O
secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP) afirmou hoje que o PS
"só não forma Governo se não quiser", considerando que resta saber se
os socialistas apoiam um executivo PSD/CDS ou procuram outra solução.
"Quando
o PS dá a iniciativa ao PSD/CDS, como foi patente no seu encontro de hoje, o
que se coloca perante a situação que está criada é saber se o PS escolhe entre
dar aval e apoio à formação de um Governo PSD/CDS ou tomar a iniciativa de
formar um Governo que tem garantidas condições para a sua formação e entrada em
funções", sublinhou Jerónimo de Sousa.
Durante
um comício que decorreu esta noite na Faculdade de Ciências da Universidade de
Lisboa, o líder comunista vincou que "no quadro da Constituição da
República e, tendo presente a correlação de forças existente na Assembleia da
República, o PS só não forma Governo se não quiser".
"Insistimos
na importância de discutir o conteúdo das políticas, apesar de sabermos que o
programa do PS não responde à aspiração de rutura com a política de
direita", afirmou Jerónimo de Sousa, acrescentando que "mesmo num
quadro em que o PS insista no seu programa, e que não seja fácil encontrar uma
convergência sobre um programa de Governo, nem assim se pode concluir que a
solução seja um Governo de PSD/CDS".
O
deputado comunista vincou também que "o que conta verdadeiramente e
determina as soluções para a governação são as maiorias que se formam na
Assembleia da República e dão suporte a um Governo, e não o partido com mais
votos".
"O
PCP rejeitará qualquer solução que proponha um Governo PSD/CDS e contribuirá
para derrotar qualquer iniciativa que vise impedir a formação e a entrada em
funções de uma outra solução governativa", afirmou Jerónimo de Sousa,
reafirmando que o PCP irá apresentar uma moção de rejeição de um programa da
coligação que seja apresentado no parlamento.
Para
o líder comunista, "é inadmissível que, perante a segunda maior derrota
eleitoral de sempre dos dois partidos e ignorando a condenação política que
sofreram, o Presidente da República, à margem das regras da Constituição,
queira forçar e impor a renovação de um Governo PSD/CDS com o objetivo
explícito de garantir e assegurar a continuação dos eixos essenciais da
política de desastre nacional dos últimos anos".
"A
composição da Assembleia da República, com PSD e CDS em minoria, permite uma
base para outras soluções governativas, o que nestas circunstâncias seria
inaceitável é que se desperdiçasse tal oportunidade", declarou.
Jerónimo
de Sousa sublinhou ainda, perante uma sala cheia, que o resultado da Coligação
Democrática Unitária (CDU) nas eleições legislativas de domingo foi alcançado
sem "favores de ninguém" nem a "promoção de ninguém", sendo
"o melhor resultado" que a coligação que lidera obteve desde 1999.
"Um
resultado que, pela sua evolução positiva, não está dependente de uma qualquer
manobra de favorecimento mediático momentâneo", referiu.
Em
relação às eleições presidenciais de 2016, o deputado do PCP salientou que a
candidatura do membro do Comité Central Edgar Silva, anunciada na quinta-feira,
"tem como grande objetivo contribuir para assegurar na Presidência da
República o efetivo respeito pelo juramento de cumprir e fazer cumprir a
Constituição da República Portuguesa".
A
candidatura de Edgar Silva será apresentada no dia 15 de outubro, pelas 17:30,
num hotel na zona do Marquês de Pombal, em Lisboa.
Lusa,
em Notícias ao Minuto - ontem
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