A
Guiné-Bissau tem o pior nível de mortalidade materna entre os países lusófonos,
com 549 mortes de mulheres em 100.000 nascimentos de nados vivos em 2015,
segundo um estudo divulgado hoje pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
No
estudo "Tendência da mortalidade materna: de 1990 a 2015 - Estimativas da
OMS, UNICEF, UNFPA, Grupo do Banco Mundial e da Divisão de População das Nações
Unidas" indica-se que a Guiné-Bissau está num grupo de 18 países, todos da
África Subsaariana, com altos índices de mortalidade materna, que variam entre
900 e 500 mortes por 100.000 nados vivos.
Os
responsáveis pelo relatório referem que os dados foram usados para verificar
quais os países que conseguiram alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio
(ODM) adotados em 2000, em que os estados-membros da ONU se comprometeram a
reduzir este ano a taxa de mortalidade materna em 75 por cento relativamente a
1990.
De
acordo com o estudo, a Guiné-Bissau não fez progressos suficientes nesta
matéria, pois a redução da mortalidade materna no período entre 1990 (907
mortes) e 2015 (549 mortes) foi de apenas 39,5%.
Cabo
Verde (83,6% na redução de mortes maternas entre 1990 e 2015) e Timor-Leste
(80,1%) são apontados no estudo como países que conseguiram atingir os ODM
nesta matéria, sendo que apenas nove cumpriram essa meta (além dos dois
lusófonos foram o Butão, o Camboja, o Irão, o Laos, as Maldivas, a Mongólia, o
Ruanda).
Enquanto
Cabo Verde passou de 256 mortes maternas em 100.000 nado vivos em 1990 para 42
em 2015, Timor-Leste reduziu as 1.080 mortes em 1990 para apenas 215 em 2015.
No
estudo aponta-se que os demais países lusófonos estão a fazer progressos
significativos no que se refere à mortalidade materna.
A
Guiné Equatorial, novo integrante da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP - desde 2014), obteve uma redução de 73,9% nas mortes maternas, passando
de 1.310 mortes em 1990 para 342 em 2015.
São
Tomé e Príncipe diminuiu as mortes maternas em 52,7%, passando de 330 mortes em
1990 para 156 em 2015, assim como Moçambique, que diminuiu a mortalidade de
1.390 mortes para 489 (64,8%) no mesmo período.
Angola
conseguiu progressos no que se refere à mortalidade materna, com uma redução de
58,9% (1.160 mortes em 1990 e 477 mortes em 2015).
O
Brasil apresentou no período estudado uma redução de 57,7% (104 mortes em 1990
para 44 mortes em 2015), sendo assim considerado um país que está a fazer
progressos na matéria.
Portugal
teve uma redução de 41,2% nas mortes maternas no período avaliado, passando de
17 mortes (1990) para 10 (2015).
Em
2015, houve cinco países em que 10% ou mais das mortes maternas estiveram
relacionadas com a SIDA (em óbitos indiretos), que são África do Sul (32%),
Suazilândia (19%), Botswana (18%), Lesoto (13%) e Moçambique (11%).
"Este
relatório mostra que no final de 2015 a mortalidade materna terá caído 44%
relativamente aos níveis de 1990", afirmou Lale Say, coordenadora do
departamento de saúde reprodutiva e investigação da Organização Mundial de
Saúde (OMS).
"Trata-se
de um enorme progresso, mas o avanço é desigual entre os países, em diferentes
regiões do mundo", com 99% de mortes a envolverem países em
desenvolvimento (sobretudo na África e Ásia), disse a especialista, numa
conferência de imprensa realizada em Genebra.
A
Serra Leoa foi o país com o maior índice de mortalidade materna em 2015, com
1.360 mortes em 100.000 nado vivos, mas em 1990 foram 2.630 mortes.
Finlândia,
Polónia, Grécia e Islândia apresentaram apenas três mortes maternas em 100.000
nados vivos em 2015, o número mais baixo entre os países analisados.
A
ONU definiu agora o objetivo de reduzir o rácio de mortes maternas para menos
de 70 em cada 100 mil nados-vivos até 2030.
CSR
// APN - Lusa
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