O
programa eleitoral é um importante instrumento de esclarecimento
O
PCP apresentou, anteontem, num hotel de Lisboa, o seu Programa Eleitoral às
eleições legislativas de Outubro. Na sua intervenção, que reproduzimos na
íntegra nestas páginas, Jerónimo de Sousa sublinhou que o programa propõe a
«ruptura com as receitas e caminhos que afundaram o País» e aponta a um
«horizonte de progresso e desenvolvimento». Com ele, os comunistas têm um
importante instrumento de intervenção, esclarecimento e mobilização dos
trabalhadores e do povo.
Progresso
e desenvolvimento, dignidade e soberania nacionais, resistência e luta. Estas
foram algumas das palavras-chave da intervenção do Secretário-geral do Partido
na apresentação do Programa Eleitoral, e correspondem acima de tudo a linhas
essenciais e marcantes da proposta política do PCP, consubstanciada no programa
«Política Patriótica e de Esquerda – Soluções para um Portugal com Futuro».
Perante
uma sala repleta e uma plateia atenta e participativa, Jerónimo de Sousa
reafirmou ser precisamente «no caminho da resistência e da afirmação da
soberania, e não no da vassalagem aos centros do capital transnacional, que se
defendem os interesses e direitos do povo português e do País». É este o caminho
que o PCP aponta no seu Programa Eleitoral.
As
três questões essenciais identificadas pelo Partido são demonstrativas da
natureza antimonopolista da sua proposta: a renegociação da dívida, a
recuperação pelo Estado do comando político da economia e uma mais justa
política fiscal. Se a primeira representa uma «condição de desenvolvimento» e
deverá ser articulada com o estudo e preparação do País para se libertar do
euro, já a segunda implica a «retoma, por via da nacionalização, negociação
adequada ou outros instrumentos, de empresas e sectores estratégicos, a começar
pela banca».
A
terceira questão resumiu-a Jerónimo de Sousa ao defender uma «política fiscal
que inverta a transferência de rendimento do trabalho para o capital e
desagrave as desigualdades». Se há «impostos a mais» sobre as camadas
trabalhadoras e populares, há a menos, «e bem a menos, sobre o grande capital,
os seus lucros e dividendos».
Sem
ruptura não há solução
Após
traçar as linhas gerais do Programa Eleitoral do PCP, Jerónimo de Sousa
respondeu às perguntas dos jornalistas presentes, que incidiram sobretudo sobre
a situação na Grécia e eventuais entendimentos com o PS. Quanto à primeira
questão, o dirigente do Partido valorizou a corajosa resposta do povo grego,
que se levantou contra a chantagem e a ingerência da União Europeia e do FMI. A
situação na Grécia, acrescentou, dá razão ao PCP quando defende a necessidade
de preparar e estudar a saída do euro: «Sem o caminho de ruptura não há solução
duradoura para os problemas do País.»
Sobre
os eventuais acordos com o PS, Jerónimo de Sousa lembrou que o PCP não tem
qualquer problema à partida com acordos, compromissos e negociações. A questão,
precisou, é sempre a mesma: saber que política emanaria desses acordos. «Para
continuar a política de direita, não contem com o PCP», reafirmou.
A
abrir a sessão, Fernanda Mateus, da Comissão Política, destacou o processo de
construção do Programa Eleitoral, ligado à vida e aos problemas e aspirações
dos trabalhadores e do povo. Francisco Bartolomeu encantou os presentes com a
sua interpretação, ao piano, de canções como «Venham mais cinco», de José
Afonso; «Valsinha», de Chico Buarque; «E depois do Adeus», de Paulo de Carvalho»;
ou «Lisboa Menina e Moça», de Carlos do Carmo.
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