O
cheiro de queda do regime está no ar em Angola. Este cheiro sente-se em todos
os lugares, de Cabinda ao Cunene. Hoje, 2015/10/20, vários amigos em Luanda
confirmaram-me que há em toda parte um movimento massivo de tropas e
implantação de forças de segurança.
Emanuel
Matondo (*) – Folha 8, opinião
Particularmente
na capital angolana, vemos em toda parte multidões de polícias. “Na verdade há
nos últimos dias muita polícia nova e estão em todos os cantos. Estão agrupados
em grupos de três e quatro polícias em cada canto da cidade e bairros”,
confirmou um grande amigo meu, defensor dos direitos cívicos dos
desprivilegiados.
Por
telefone via Internet, um outro amigo confirma como, em Luanda, o regime
movimente um grande arsenal de equipamento militar da guerra (tanques e outros
veículos blindados para o transporte das tropas etc.) em todos os sentidos e
ninguém sabe de onde estes materiais vêm e para onde vão.
O
mesmo amigo diz-me para ver as imagens actuais que circulam nas redes sociais.
A minha pesquisa não durou muito tempo e eu caio em imagens de vídeo que
documentam o movimento de materiais bélicos pesados por grandes camiões como se
Angola estivesse em guerra novamente. É uma forma que o ditador tem para
intimidar o povo angolano? Acho que sim, mas o povo já não tem medo.
É
realmente um sinal de que o medo mudou de lado e desta vez é o ditador e sua
comitiva, todos corruptos, que têm medo. O medo de perder tudo e o medo de ver
o colapso do seu império de corrupção e de enriquecimento fácil. O cheiro de
queda do regime está no ar em Angola. É questão de tempo, e o regime cairá,
quer queira quer não!
Acompanhei,
na nossa rede global antimilitarista e de resistência à guerra, a queda de
Slobodan Milosevic, e tenho visto como nas últimas horas o déspota assassino da
Jugoslávia tentou intimidar o seu povo com a instrumentalização de exército
daquele país.
A
brutalidade crescente de Milosevic contra o seu povo apenas foi a expressão de
como ele era hábil e seu poder muito fraco no momento de fim. Em vez de admitir
a queda, Milosevic escolheu cometer mais crimes graves, entre outros, contra a
humanidade, um facto que precipitou sua queda.
Assim,
Milosevic encontrou-se directamente no Tribunal Penal Internacional, de Haia.
Todos os seguidores de Milosevic, que seguiram as suas “ordens superiores” ao
pé da letra, para torturar, perseguir e assassinar os cidadãos, foram
confrontados pela justiça depois de sua queda.
Esta
deve ser uma lição de história para todos os agentes das forças de segurança
como as milícias do partido no poder em Angola e para as tropas estrangeiras
cubanas, ou polícia chinesa, que denunciamos como mercenários do regime
JES-MPLA, cujo comportamento contra o povo angolano não ficará impune depois da
queda do ditador.
A
minha mensagem para os soldados e os oficiais das forças de segurança angolanas
e todos aqueles mercenários de Cuba e China: Se vocês participaram nos crimes
contra os angolanos para defender este regime ou qualquer outra coisa, vão
responder individualmente perante a justiça nacional numa Angola livre ou numa
jurisdição universal.
Peço
a todos os meus amigos em Cabinda, nas Lundas, no Namibe, no Luena, Lubango,
Benguela, Luanda, Kibala, na grande cidade da história africana mas abandonada
M’Banza Kongo, Damba, cidade do Uíge e Malanje, que preparem o suficiente de
Kaporoto, com o qual vamos comemorar a queda da ditadura, acompanhada de dança
batuque da vitória da democracia e não se esqueça das belas Maizinhas da terra
mãe, cuja beleza foi reduzida a nada pela pobreza imposta.
O
cheiro da queda vai aumentar nos próximos dias, e o regime cairá! Não sou
profeta, mas eu li os sinais do tempo.
(*)
Jornalista, escritor e pensador angolano (Alemanha)
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