quinta-feira, 1 de outubro de 2015

O DIABO COM UMA CRUZ PASSEIA-SE POR PORTUGAL




Mário Motta, Lisboa

Gato escaldado de água fria tem medo. Um adágio que tem feito carreira no capítulo da desconfiança extrema que depositamos em alguém. Neste caso refira-se o atual primeiro-ministro e toda a chamada coligação Portugal prá Frente ou vice-versa. Ou à frente... para mais abismo. O verso e o reverso daquilo que Passos Coelho, Paulo Portas, Cavaco Silva, banqueiros e grandes empresários representam naquela aliança exclusivista de uma elite que mais não tem feito que roubar e exaurir os portugueses.

Em repetição, temos nesta campanha eleitoral o empenho dos salafrários do costume. Os salafrários que desde há quatro anos a esta data têm votado à miséria e à fome mais de dois milhões de portugueses, empurrados para a pobreza extrema, que só não é referida nas estatísticas com os seus números reais por “bondade” dos “donos das estatísticas" e donos disto tudo… por enquanto.

Segue um título no texto incluso: “Governo acena com aumentos e médicos, Passos não larga crucifixo”, escrito por Ana Lemos no Notícias ao Minuto. Na verdade Passos repete a dose de promessas-mentiras, a dose de desonestidade costumeira que o mostrou como um grande mentiroso da história de Portugal. Bem o disse Marques Mendes, que Passos ficaria na história do país. Eis como. Como um grande aldrabão. O maior aldrabão e descarado pós 25 de Abril.

Vai daí, com o maior descaramento, promete mundos e fundos, novamente, para fazer exatamente o contrário assim que se sentir reeleito. Assim agiu anteriormente, de há quatro anos para cá, assim fará se voltar a ser reeleito. Assim será. O seu compincha Cavaco Silva esfrega as mãos de expetativa e contentamento pelo que julga ter a certeza de vir a acontecer e que só ele "sabe mas não diz" a ninguém.

Cavaco não precisa dizer o que fará. Todos sabemos o que fará se não saírem destas eleições expressiva quantidade de votos de repúdio pelo seu governo radical desde há quatro anos. Se não, Portugal e os portugueses podem contar com mais boda aos banqueiros e aos escandalosamente mais ricos, que são quem apoia financeiramente Cavaco Silva e o bando que ele mantém nos poderes. A direita mais ressabiada desde o 25 de Abril de 1974 encorpora-se na pessoa de Cavaco Silva e deste governo que ele quer manter à viva força. Esqueçam-se as inconstitucionalidades. Esqueçam-se todos os podres que ao longo de quatro anos foram sendo reciclados por Cavaco para português enganar. Esqueçam-se as injustiças. Esqueçam-se as mentiras – inclusive de Cavaco sobre o BES, por exemplo.

As promessas de rios de mel saem das bocas dos da coligação PàF. Logo que reeleitos, cairão por terra tais promessas, como já aconteceu. Não será de estranhar que Passos agora surja com um crucifixo? Antes nunca se notou, nem se revelou, que fosse um católico tão fiel, tão aplicado, tão fanático. Vê-lo agora naqueles propósitos é como ver o diabo na cruz em vez de Cristo. Só um excomungado diabo se lembraria de tal jogada para enganar os portugueses.

Naqueles propósitos, reportando-nos ao passado de enganos, falsidades e mentiras de Passos, só é possível ver nele e naquele crucifixo que exibe o diabo com uma cruz. Jesus Cristo, segundo a Bíblia, sempre foi dedicado e fiel aos pobres, aos explorados, aos oprimidos. Era Ele que dizia: “é mais fácil a um camelo passar pelo fundo (cu) de uma agulha do que a muitos ricos entrarem no reino dos céus”. Essa não tem sido a política de Passos, de Portas, nem de Cavaco Silva – o grande impulsionador desta direita radical que temos o dever de repudiar na votação do próximo dia 4 de Outubro.

Não nos esqueçamos do mentiroso que Passos e seu bando têm dado provas de ser. Que nem o diabo com uma cruz lhes valha. Assim seja. 

(MM/PG)

Governo acena com aumentos e médicos, Passos não larga crucifixo

Em tempo de eleições, escapar à promessa em busca do voto, pode revelar-se uma ‘tarefa difícil’. A verdade é que, nos últimos meses, têm sido várias as ‘boas notícias’ dadas pelo Governo, nomeadamente aos funcionários do Estado. Ora vejamos.

Em contagem decrescente para as eleições de 4 de outubro, há acordos assinados, aumentos salariais, médicos de família para todos, promessa de devolução de parte da sobretaxa de IRS. Pela conquista do voto ou não, a verdade é que nos últimos meses foram mais as boas do que as más notícias dadas pelo Governo.

E na reta final da campanha, Passos Coelho tocou no tema religião. O primeiro-ministro revelou hoje aos jornalistas que guarda no bolso o crucifixo que lhe foi oferecido há dias, em Leiria, e do qual não mais se conseguiu separar. Só o fará, revelou, quando “chegar a casa na sexta-feira”. Se este amuleto trará uma vitória no próximo domingo, ninguém sabe. A verdade é que, enquanto a campanha percorre o país, o Governo faz crescer a lista de ‘boas notícias’.

O acordo assinado com os enfermeiros é a mais recente ‘boa nova’, num já composto leque de aumentos a várias carreiras da Função Pública. Destaca o Jornal de Negócios que os funcionários que ganham acima de 1.500 euros (cerca de metade do total de trabalhadores do Estado), viram este ano anulado um quinto dos cortes em vigor desde o início de 2014.

Já a partir desta quinta-feira, 11 mil enfermeiros beneficiarão de um aumento (máximo de 221 euros) em virtude da equiparação do salário entre profissionais com contrato individual e os que estão em funções públicas.

A par desta devolução, a Lei do Orçamento do Estado voltou a congelar salários e a travar progressões, independentemente da avaliação que os funcionários apresentem. Porém, são cada vez mais as exceções, por via do número de sindicatos que conseguiu negociar, muitas vezes sob ameaça de greve.

Algo semelhante ocorrerá nas Finanças. Com a criação da nova carreira de técnico superior do Ministério das Finanças, os funcionários da Direção-geral do Orçamento (DGO), da Direção-geral do Tesouro (DGTF) e do Gabinete de Planeamento (GPEARI) passam para esta nova carreira com aumentos mínimos de 52 euros. Um valor, destaca o Jornal de Negócios, que poderá ser bastante superior, tendo em conta o posicionamento remuneratório de cada um.

Aprovado foi também o novo Estatuto da PSP, que estabelece uma atualização da tabela remuneratória: “Cerca de 9 mil ou 10 mil polícias, cerca de 50% dos polícias, vão ter ligeiras atualizações, de 30 euros ou de 50 euros”, disse à data da aprovação do documento Paulo Rodrigues, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia.

Hoje, a quatro dias da ida às urnas, o Ministério da Saúde anunciou que quer, nas próximas semanas, que haja mais 450 mil portugueses com médico de família atribuído. A informação foi dada à rádio TSF pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), um organismo tutelado pelo Governo. Para chegar a estes números serão contratados 237 médicos que obtiveram a especialidade e ainda cerca de 100 médicos que a obterão em breve.

Ana Lemos – Notícias ao Minuto

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