Eugénio
Costa Almeida* – Novo Jornal, opinião
"Desde
há umas épocas que o al-Bahr al-al-Abyad Mutawassiṭ (nome árabe do Mar Mediterrâneo, cuja
tradução literal é Mar Branco do meio ou Mar Interior) é o palco de imagens e
meio de fugas marítimas de migrantes e refugiados para o continente europeu
visando procurar melhores condições de vida ou salvação das suas vidas em zonas
de risco económico e, ou, militar.
Quantas
vezes não assistimos a imagens televisivas de magrebinos e africanos das zonas
entre o Sahel e centro-africano tentarem fugir para as possessões espanholas em
Marrocos, Ceuta e Melila, procurando passar por cima de muros e vedações que
circulam aquelas cidades hispano-marroquinas e, através delas, chegarem ao,
aquilo que para ele é, o El Dourado económico, social e, pelo menos, isento de
conflitos armados.
Só
que as situações pontuais que se verificavam foram substancialmente alteradas.
Primeiro
na Líbia, aproveitando a onda da Primavera Árabe, devido a intervenção armada
para derrubar o ditador – assuma-se o título que lhe pertencia claramente –
Muammar Kadhafi (ou Khadafi, ou al-Gaddafi). Um ditador que “sustentou”
alguns políticos e líderes europeus (Blair ou Sarkozy, só como exemplos).
Interessante; e o resultado está à vista.
Depois
de uma periclitante estabilidade política e militar pós-intervenção o país –
considerado por muitos como um exemplo de estabilidade social (ainda que
manufacturada e dominada pela cúria kadhafiana) – entrou numa espiral
político-militar cujas consequências estão à vista de todos os que a
provocaram.
Sabe-se,
hoje, que a Europa pagava a Kadhafi para manter no seu país muitos dos
migrantes que tentavam aceder ao Continente Europeu. Recordemos a quantidade de
africanos que regressatam a alguns dos seus países bem armados e de onde
emergiram grupos extremistas e jihadistas bem armados cujas actividades
continuam bem evidentes: Boko Haram (Nigéria, Camarões e Chade), Al Qaeda no
Magrebe Islâmico – apesar de ter sido criado em 1998, inicialmente sob o nome
de Grupo Salafista para Pregação e Combate, recrudesceu com a queda do ditador
líbio –, Ansar al-Sharia (Líbia e Tunísia), ou o Ansar Dine (Mali).
(...)" (continuar a ler aqui)
*Investigador
do CEI-IUL e do CINAMIL
Publicado
no semanário Novo Jornal, edição 401, de 9-Out.-2015, página 20 (1º
Caderno)
**Eugénio
Costa Almeida* – Pululu -
Página de um lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em Relações
Internacionais e Doutorado em Ciências Sociais - ramo Relações
Internacionais -; nele poderão aceder a ensaios académicos e artigos de
opinião, relacionados com a actividade académica, social e associativa.
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