terça-feira, 27 de outubro de 2015

Guiné-Bissau. PM reconhece que “há pessoas que vivem na insegurança alimentar” no país



O Primeiro-ministro, Carlos Correia, reconheceu na passada sexta-feira, que “há pessoas que vivem na insegurança alimentar” no país. O Chefe do executivo que falava durante a cerimónia de comemoração da Jornada Mundial de Alimentação, 16 de Outubro, cujo acto central teve lugar no sector de Safim (Região de Biombo).

Carlos Correia afirmou na sua declaração que o lema escolhido este ano para celebrar o Dia Mundial da Alimentação e consequente 70º aniversário da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), “Protecção Social e Agricultura – Quebrar Ciclo Vicioso da Pobreza Rural”, serviu na sua visão, como a forma de chamar atenção da sociedade sobre a importância da segurança alimentar, garantindo alimentação adequada para todos.

O chefe do executivo guineense assinalou que além da importância do lema e sua actualidade, o presente lema interpela a todo mundo para uma reflecção profunda sobre a necessidade do reforço da protecção social e da criação das condições cada vez mais justas e favoráveis para uma vida mais digna no nosso planeta.

“Neste contexto, a promoção da agricultura e do desenvolvimento rural revestem-se de uma importância capital enquanto um instrumento importante para criação das condições favoráveis para o combate a pobreza, a malnutrição e a insegurança alimentar”, exortou.
Para o Eng. Carlos Correia, a jornada mundial de alimentação, 16 de Outubro, constitui também uma ocasião de fazer balanço das metas fixadas e dos resultados alcançados, no que refere a melhoria da situação nutricional e da segurança alimentar no seio da população guineense.

No entender do Primeiro – ministro, a data serve também para renovar os nossos compromissos no combate a pobreza e malnutrição e insegurança alimentar no nosso país, através de implementação de programas e projectos concretos contidos no programa do governo.

“Não obstante aos esforços de sucessivos governos vêm realizando ao longo dos anos, há ainda pessoas que vivem numa situação de muita precariedade e da insegurança alimentar no nosso país”, alertou o líder do executivo guineense.

JOACHIM LAUBHOUET: “CERCA DE 800 MILHÕES PASSAM FOME NO MUNDO”

O Representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) na Guiné-Bissau, Joachim Laubhouet – Akadié, considerou que a comemoração do Dia Mundial da Alimentação, no passado dia 16 de Outubro é importante, atendendo que ela coincide com a celebração dos 70 anos da FAO. Para de seguida sublinhar que a comemoração vem enquadrada dentro dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio (ODM) que passa pelo Desenvolvimento Durável lançado recentemente pela Organização das Nações Unidas.

Akadié disse que o 70º aniversário da FAO reflecte 70 anos de acção, 70 anos de operação e de inovação, onde a FAO acompanhou a população agrícola, ou seja, a população vulnerável africana e mundial no combate a malnutrição, ajudando na segurança alimentar, sobretudo as crianças, jovens e mulheres do mundo rural. Referenciando que é isso o objectivo da FAO, que consiste em reduzir a fome e permitir que cada pessoa, seja mulher, homem, criança e jovem tenha uma alimentação adequada em sua família. Alertando que o mesmo objectivo deve ser implementado na Guiné-Bissau.

“Actualmente no mundo existem grandes progressos feitos para atingir os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio, mas ainda há pessoas que estão a passar fome no Mundo. Por exemplo, cerca de um milhão de pessoas vivem na extrema pobreza em todo mundo. E cerca de 800 milhões passam fome no mundo. Na Guiné-Bissau mais de 70 por cento vive com menos de dois dólares, ou seja, menos de 1.000 francos CFA por dia. A população mais exposta a essa situação vive no mundo rural, onde defrontam problemas de crédito, do financiamento agrícola, aumento dos produtos alimentares e das mudanças climáticas como referiu a mensagem do régulo de Safim, sobre as cheias deste ano que estragaram os cultivos”, explicou o representante da FAO em Bissau.

