terça-feira, 16 de junho de 2015

Proibição total de fumo nos casinos com impacto negativo na economia de Macau -- estudo



Macau, China, 16 jun (Lusa) -- As seis operadoras de jogo de Macau advertiram hoje, apoiando-se num estudo conjunto realizado junto de trabalhadores e clientes, que o fim das salas de fumo nos casinos pode ter um impacto negativo na economia.

Em comunicado, indicam que os resultados iniciais do estudo, encomendado a uma empresa internacional -- não identificada -- mostram que dois terços (66%) dos cerca de 34 mil funcionários das seis operadoras inquiridos, dos quais 81% dos casinos e os restantes do universo não-jogo, incluindo fumadores e não fumadores, apoiam a manutenção e desenvolvimento de salas de fumo nos casinos.

Em paralelo, 47% dos clientes VIP e 31% dos do segmento de massas -- de uma amostra total não especificada, -- estão preocupados com o impacto prejudicial no emprego e na economia de Macau em geral.

"O estudo independente demonstra claramente que os [jogadores] VIP irão reduzir as visitas a Macau em 17% e diminuir o tempo de estadia em 24%", refere a nota conjunta da Galaxy, Melco Crown, MGM, Sociedade de Jogos de Macau (SJM), Venetian e Wynn.

Além disso, perante uma eventual proibição total do fumo, 32% afirmaram que irão viajar para destinos alternativos de jogo.

Apesar de manifestarem apoio ao Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo, considerando a saúde e o bem-estar de funcionários e clientes de "extrema importância", as operadoras afirmam que "estão unidas na sua posição de que as salas de fumo devem ser mantidas e que devem ser cuidadosamente avaliadas todas as implicações que podem decorrer da aplicação da proposta de lei".

A Lei da Prevenção e Controlo do Tabagismo tem vindo a ser aplicada de forma gradual. O regime entrou em vigor a 01 de janeiro de 2012, visando a generalidade dos espaços públicos, prevendo disposições diferentes ou períodos transitórios para outros casos.

Os casinos passaram a ser abrangidos a 01 de janeiro de 2013, mas apenas parcialmente, já que as seis operadoras de jogo foram autorizadas a criar zonas específicas para fumadores, que não podiam ser superiores a 50% do total da área destinada ao público.

A 06 de outubro de 2014, "as zonas para fumadores" foram, porém, substituídas por salas de fumo fechadas, com sistema de pressão negativa e de ventilação independente, passando a ser proibido fumar nas zonas de jogo de massas dos casinos e permitido apenas em algumas áreas das zonas de jogo VIP.

"Todas as partes interessadas reconhecem que há um forte apoio à manutenção de salas de fumo" e que "uma proibição total teria impacto negativo na economia em geral de Macau", uma vez que o jogo é a principal indústria do território.

"Macau está a enfrentar contrários ventos fortes e introduzir restrições adicionais, que podem prejudicar ainda mais a sua economia, devem ser avaliadas com cuidado", lê-se no comunicado.

O executivo de Macau tornou clara, no início do ano, a intenção de aplicar uma política de "tolerância zero" ao fumo e, no final de janeiro, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, reiterou que na primeira metade do ano seria apresentada uma proposta de revisão da lei do tabaco com vista a esse objetivo.

Alexis Tam falava então durante a apresentação do relatório sobre o "Regime de Prevenção e controlo do tabagismo 2012-2014", fruto de um inquérito em que se concluiu que mais de 70% da população concorda com a proibição total de fumo nos casinos e que 80% dos trabalhadores do setor do jogo também apoiam a medida.

Hoje, à partida para Pequim, o chefe do Governo, Fernando Chui Sai On, recordou que os Serviços de Saúde elaboraram um relatório de acompanhamento e avaliação do Regime, em que se propõe a proibição total de fumo em todos os recintos fechados destinados ao público, e que estão em curso os trabalhos de revisão da lei, prevendo-se a entrega de um diploma para apreciação da Assembleia Legislativa ainda este mês.

DM (FV) // VM

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