quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Portugal. 90 MINUTOS



Público, editorial

O que vai pesar na hora de avaliar o debate Passos Coelho-António Costa

Realiza-se hoje o único debate televisivo entre os dois únicos candidatos a primeiro-ministro. Este “duelo” tem sido encarado como um factor quase decisivo para o desfecho destas eleições, dada a repartição quase equitativa da vontade popular atribuída pelos estudos de opinião às propostas da coligação PSD/CDS e do PS.

O que fazer então quando as sondagens dão um empate? Em primeiro lugar pensar que elas são falíveis. Provas não faltam. Uma das mais clamorosas aconteceu há meia dúzia de meses nas eleições britânicas, quando os resultados obtidos nas urnas derrotaram de forma avassaladora todas as previsões, que davam como certa a vitória esmagadora do Labour sobre ostories de David Cameron. Aconteceu precisamente o contrário, como se sabe. Cá, a nossa história democrática já tem episódios suficientemente elucidativos da necessidade de aconselhar prudência quando se trata de tirar conclusões apressadas. Por várias razões: os últimos estudos foram feitos a uma distância considerável do acto eleitoral, há factores mais ou menos racionais que levam os eleitores a esconder as suas verdadeiras intenções e podem a todo o momento acontecer imponderáveis, susceptíveis de mudar o sentido de voto.

Significa isto que António Costa e Passos Coelho devam jogar para o empate no debate de hoje? Seguindo a gíria futebolística, quem não marca golos arrisca-se a sofrer e ninguém gosta de assistir a uma disputa em que os contendores se remetem sistematicamente à defesa. A agressividade gratuita e descontrolada também não é uma boa táctica, pois um debate político não é um combate de boxe. Já o sentido de oportunidade, capaz de aproveitar os erros do adversário a seu favor com boa argumentação e clareza de pensamento, soma vantagens. Uma coisa é certa: empatia, credibilidade e domínio dos dossiês serão factores determinantes na hora de avaliar a prestação dos candidatos. Se este debate vai decidir ou não quem ganha as próximas legislativas, é outra coisa.

Sem comentários:

Mais lidas da semana