contudo,
apesar de todas essas incompetências governamentais, este governo, acabou de
anunciar de que estará a financiar o governo da Guiné Bissau na implementação
da sua função pública.
Um
acto de louvar, caso o país seja ainda possuidora das necessárias condições
financeiras, logísticas e técnicas, desde que exista um acordo com um outro
país desenvolvido que acabará por recompensar Cabo Verde por esse acto de
caridade estratégica.
A
Voz do Povo Sofredor
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