quarta-feira, 7 de outubro de 2015

ESTUDO LA PALICE. CUSTOU UMA PIPA DE EUROS PARA CONCLUSÃO DESDE SEMPRE CONHECIDA



Pobreza prejudica sucesso escolar em todos os anos e disciplinas

Conclusão surge num estudo encomendado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos a um centro de investigação norte-americano. O trabalho revela ainda que turmas maiores não afetam desempenho escolar.

A Fundação Francisco Manuel dos Santos apresenta hoje e amanhã dois estudos que fazem o diagnóstico da educação em Portugal, no âmbito de um mês de debate sobre o tema. Os trabalhos admitem progressos significativos nas últimas décadas, mas sublinham que a rapidez da recuperação do país nesta área está abaixo das necessidades.

Um dos estudos é assinado por dois investigadores do centro de investigação para os resultados da educação da Universidade de Stanford, nos EUA. Depois de fazerem uma extensa análise dos dados sobre alunos e escolas fornecidos pelo Ministério da Educação, os autores norte-americanos concluem que a pobreza, medida através do número de alunos que têm apoio social escolar, é um dos factores que mais afeta os resultados escolares, "revelando quase sempre uma associação negativa em todos os anos de escolaridade e em todas as disciplinas".

O trabalho conclui ainda que, "em comparação com os seus colegas de meios socioeconómicos mais prósperos, os alunos caracterizados por um baixo índice socioeconómico ficam cada vez mais atrasados nos seus estudos".

O coordenador do programa de Educação da Fundação Francisco Manuel dos Santos, Carlos Fiolhais, sublinha que aprender com a barriga vazia não dá, naturalmente, bons resultados.

Os alunos portugueses aproximam-se da média dos alunos dos países desenvolvidos que realizam os exames do Programa de Avaliação Internacional de Alunos (PISA), mas segundo o estudo este resultado esconde dois factos: "as taxas de conclusão do secundário são muito baixas, existem altas taxas de retenção e os alunos que concluem esse percurso demoram mais tempo a fazê-lo do que acontece em outros países da OCDE". Situações que levam os autores a falarem em "implicações preocupantes para o futuro económico, cultural e cívico de Portugal".

Além da pobreza, o estudo detetou outros fatores que também condicionam o sucesso dos alunos: menos professores no quadro também significam, por norma, que a escola tem piores resultados. Por outro lado, o número de alunos por turma não afeta as notas.

Outro problema é que mesmo depois de se terem em conta as diferenças de origem e de percurso escolar dos alunos, há diferenças "acentuadas de qualidade entre as escolas do país". Uma falha que se liga à "grande desigualdade entre regiões", também no que se refere à qualidade do ensino.

Nuno Guedes – TSF – título PG

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