quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Angola. Open Society nega acusações de antigo deputado do MPLA




Adelino de Almeida acusou a Open Society e a USAID de terem gasto USD 14,5 milhões a financiar manifestações contra o governo.

Borralho Ndomba – Rede Angola

O director da Open Society Angola, Elias Isaac, negou hoje que a sua organização esteja a apoiar financeiramente os protestos no país. Elias Isaac responde assim às declarações feitas ontem pelo analista político Adelino de Almeida, num debate promovido pela TPA, em que acusa a Open Society de gastar cerca de USD 14,5 milhões em campanhas políticas contra o presidente José Eduardo dos Santos e o MPLA.

Em declarações ao Rede Angola, Elias Isaac desafiou o analista a apresentar provas das suas acusações. Disse ainda que o antigo deputado do MPLA só teve a ousadia de acusar a ONG que dirige porque a TPA não convidou para o programa nenhum representante da Open Society Angola para esta responder às acusações.

“Ele que prove que a Open Society financiou as manifestações. Ele teve o privilégio de ter um espaço onde esteve sozinho para fazer estas acusações, porque se a TPAconvidasse a Open Society, nós iríamos apresentar os factos”, apontou o representante da fundação norte-americana, que funciona em Angola desde 1998.

O responsável da ONG disse ainda que o posicionamento do antigo jornalista já é conhecido, pois segundo Elias Isaac, o analista político é pago para  acusar pessoas ou organizações que têm ideologias diferentes das do MPLA. “Isso não é novo. Sabemos que ele é pago para mentir e acusar. Todo trabalho dele dentro da instituição é sempre fazer propaganda do partido e acusações”, disse.

O director da Open Society Angola confirma também que a ONG já gastou milhões de dólares, sem dizer o montante, para financiar vários projectos sociais no país, mas não em manifestações.

“Nós trabalhos com organizações da sociedade civil,  organizações de direitos humanos, organizações que trabalham contra a corrupção. Nós trabalhamos na capacitação dos cidadãos para poderem assumir a sua cidadania, apoiamos formações e nós não temos financiamento para apoiar nenhuma manifestação”, afirmou, explicando que a fundação abre concursos para apresentação de projectos a financiar através do Jornal de Angola.

“Ele seria mais sensato se apresentasse provas. Não temos nenhuma informação secreta. Os nossos projectos são financiados na base de uma publicação que a gente faz ao Jornal de Angola, em que solicitamos projectos para financiar, e ele que consulte o Jornal de Angola e vai ver que organizações solicitamos, para que nos apresente projectos para serem financiados”, disse.

Nas suas declarações ontem no programa “Especial Informação”, Adelino de Almeida acusou as organizações não governamentais Open Society Angola e a USAID  de estarem a financiar as manifestações contra o executivo. Especificando que o montante gasto foi de cerca de USD 14,5 milhões.

“Fruto de muitos trabalhos de investigações que aparecem aí, e que também faço como antigo jornalista, chego sempre à conclusão de que uma fonte financiadora dessas ONG que promovem essas manifestações é a Open Society Angola, que é uma fundação a nível global que tem sede nos Estados Unidos”, explicou afirmando que desde a fundação da organização no país, “já despendeu cerca de USD 14,5 milhões para financiar justamente estas organizações não governamentais”, garantiu.

Segundo Adelino de Almeida, os jovens que protestam constantemente contra as políticas do governo são usados pelas organizações, tendo revelado que a Open Society poderá estar por trás da suposta manifestação prevista para decorrer na província de Benguela, ainda este fim de semana (ver aqui o texto).

“Tenho conhecimento de que há um projecto de manifestações justamente neste período que antecede o aniversário do presidente da República e são intervenientes maioritariamente pessoas com a profissão de moto-taxistas”, afirmou.

“Nunca tivemos apoios”

Contactado pelo RA, o membro do Movimento Revolucionário, Adolfo Campos, diz que as manifestações realizadas no país não contam com apoios de nenhuma organização. O jovem contestatário revela que para chegar aos locais das manifestações cada elemento do grupo usa o seu próprio dinheiro.

“Sabemos que isso é mentira porque sempre que organizamos as manifestações fazemos com o nosso dinheiro. Até outras pessoas que vão nas manifestações pagam o táxi com os seus valores”, afirmou reiterando que “nunca tivemos apoio. Se tivéssemos apoio o regime não estaria aí por mais de seis meses”, reiterou Adolfo Campos.

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