sábado, 31 de outubro de 2015

Bispo emérito das forças armadas de Portugal compara governo de Angola ao regime de Salazar



VOZ DE UMA IGREJA SEM AMARRAS

Infelizmente, em Angola não exis­tem muitos bispos, com a capacidade e independência cristã de dar de beber a sede es­piritual dos angolanos, servindo-lhes água benta, para alimentar as agruras. Em Angola, muitos bispos parecem comprometidos com o regime e são veias de transmissão da sua po­lítica, havendo mesmo denúncias de alguns pa­dres, tal como no tempo colonial, outros, por razões óbvias, o faziam, informam a Segurança de Estado, o resultado das confissões de alguns crentes. É preci­so resgatar a credibilidade da Igreja Católica e nisso o Papa Francisco não se tem cansado de mandar sinais e conselhos. Para os angolanos, salva-nos ouvir, em momentos de angústia, homens de Cristo destemi­dos a dizer, do exterior, o que os do interior se aco­bardam, como o fez, recen­temente, D. Januário Tor­gal Ferreira que exige mais pressão de Portugal e da comunidade internacional ao regime do Presidente José Eduardo dos Santos, face a constante violação dos Direitos Humanos, as prisões arbitrárias e os as­sassinatos selectivos. Por sinal, este homem sabe do que fala, pois, não se pode esquecer, que foi interpre­tando o sentir popular que se agigantou o movimento dos capitães de 24 de Abril de 1975, que destronar a ditadura de Salazar e Cae­tano. Portanto neste alerta, Dom Januário lança um sé­rio recado ao regime; tudo poderá acontecer, até mes­mo uma implosão interna.

O Bispo emérito das For­ças Armadas e de Seguran­ça em Portugal D. Januário Torgal Ferreira acusou o Governo angolano de estar a comportar-se como Sa­lazar, que dirigiu o regime fascista português derru­bado a 25 de Abril de 1974.

“Estão a fazer a mesma coi­sa que o Salazar fazia atra­vés da PIDE”, disse Torgal Ferreira em entrevista à Rádio Vaticano em refe­rência não só à greve de fome que o activista Luaty Beirão levou a cabo, duran­te 36 dias, até 26.10, como a prisão arbitrária dos outros jovens presos políticos do processo 15+1.

D. Januário Torgal Ferrei­ra vai mais longe e diz que “Angola pode padecer de uma anomalia de não cons­tituir um Estado de Direi­to”.Os jovens são acusados da preparação de um golpe de Estado e de um aten­tado contra o Presidente angolano, “uma calúnia” diz o prelado português à Rádio Vaticano que con­sidera “tudo isto ridículo”, um “balde de água fria para quem acredita na demo­cracia”.

A acusação destes jovens de estarem a preparar um gole de Estado foi classifi­cada por aquele bispo de “calúnia”.

O Bispo emérito das For­ças Armadas e de Seguran­ça de Portugal pediu uma maior intervenção do Go­verno de Lisboa neste pro­cesso e mais “pressão” da comunidade internacional.

Folha 8 digital - 31 outubro 2015

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