O
Arquivo e Museu da Resistência Timorense (AMRT) em Díli anunciou hoje que
ampliou a sua exposição permanente, integrando vários elementos doados no
passado ao acervo, considerados de "elevado valor histórico
patrimonial".
Entre
os objetos conta-se um aparelho de rádio usado pela Radio Maubere para
comunicar para a Austrália, nos primeiros anos da luta de resistência (1975 e
1978) e que foi doada ao AMRT pelo secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri.
Usada
como única forma de comunicação entre Timor-Leste e o exterior depois da
invasão indonésia, a 7 de dezembro e até dezembro de 1978, a Rádio Maubere
esteve, muitas vezes, em movimento pelas montanhas do país.
Com
emissões em português, inglês e tétum, a rádio permitiu à Fretilin enviar
mensagens codificadas para o exterior que, nos primeiros anos, permitiram
perceber a dimensão de algumas das primeiras grandes operações das forças
invasoras da Indonésia.
Na
Austrália as comunicações eram recebidas por um grupo de timorenses e ativistas
australianos que também movimentavam o recetor entre vários locais dentro e
fora da cidade de Darwin, no norte do país.
Integrados
e expostos a partir de hoje estão também objetos pertencentes a vítimas
identificadas do massacre de Santa Cruz, a 12 de novembro de 1991, que foram
doadas pelas famílias das vítimas e pelo Comité 12 de Novembro.
Recorde-se
que o massacre foi filmado pelo jornalista inglês Max Stahl e a divulgação das
imagens internacionalmente é considerado um dos momentos de viragem na
resistência timorense à ocupação indonésia.
Os
objetos foram doados em 2014.
A
exposição permanente do AMRT conta também a partir de hoje com uma pintura de
Xanana Gusmao, feita em 1994, enquanto o então líder da resistência esteve
detido na prisão indonésia de Cipinang em 1994, para oferecer ao Nobel da Paz,
José Ramos-Horta.
A
pintura foi doada em 2013.
O
AMRT foi criado em 2005 "para a preservação da memória e do património
histórico nacional e para a divulgação dos valores da luta de resistência do
povo de Timor-Leste, especialmente junto das camadas mais jovens".
ASP
// PJA - Lusa
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