Cavaco
Silva sacou do seu contentor de hipocrisia o chavão do regresso dos jovens que
têm emigrado para superar a miséria e fome que ele próprio também tem fomentado
em Portugal. Foi
mais além e encomendou um estudo que “revela expectativas baixas da juventude
em relação ao futuro próximo no país”. Como se ele não o soubesse, não
estivesse nos poderes políticos há cerca de 20 anos a semear esta situação de
penúria a que chegámos. Tanta hipocrisia num presidente da República causa
fartum que só com vómito se atenua. Cavaco é assim. Ou está mudo e quedo a
manobrar nos bastidores segundo as suas vontades ressabiadas em prol dos mais
ricos, vigaristas e vampiros do país e das populações ou opta por surgir à luz
do dia desastrosamente e a demonstrar que é um dos causadores da miséria que na
atualidade assentou estrondosamente arraiais em Portugal e assim se perspetiva prosseguir
enquanto gente como os de sua laia continuarem a ocupar os poderes que nos
conduziram com toda a crueza à negritude do presente e do futuro de Portugal e
dos portugueses que teimarem em por cá ficar.
Portugal
sem um futuro capaz é a visão que os jovens vislumbram com toda a pertinência. Fome,
miséria, exploração. Os ricos cada vez mais ricos… A não ser que isto um dia dê
uma volta de 180 graus e se recupere o que Cavaco e os partidos do Arco da
Governação destruíram: as conquistas de Abril, a democracia, a liberdade, a
justiça.
Num
trabalho apresentado no jornal Público a jornalista Maria João Lopes mostra os
resultados do estudo cavaquiano e outras considerações. As desesperanças dos
jovens são evidentes. Afinal não andam longe das desesperanças da maioria dos
portugueses. O que não se compreende se tomarmos em consideração as sondagens
publicadas com vista às próximas eleições legislativas. Em que persiste o domínio
da associação criminosa conhecida por Arco da Governação. Assim continuaremos a
ir para o fundo do poço da desgraça. Dita a experiência de quase 40 anos.
Sadomasoquismo no seu exponencial vigor por parte dos eleitores, dos
portugueses. Não precisam de continuar a sentir saudades de Salazar. Afinal já
estão vários desse jaez em Belém, no governo e até na Assembleia da República
se instalaram bastantes com toda a bagagem revanchista.
Redação
PG
70%
dos jovens entre os 15 e os 24 anos admite ir trabalhar para o estrangeiro
MARIA JOÃO LOPES - Público
Estudo
encomendado pela Presidência da República revela expectativas baixas da
juventude em relação ao futuro próximo no país. Ao contrário do apelo de
Cavaco, maioria dos jovens está disponível para emigrar e desinteressada da
política.
O
estudo apresentado nesta sexta-feira na Fundação Champalimaud, em Lisboa, dá
pouca esperança às preocupações que o Presidente da República expressou, na
abertura da IV Conferência Internacional Portugal e os Jovens, Novos Rumos,
Outra Esperança.
Cavaco
Silva quer os jovens regressem ao país e está apreensivo com o afastamento que
mostram em relação à política. O que os números evidenciam é que a maioria dos
jovens não se interessa “nada” por política e está aberta, de alguma forma, à
possibilidade de trabalhar no estrangeiro.
O
estudo foi encomendado pela Presidência da República, chama-seEmprego,
Mobilidade, Política e Lazer: situações e atitudes dos jovens portugueses numa
perspectiva comparada, e é de Mariana Costa Lobo, Vítor Sérgio Ferreira e
Jussara Rowland (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa).
Nele
pode ler-se, entre muitos outros aspectos, que “a proporção de indivíduos que
declaram considerar a hipótese de vir a trabalhar no estrangeiro no futuro é
maior entre os jovens e jovens adultos do que nos restantes grupos etários”:
“Se tivermos em conta os jovens que consideram a ideia de vir a trabalhar no
estrangeiro e os que, apesar de não considerarem a ideia, não a excluem, pode
concluir-se que cerca de 70% dos jovens entre 15 e 24 anos estão de alguma
forma abertos à hipótese de vir a ter uma experiência laboral fora de
Portugal.”
O
número inclui aqueles que respondem “sim” à “hipótese de vir a trabalhar no
estrangeiro em algum momento no futuro” (53,1%) e aqueles que não excluem essa
hipótese – 16,1% não sabe.
São
os jovens filhos de pais mais escolarizados e os que já frequentaram uma
universidade num país da União Europeia os que mais declaram estar abertos à
hipótese de trabalhar no estrangeiro.
As
razões que levariam os jovens a ter uma experiência laboral no estrangeiro são
sobretudo melhores oportunidades de emprego e de condições de trabalho. “Os
jovens dos 15 aos 24 anos, na sua maioria ainda em fase de formação,
distinguem-se por serem o grupo etário que mais aponta motivações relacionadas
com o seu desenvolvimento pessoal, nomeadamente a nível da aquisição de novas
competências, na acumulação de novas experiências e ampliação das suas redes de
solidariedade”, lê-se.
Férias,
desemprego e democracia
Os dados também permitem perceber que os jovens portugueses estão mais insatisfeitos agora com a democracia do que 2007 – em 2015, 17,3% considera que a democracia funciona “bem”; em 2007 a percentagem era 33,8. Além disso, em 2015, 57,3% dos jovens entre os 15 e os 24 não se interessa “nada” por política – em 2007, a percentagem ficava-se pelos 23,5.
Os
jovens estão pouco esperançados em relação ao futuro próximo em Portugal. Confrontados
com a frase “daqui a dois anos, a crise terá terminado e a situação do emprego
em Portugal será melhor do que hoje”, a maioria discordou – 60,8% entre os 15 e
os 24 e 66,5% entre os 25 e os 34.
Destaca-se
ainda que “uma parte considerável” dos jovens nunca viajou de férias para o
estrangeiro (60,6% entre os 15 e 24 anos e 53,3% dos jovens entre 25 e 34).
Segundo
o estudo, a proporção de jovens sem trabalho há mais de um ano é “muito
significativa”. Entre os inquiridos, dos 15 aos 24 anos, 38,2% estão sem
emprego há mais de um ano; entre os 25 e os 34 anos a percentagem chega aos
52,8%.
O
estudo ressalva, no entanto, que o desemprego de longa duração tem valores
“inexpressivos” nos jovens com formação superior. E que estabilidade e
segurança são os factores mais valorizados no que toca ao trabalho, com
percentagens a ultrapassarem os 80% em todas as idades. O inquérito foi
realizado entre 6 e 17 de Março e o universo incluiu indivíduos com 15 anos e
mais. A amostra total incluiu 1612 entrevistas.
Apesar
de aos jornalistas se ter escusado a comentar questões da actualidade política,
o economista e coordenador do cenário macroeconómico do PS, Mário Centeno,
considerou, na sua intervenção, que “é a formação que permite aos jovens
ultrapassarem os desafios no mercado de trabalho”.
Defendeu
que é necessário “valorizar o retorno aos investimentos em educação no contexto
nacional, eliminando os meandros da excessiva segmentação contratual”;
“garantir às famílias as condições de financiamento do ensino, aliviando as
suas restrições de liquidez”; e “estimular o emprego, aumentando as
contratações”.
Já
a presidente da Fundação Champalimaud, Leonor Beleza, afirmou que Portugal tem
as condições para ser “um dos mais atractivos” países para os jovens,
ressalvando que é necessário saber como os atrair.
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