Para Joachim Laubhouet – Akadié, o Dia Mundial da Alimentação deste ano sob o lema: Protecção Social e Agricultura, Quebrar Ciclo Vicioso da Pobreza Rural, espelha que não podemos ter uma segurança alimentar e nutricional na Guiné-Bissau sem apoiar outras áreas como a Saúde e Educação. Em tudo isto, disse que a protecção social é muito importante, porque no seu entender, ajuda as comunidades ou famílias com problemas económicas a saírem da pobreza. Prosseguindo no entanto, que a Guiné-Bissau deve apostar na Protecção Social.

“A protecção social no âmbito da agricultura apoiará bastante o próprio pequeno agricultor a elevar o seu nível de vida e dos seus familiares. A protecção social aqui na Guiné-Bissau deve ter seus efeitos positivos, ou seja, deverá ser grande coisa na nossa comunidade, sobretudo para a economia social, porque permite as famílias investirem na saúde, na educação e na melhoria das condições de vida das crianças”, contou.

Joachim Laubhouet – Akadié considera que tudo isso pode ser uma realidade, quando houver uma acção coordenada, juntando os esforços tanto do Governo, assim como os parceiros do desenvolvimento, para poderem complementar as acções com vista a sairmos da situação de fome.

“Apelo que trabalhemos juntos a fim de atingirmos este objectivo que é de acabar com a fome e a malnutrição na Guiné-Bissau. Quero que as gerações da Guiné-Bissau, sobretudo, crianças, mulheres e jovens seja uma geração – fome zero, ou seja, para que a geração vindoura não passe mais fome. Peço as autoridades da Guiné- Bissau a nomearem as crianças da “Escola Pefine de Safim” que actuaram aqui hoje como crianças que vão crescer dentro de uma situação onde não haja fome nunca mais”, concluiu o representante da FAO, Joachim Laubhouet – Akadié.

ANÍBAL PEREIRA: “AGRICULTURA JOGA UM PAPEL FUNDAMENTAL NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS SOCIAIS”

O titular da pasta de Agricultura e Desenvolvimento Rural, João Aníbal Pereira disse que o lema é muito actual e pertinente, apontando como exemplo o mundo rural, na qual o governante considera que “se olharmos para o nosso mundo rural, constata-se que há muitos problemas sociais para resolver”. Acrescentou ainda que até é “normal ouvir uma pessoa dizer que acordou sem nenhum dinheiro, ou sem arroz para comer, ou o filho não foi a escola, tudo por causa da pobreza”.

“Estes são as questões que o governo tem dentro do seu programa e das políticas para resolver. E agricultura joga um papel fundamental na resolução destes problemas sociais, por isso, agradecemos a FAO pela escolha deste tema: Protecção Social e Agricultura – Quebrar Ciclo Vicioso da Pobreza Rural para assinalarem o do Dia Mundial da Alimentação”, sublinhou Aníbal Pereira.

Recorde-se que a cerimónia oficial que teve lugar em Safim contou com a presença dos membros do governo e das ONG’s que actuam nas áreas sociais sobretudo no domínio da agricultura. Depois da cerimónia comemorativa, a comitiva deslocou-se até ao complexo da empresa agrícola AGRO SAFIM.

Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), é uma das agências das Nações Unidas cujo objectivo é de aumentar a capacidade da comunidade internacional para que de forma eficaz e coordenada, promover o suporte adequado e sustentável para a Segurança Alimentar e Nutrição global. Para isso, realiza programas de melhoria da eficiência na produção, elaboração, comercialização e distribuição de alimentos e produtos agro-pecuários, além de projectos que contribuem para a redução da pobreza rural e o crescimento económico global.

A FAO foi fundada em 16 de Outubro de 1945, em QuebequeCanadá. Em 1951 a sua sede foi transferida para Roma, por iniciativa do governo italiano, que teria investido quatro milhões de dólares na construção da nova sede. No ano de 2000, já contava com 181 membros (180 países e a União Europeia).

Sene Camará – O Democrata - Foto: Marcelo N’Canha Na Ritchi

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