Pobreza
prejudica sucesso escolar em todos os anos e disciplinas
Conclusão
surge num estudo encomendado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos a um
centro de investigação norte-americano. O trabalho revela ainda que turmas
maiores não afetam desempenho escolar.
A
Fundação Francisco Manuel dos Santos apresenta hoje e amanhã dois estudos que
fazem o diagnóstico da educação em Portugal, no âmbito de um mês de debate
sobre o tema. Os trabalhos admitem progressos significativos nas últimas
décadas, mas sublinham que a rapidez da recuperação do país nesta área está
abaixo das necessidades.
Um
dos estudos é assinado por dois investigadores do centro de investigação para
os resultados da educação da Universidade de Stanford, nos EUA. Depois de
fazerem uma extensa análise dos dados sobre alunos e escolas fornecidos pelo
Ministério da Educação, os autores norte-americanos concluem que a pobreza,
medida através do número de alunos que têm apoio social escolar, é um dos
factores que mais afeta os resultados escolares, "revelando quase sempre
uma associação negativa em todos os anos de escolaridade e em todas as
disciplinas".
O
trabalho conclui ainda que, "em comparação com os seus colegas de meios
socioeconómicos mais prósperos, os alunos caracterizados por um baixo índice
socioeconómico ficam cada vez mais atrasados nos seus estudos".
O
coordenador do programa de Educação da Fundação Francisco Manuel dos Santos,
Carlos Fiolhais, sublinha que aprender com a barriga vazia não dá,
naturalmente, bons resultados.
Os
alunos portugueses aproximam-se da média dos alunos dos países desenvolvidos
que realizam os exames do Programa de Avaliação Internacional de Alunos (PISA),
mas segundo o estudo este resultado esconde dois factos: "as taxas de
conclusão do secundário são muito baixas, existem altas taxas de retenção e os
alunos que concluem esse percurso demoram mais tempo a fazê-lo do que acontece
em outros países da OCDE". Situações que levam os autores a falarem em
"implicações preocupantes para o futuro económico, cultural e cívico de Portugal".
Além
da pobreza, o estudo detetou outros fatores que também condicionam o sucesso
dos alunos: menos professores no quadro também significam, por norma, que a
escola tem piores resultados. Por outro lado, o número de alunos por turma não
afeta as notas.
Outro
problema é que mesmo depois de se terem em conta as diferenças de origem e de
percurso escolar dos alunos, há diferenças "acentuadas de qualidade entre
as escolas do país". Uma falha que se liga à "grande desigualdade
entre regiões", também no que se refere à qualidade do ensino.
Nuno
Guedes – TSF – título PG
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