O
Governo de Portugal vai apresentar até ao final deste ano um projecto para
ajudar Angola a criar um colégio militar em Luanda, o primeiro de vários que as
autoridades angolanas pretendem instalar pelo país.
De
facto, o que Angola mais precisa é de vários colégios militares. Espera-se,
aliás, que até possam doutorar muitos dos alunos em “educação patriótica” ou,
em linguagem mais popular, na aceitação atávica de que Angola é o MPLA e o MPLA
é Angola.
Portugal
sabe que o regime, no poder desde 1975, não respeita os direitos humanos, que
reconhece que a democracia foi imposta e que se está nas tintas para as regras
basilares de um Estado de Direito.
Tal
como sabe que José Eduardo dos Santos está no poder há 36 anos sem nunca ter
sido nominalmente eleito, ou que o regime é considerado um dos mais corruptos
do mundo.
Mas
o que é que isso importa?
Mas
voltemos aos vitais colégios militares. O anúncio foi feito hoje em Luanda pela
Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional de Portugal, Berta Cabral, à
saída de um encontro que manteve com o Secretário de Estado da Defesa de
Angola, almirante Gaspar Rufino.
Berta
Cabral, que chegou hoje a Luanda para uma visita de trabalho de dois dias,
considerou, em declarações à imprensa, “muito produtiva” a reunião entre as
delegações portuguesa e angolana, que tiveram na agenda temas ligados à
cooperação técnico-militar entre os dois países, com destaque para a educação,
saúde e indústrias de defesa.
“Tratámos
daquilo que é a cooperação ao nível de estudantes que vão de Angola para
Portugal, quer para o colégio militar, quer para as academias das Forças
Armadas, mas também da possibilidade de instalar em Angola colégios militares”,
disse a governante.
A
nível da saúde militar, adiantou Berta Cabral, ficou definida a realização de
um seminário já no mês de Setembro para se abordarem várias questões da
cooperação, que estão em curso e para fechar alguns dossiers.
Segundo
a Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional de Portugal, ficou
igualmente acordado a apresentação de propostas para o atendimento em Lisboa no
hospital das Forças Armadas de militares ou ex-militares para assistência
médica.
Relativamente
às indústrias de defesa, Berta Cabral disse o Governo angolano continua
disponível para que Portugal venha a ser fornecedor de navios de patrulha
oceânica, reconhecendo que o momento actual de crise económica para Angola “não
é o melhor”.
“Reconhecemos
que este não é o melhor momento para se abordar este tipo de questões, porque
Angola está como Portugal: também já passou uma fase difícil e felizmente agora
já está a sair dela, também deixamos essa esperança aqui”, disse a governante.
“Há
momentos difíceis, há fases mais complicadas mas passam e o futuro será um futuro
de cooperação também nessa área, mas não é de facto a melhor altura para
concretizar esse tipo de operações”, acrescentou.
De
acordo com o programa de visita, Berta Cabral tem previsto para quarta-feira
visitas à Academia Naval angolana, à Escola Superior de Guerra, à Cooperação
Técnico-militar e ao Memorial Dr. Agostinho Neto, o primeiro Presidente de
Angola.
Na
quinta-feira, o programa reserva uma deslocação à Catumbela para visitas à
Academia da Força Aérea Nacional e à Academia Militar do Exército.
De
regresso a Luanda, Berta Cabral deverá ser recebida pelo ministro dos Antigos
Combatentes e Veteranos da Pátria, Cândido Pereira Van-Dúnem.
Folha
8
Sem comentários:
Enviar um comentário