A
prisão dos jovens políticos 15+1 continua a trazer cada vez mais contornos, sob
a forma como o processo decorreu e as interferências políticas, para que não
houvesse uma interpretação rectilínea do Direito, mas de índole política, para
que houvesse possibilidade de uma acusação, afirmou ao F8, uma fonte ligada aos
serviços de investigação criminal.
No
caso destes miúdos, o director nacional do SIC, o comandante provincial da
Polícia de Luanda e o general Filó, adjunto do general José Maria, estão a fazer
dinheiro, pois eles informam, à sua maneira, o general Kopelipa e ao Presidente
de haver tentativas, todas forjadas, para receberem dinheiro fora do orçamento
e depois apresentarem inocentes como vítimas”, denunciou a nossa fonte.
No
caso dos 15+1, ele disse que as pessoas que formalizaram o auto de notícia, no
SIC e “acredito na acusação, junto do Ministério Público nunca estiveram
directamente envolvidos, foram chamados à última da hora. Os colegas que foram
ao campo, muitos eram da Segurança de Estado, dos SIM militar e outros da
Presidência da República, desconhecedores da matéria de investigação, que não
queriam saber de provas, apenas que deveriam ficar presos, para dar exemplo aos
outros para pararem com as manifestações, porque o Presidente José Eduardo dos
Santos, não as quer de nenhum modo, mesmo que a Constituição autorize, nós
temos ordens de ler esse artigo ao contrário”, assegurou.
O
oficial denuncia por outro lado, um recuo nos métodos operativos, “face à
interferência partidária do MPLA, que afasta a isenção na análise dos
processos, daí que a actuação da Polícia Nacional e da Investigação Criminal
seja sempre a de considerar contra revolucionários, quem não seja do MPLA, que
não precisa, por exemplo de informar para fazer uma manifestação, mas quando
são os outros, toda a nossa estrutura entra de alerta”.
Na
óptica desse oficial, “é estranho que o Sub-Procurador-Geral da República,
Luciano Cachaca Kumbu, tenha tido uma opinião depois de ouvir os jovens, pois
nós acompanhamos, e também, em Portugal o dr. Alberto Neto (por ter sido na sua
livraria onde os jovens estavam a ler), quem o ouviu foi mesmo o procurador
Cachaca, mas o que está na acusação no tribunal é outro texto acusatório. Isso
mostra os jogos políticos que a nossa justiça está a perseguir”.
Recorde-se
ter sido este procurador que liderou o interrogatório dos 15+1 jovens presos
políticos detidos desde o dia 20 de Junho e, também no dia 31 de Agosto as
jovens activistas Rosa Conde e Laurinda Manuel Gouveia, no seu gabinete no
edifício Lusíada, no Kinaxixi, onde foram constituídas arguidas e, igualmente,
acusadas de tentativa de golpe de Estado e atentado contra o presidente da
República.
“Penso
que o dr. Luciano Cachaca Kumbua está apenas a ser utilizado, mas quem está a
comandar tudo está acima dele e, naturalmente, em defesa do pão e da família
ele tem de ficar calado, para não correr o risco de perder o emprego e passar
fome”, concluiu ao F8, o oficial dos Serviços de Investigação Criminal, para
quem “o dr. Eugénio, actual director dos SIC, é dos piores, em todos os campos,
pois as condições pioraram e os oficiais são obrigados a não aplicar o direito
que aprenderam nos cursos e na formação superior”.
De
salientar que aos 23 de Setembro durante a tomada de posse, Luciano Cachaca
Kumbua, afirmou ser importante continuar “a trabalhar para alcançar os
objectivos em termos de justiça que é a fiscalização da legalidade democrática
em Angola”.
Folha
8 (online)
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