Autoridades
garantem que a saúde de Luaty Beirão é estável, apesar de estar bastante
debilitado. Família e amigos não traçam um cenário otimista relativamente à
saúde do ativista angolano, em greve de fome há 22 dias.
De
Angola chegam informações contraditórias sobre a saúde de um dos 17 ativistas
acusados de planearem um golpe de Estado em junho passado. De um lado, os
familiares e amigos descrevem um cenário crítico e preocupante. Por outro lado,
as autoridades apresentam um diagnóstico menos alarmante.
"Clinicamente,
Luaty está estável, embora debilitado pelo tempo que leva sem ingestão de
alimentos. Neste momento está a ingerir apenas água e chá com um pouco de
açúcar", disse à agência de notícias Lusa o médico Manuel Freire, chefe
nacional do departamento de saúde dos Serviços Prisionais.
"Neste
momento há risco de vida nenhum", afirma o médico. "Todos os órgãos
estão em funcionamento. Ele está numa situação razoável, não vou dizer que está
bem, bem, porque está debilitado. Mas até ao momento não corre risco de
vida", assegura Manuel Freire.
Em
perigo de vida
Entretanto,
o ativista foi transferido da cadeia de Calomboloca para o hospital-prisão de
São Paulo na passada sexta-feira (09.10). Dias antes, Luaty Beirão já tinha
estado no hospital-prisão, sem no entanto ter recebido assistência médica, de
acordo com a sua família.
Familiares
do ativista dizem que continua a correr risco de vida. O ativista Carbono
Casimiro, amigo de Luaty, visitou-o recentemente e manifesta-se otimista quanto
ao desfecho do caso. "Psicologicamente ele está forte, não obstante o
estado de debilidade física. Psicologicamente Consegui sentir muita firmeza no
Luaty", disse à DW África. "Acho que a situação vai melhorar",
acrescentou Carbono Casimiro.
O
prazo de prisão preventiva de 90 dias foi desrespeitado neste caso. Mais
recentemente, na última semana, o Ministério Público acusou os17 jovens da
preparação de uma rebelião e de um atentado contra o Presidente da República,
prevendo barricadas nas ruas e desobediência civil que aprendiam num curso de
formação.
"Insensibilidade
humana"
A
condução deste caso mereceu novamente duras críticas do ativista e jornalista
angolano Rafael Marques. "O regime sempre foi autoritário e sempre foi
brutal e sempre teve uma grande capacidade em esconder e disfarçar a sua
insensibilidade humana", disse à Lusa.
"Temos
um Presidente [José Eduardo dos Santos] que é insensível ao sofrimento dos seus
concidadãos e neste momento ele continua a não conseguir disfarçar essa
insensibilidade", critica Rafael Marques.
Têm
sido feitos vários apelos para que Luaty Beirão desista da greve de fome, que
já dura há três semanas, mas o jovem segue firme na sua decisão. Nem os seus
familiares conseguem dissuadi-lo.
Nádia
Issufo / Lusa – Deutsche Welle
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