A
Rádio Difusão Nacional (RDN) da Guiné-Bissau deixou hoje de transmitir em
direto os debates no Parlamento, facto classificado como "uma situação
grave" pelo presidente do Parlamento da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá.
Técnicos
da estação desmontaram equipamento, disse à agência Lusa o secretário-geral da
Assembleia Nacional Popular (ANP), José Carlos Fonseca.
De
acordo com aquele responsável, um repórter da RDN transmitiu-lhe que tinha
ordem para não transmitir o debate em direto, ao contrário do que tem sido
hábito e do que prevê o regimento do órgão.
A
situação aconteceu no dia em que os deputados estão reunidos de emergência para
debater a situação política do país e em que o novo primeiro-ministro da
Guiné-Bissau, Baciro Djá, nomeou novos diretores para a RDN e para a Televisão
da Guiné-Bissau.
"É
grave a situação que estamos a viver", referiu Cipriano Cassamá,
presidente da ANP ao intervir perante os deputados, no arranque da sessão
extraordinária do Parlamento, a propósito de a RDN deixar de transmitir a
sessão.
"De
acordo com o regimento, a nossa sessão é difundida. Mas hoje a nossa instalação
foi violada", referiu, fazendo referência aos elementos que
"desmontaram tudo".
"Hoje
não vamos com certeza estar em direto com a Rádio Nacional, mas a mesa [da
Assembleia] assumiu contatar rádios privadas" para a sessão ser
transmitida a nível nacional, através de outras estações.
Califa
Soares Cassamá, que assumiu hoje funções como diretor da RDN, negou à Lusa que
tenha havido ordens para a RDN deixar de transmitir o debate.
"O
que estava previsto era montar o equipamento da ANP na Presidência da República
para transmitir a tomada de posse do Governo", apesar de ainda não haver
data marcada, referiu.
Questionado
sobre o facto de, ainda assim, o debate em curso não estar no ar, Califa
Cassamá referiu que tal deixou de ser possível porque os elementos da RDN foram
entretanto impedidos de continuar no edifício da ANP.
Todos
os debates parlamentares têm sido transmitidos pela RDN nos últimos meses,
inclusivamente os que foram realizados na primeira quinzena de agosto, período
em que a crise política estalou, e em que os deputados foram especialmente
críticos com o Presidente da República por demitir o Governo de Domingos Simões
Pereira.
Nos
últimos dois meses, face às ameaças de destituição pelo Presidente, a ANP já
tinha aprovado duas moções de confiança no Governo.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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