quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O LABORATÓRIO AFRICOM - I




Em África há uma íntima correlação entre os fenómenos de natureza físico-geográfico-ambiental e as culturas humanas, com uma história longa, de milénios.

Essa correlação não passou despercebida aos laboratórios de desestabilização de algumas potências, tendo como objectivo último a manutenção dos seus próprios processos de domínio que incluem o continente africano, mantendo-o no seu papel subdesenvolvido de fornecedor de matérias-primas e de mão-de-obra barata e, por essa via na deliberada periferia dos seus sistemas-em-cadeia.

O lançamento do AFRICOM que, é preciso lembrar, mantém o seu centro de decisões na Europa, veio estimular de forma muito subtil a arquitectura de planos que fazem o aproveitamento dessa correlação, com vista a objectivos que começam até a pôr em causa o desenho do mapa sócio-político africano estabelecido com a Conferência de Berlim.

Se atendermos às declarações de funcionários superiores do Pentágono, numa altura em que se esboçava o AFRICOM, o caso de Theresa Whelan, Subsecretária da Defesa para África em 2011, os Estados Unidos “estavam muito preocupados” com “áreas sem governação” no Continente.

Disse-o em Lisboa, onde se deslocou nos contactos prévios para a gestação do AFRICOM e onde aproveitou para se referir a essas mesmas preocupações em relação a Angola e Moçambique, tendo em conta as experiências com os processos de desestabilização de que foram respectivamente protagonistas Savimbi, Dlakhama e as organizações que chefiavam.

Os Estados Unidos sabiam antes de formar o AFRICOM, da impossibilidade de controlo de fronteiras em muitas regiões de África, prticularmente ali onde os desertos se expandem, no Sahara, no Sahel, ou em Ogaden e isso de forma alguma isso deixou de estar em linha de conta no laboratório do Pentágono!

Percebiam assim, na base da correlação dos factores físico-geográficos-ambientais com os factores humanos, que a Conferência de Berlim deixava em aberto e para explorar, muitas fragilidades, sobretudo nas zonas desérticas, onde proliferavam comunidades nómadas e onde se impunha a terra de ninguém sobre qualquer veleidade de estado.

Se a essa correlação fosse acrescentada um impacto de desestabilização, o Pentágono poderia tirar partido imediato do caos em expansão e para isso a Líbia perfilhava-se desde logo e em laboratório, como o alvo a atacar, dum modo tão subtil quanto o necessário para que só com o tempo se pudesse perceber a geo estratégia norte americana em África!

Mapa de contrastes: A mancha do deserto e a mancha da água equatorial e tropical, um contraste que foi levado em devida conta para o laboratório do Pentágono se decidir pelo AFRICOM!...

A CORRELAÇÃO ENTRE OS FACTORES FÍSICO-GEOGRÁFICOS-AMBIENTAIS E OS FACTORES HUMANOS, FORAM BALANCEADOS AO MILÍMETRO!

A consultar:
- "Áreas sem governação" em Angola e Moçambique preocupam EUA – http://www.rtp.pt/noticias/?article=127780&layout=121&visual=49&tm=7
- Theresa Whelan talks on the creation of U.S. Africa Command. (AFRICOM) – https://www.youtube.com/watch?v=Faeu8tOOZ6w
- AFRICOM: The Next Afghanistan? – https://www.youtube.com/watch?v=sIIJ-JbeLRg
- AFRICOM Go Home, Bases Étrangères Hors d'Afrique - https://www.youtube.com/watch?v=2Wu8vC9MLoU

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