terça-feira, 13 de outubro de 2015

Angola. INFORMAÇÕES CONTRADITÓRIAS SOBRE ESTADO DE SAÚDE DE LUATY BEIRÃO



Autoridades garantem que a saúde de Luaty Beirão é estável, apesar de estar bastante debilitado. Família e amigos não traçam um cenário otimista relativamente à saúde do ativista angolano, em greve de fome há 22 dias.

De Angola chegam informações contraditórias sobre a saúde de um dos 17 ativistas acusados de planearem um golpe de Estado em junho passado. De um lado, os familiares e amigos descrevem um cenário crítico e preocupante. Por outro lado, as autoridades apresentam um diagnóstico menos alarmante.

"Clinicamente, Luaty está estável, embora debilitado pelo tempo que leva sem ingestão de alimentos. Neste momento está a ingerir apenas água e chá com um pouco de açúcar", disse à agência de notícias Lusa o médico Manuel Freire, chefe nacional do departamento de saúde dos Serviços Prisionais.

"Neste momento há risco de vida nenhum", afirma o médico. "Todos os órgãos estão em funcionamento. Ele está numa situação razoável, não vou dizer que está bem, bem, porque está debilitado. Mas até ao momento não corre risco de vida", assegura Manuel Freire.

Em perigo de vida

Entretanto, o ativista foi transferido da cadeia de Calomboloca para o hospital-prisão de São Paulo na passada sexta-feira (09.10). Dias antes, Luaty Beirão já tinha estado no hospital-prisão, sem no entanto ter recebido assistência médica, de acordo com a sua família.

Familiares do ativista dizem que continua a correr risco de vida. O ativista Carbono Casimiro, amigo de Luaty, visitou-o recentemente e manifesta-se otimista quanto ao desfecho do caso. "Psicologicamente ele está forte, não obstante o estado de debilidade física. Psicologicamente Consegui sentir muita firmeza no Luaty", disse à DW África. "Acho que a situação vai melhorar", acrescentou Carbono Casimiro.

O prazo de prisão preventiva de 90 dias foi desrespeitado neste caso. Mais recentemente, na última semana, o Ministério Público acusou os17 jovens da preparação de uma rebelião e de um atentado contra o Presidente da República, prevendo barricadas nas ruas e desobediência civil que aprendiam num curso de formação.

"Insensibilidade humana"

A condução deste caso mereceu novamente duras críticas do ativista e jornalista angolano Rafael Marques. "O regime sempre foi autoritário e sempre foi brutal e sempre teve uma grande capacidade em esconder e disfarçar a sua insensibilidade humana", disse à Lusa.

"Temos um Presidente [José Eduardo dos Santos] que é insensível ao sofrimento dos seus concidadãos e neste momento ele continua a não conseguir disfarçar essa insensibilidade", critica Rafael Marques.

Têm sido feitos vários apelos para que Luaty Beirão desista da greve de fome, que já dura há três semanas, mas o jovem segue firme na sua decisão. Nem os seus familiares conseguem dissuadi-lo.

Nádia Issufo / Lusa – Deutsche Welle

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