Luís Gonçalves da
Silva – Jornal i, opinião
Estes
criminosos de farda são pagos com o nosso dinheiro
As
recentes imagens do subcomissário Filipe Silva a agredir selvaticamente um pai
e um avô à frente do filho e neto, menor de cerca de dez anos, indignou o país;
indignado fiquei também quando vejo agentes da PSP a agredir, como gorilas
tresloucados, tudo o que mexia no Marquês de Pombal ou a insultar cidadãos, com
o bastão entre as pernas, de modo a reforçar os palavrões que proferiam.
Mas
este é o mesmo país que, a coberto da aparente liberdade de manifestação,
tolera a violência de agentes de autoridade nas escadarias da Assembleia da
República; é também o mesmo país que, por exemplo, vai convivendo com o mercado
negro em que se tornou o segredo de justiça.
O
problema é mais fundo: há marginais que exercem funções públicas e alguns usam
farda e enquanto não formos exemplarmente exigentes com todos eles esta
degradação, que se tem vindo paulatinamente a instalar na nossa sociedade, não
parará de aumentar.
Veja-se,
aliás, que o já famoso subcomissário continua em funções, aguardando-se,
sabe-se lá o quê, para ser suspenso; eventualmente, e depois de tentar
justificar o injustificável, que sove mais alguém, de preferência sem nenhuma câmara
por perto.
Estes
criminosos de farda são pagos com o nosso dinheiro e são pagos para nos
defender de marginais, mas pelos vistos não há quem nos defenda dos marginais
de farda.
Apesar
de tudo, fica a certeza de que ainda estamos perante uma minoria e muitos serão
como o profissional que protegeu a criança dos horrores de que o seu pai estava
a ser vítima.
Professor
da Faculdade de Direito de Lisboa - Escreve à quarta-feira
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