Lendo
aqui, perceberá a resposta á pergunta, que entretanto, será apresentada, mais
adiante. O país é jovem em todos os sentidos do termo e caminha para a
modernização, a democracia ainda não está consolidada e praticamente, 66% a 70%
da população, é jovem e mais de metade dessa franja maioritária dos cidadãos de
Cabo Verde, na faixa etária dos 16 – 33 anos, encontra-se no desemprego.
José
Valdemiro Lopes – A Nação, opinião
Lendo
aqui, perceberá a resposta á pergunta, que entretanto, será apresentada, mais
adiante. O país é jovem em todos os sentidos do termo e caminha para a
modernização, a democracia ainda não está consolidada e praticamente, 66% a 70%
da população, é jovem e mais de metade dessa franja maioritária dos
cidadãos de Cabo Verde, na faixa etária dos 16 – 33 anos, encontra-se no
desemprego.
Esta
situação social, injusta serviu de acção leitmotiv, que moveu os jovens para a
rua, exprimir publicamente o seu descontentamento mostrando a sua “indignação”
e “desautorizando”, a iniciativa infeliz, dos seus “legítimos representantes”,
da casa parlamentar, os “legisladores” que queriam aumentar suas próprias
“dignidades” financeiras, á revelia da situação grave que vive, a primeira
vitima do desemprego que assola o país. A juventude reclama
legitimamente, há já algum tempo, a sua margem de dignidade, a
integração social.
As
manifestações pacificas, lideradas por um grupo de jovens mais engajados, pôs a
nu, a fragilidade democrática vigente no pais e o cinismo da classe politica
nacional, cujos sucessivos governos não fizeram muito, para fazer crescer a
economia, condição, necessária á criação de emprego e mais grave ainda, fica-se
com a impressão que não se preocuparam a fundo desta questão social,
penalizadora, reconhecida por todos, como prioritária, a ser resolvida, na sua
totalidade ou em parte nas nove ilhas habitadas.
Cabo
Verde tem o dever moral de pensar o futuro já hoje e começar a fazer mudar as
coisas e esforçar-se para encontrar soluções práticas para a resolução do
problema nacional de desemprego jovem, as respostas praticas deviam ser
instaladas e efectuadas de maneira descentralizada, com enfoco nas zonas
rurais. As cidades, sobretudo Praia e Mindelo, já não conseguem absorver toda
esta massa de jovens desempregados e as promessas eleitorais deviam ser
cumpridas, por respeito ao eleitorado. Mesmo se o problema não ser sensível de
se poder revolver a cem por cento, temos a consciência disso, mas neste domínio
prioritário, a juventude espera uma acção, um sinal na pratica,
forte e real e não promessas vãs.
Pode-se
afirmar que a situação critica que a juventude cabo-verdiana atravessa é
temporária e que ela acabará por se resolver, mas o tempo é um “luxo”, para uma
nação, jovem, pequena, insular, em desenvolvimento, neste mundo em
transformação constante e o país tem o mesmo governo da mesma maioria politica,
em regime de situação e executivo, há já três lustros e o economista, pai da
macro economia, John Maynard Keynes, afirmou ser contra o longo
prazo, justificando que a termo estaremos todos mortos.
A
nova geração cabo-verdiana, mais bem informada e qualificada que as anteriores,
já perdeu confiança, nos políticos e é uma geração que tem o seu estilo
próprio, maneira de vestir, alguns são adeptos de tatuagens… etc,
mas tudo isso é a superfície, o que se vê. O que é que fica invisível ? Que
ideia têm da vida ? Que visão têm do mundo?
Os
jovens, valorizam os afectos, a emoção, adoram festivais musicais, mas veem na
organização social, a utopia e já não acreditam mais na politica, que realmente distanciou-se
da base, a nova geração está sendo vitima de injustiça social e discriminação
e é testemunho de praticas de salários “indecentes” auferidos por um
punhado de administradores e outros, com salários milionários, evidenciando
muito claro, o indicador abissal da diferença salarial praticada, nestas
ilhas, que cria e reforça o clube elite, uma minoria detentor de tudo da maioria
da população, com quase nada, e muita gente a viver na pobreza e
miséria.
A
descaracterização da sociedade cabo-verdiana e a consequente perda de valores,
cria: apatia, angustia, ausência de um objectivo na vida, sentimento de
inutilidade…, condição social aproveitada por grupos sem escrúpulos:
traficantes de influencias, dealers de estupefacientes, oportunistas etc.
Resultado: mais praticas de violências gratuitas, e a juventude fragilizada
recorre, a estupefacientes, alcoolismo, praticas de desordens
sociais, de pequenas criminalidades e crimes de sangue…
Se
debruçarmos mais sobre os sentimentos dos jovens e os afectos que veiculam,
extremismo á parte, verificaremos que transmitem simpatia, manifestam sede de
conhecimento e cultura, procuram autonomia um ganha pão seguro, o que a
sociedade consciente ou inconscientemente não proporcionou ainda á
maioria da população jovem nas nove ilhas habitadas, e nos marginalizados,
encontra-se incluído milhares de jovens diplomados, que se encontram
na impossibilidade de criar valor, ao investimento feito pelas suas famílias.
Conhecemos casos de subempregos que vivem, vários licenciados e quadros
qualificados a ganharem salários mensais de dez mil escudos (enfermeiras) e
detentores de diploma nível bacharelato a ganharem vinte e poucos
contos por mês e por incrível que pareça, isto passa-se nas
instituições estatais, com contratos precários e provavelmente
fora da protecção social!
A
juventude cabo-verdiana quer trabalho e é a prioridade social a ser
resolvida nestas ilhas. Mas criação de empregos, passa necessariamente por
crescimento económico!
Na
foto: José Valdemiro Lopes
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