quarta-feira, 18 de novembro de 2015

PATRONATO MOÇAMBICANO PREVÊ “CENÁRIO SOMBRIO” PARA ECONOMIA DO PAÍS



A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que congrega o patronato moçambicano, considerou hoje que o aumento das taxas de juro decretado esta semana pelo Banco de Moçambique terá um resultado sombrio para a economia do país.

"Estas medidas, combinadas com o efeito da depreciação cambial, resultarão num cenário cada vez mais sombrio. A título de exemplo, o endividamento privado externo das empresas da agro-indústria, indústria e telecomunicações cresceu em 2014, passando a totalizar uma dívida externa de 64,30 milhões de dólares no início de 2015", afirmou o vice-presidente da CTA, Rogerio Samo Gudo, falando em conferência de imprensa.

Na agricultura, assinalou Samo Gudo, o custo do dinheiro também irá agravar-se, uma vez que a taxa de juro de empréstimo tem como base a Facilidade Permanente de Cedência, que o Banco de Moçambique aumentou de 7,25% para 8,75%.

"Neste contexto, a base para a captação de divisas estará comprometida e elas continuarão a escassear no mercado. Se, no início do ano, num dia, conseguia-se uma quantidade de divisas suficientes para fazer a importação, atualmente, pode esperar-se mais de uma semana. Este é um sinal de baixa disponibilidade de divisas no mercado", declarou o vice-presidente da CTA.

Rogério Samo Gudo apelou ao Governo para incluir medidas específicas e transitórias no Plano Económico e Social (PES) e no Orçamento do Estado de 2016 para o apoio ao setor produtivo, dando subsídios às empresas.

"A CTA exorta o Governo a considerar a possibilidade de rever os contratos de fornecimento de bens e serviços, com forte componente de importação pelo setor privado", acrescentou Samo Gudo.

Ao Banco de Moçambique, a CTA pediu a introdução de um sistema de câmbios administrativo na importação de fatores de produção e bens essenciais e às empresas defendeu "prudência e parcimónia", em 2016.

O Banco de Moçambique aumentou na segunda-feira as taxas de juro de referência pelo segundo mês consecutivo, face à perspetiva de aumento da inflação e persistente desvalorização do metical em relação ao dólar.

As taxas de juro de referência sobem 0,5 pontos percentuais para 8,25% nos créditos e 0,75 pontos percentuais para 2,75% nos depósitos, decidiu o Comité de Política Económica do Banco de Moçambique.

"Em face dos crescentes riscos de conjuntura externa e doméstica, num contexto em que as projeções de inflação de curto e médio prazo sinalizam a necessidade de cautelas redobradas, o Comité considerou importante reforçar a adequação do atual ciclo de política monetária", destaca o Banco de Moçambique, em comunicado divulgado na sua página na internet.

Noutra medida, o Comité de Política Monetária determinou aumentar o coeficiente de reservas obrigatórias em 15 pontos percentuais para 10,5%, com efeitos a partir de 07 de dezembro.

No quadro da sua resposta ao desafio da promoção da inclusão financeira em Moçambique, o Millennium bim anunciou o lançamento de um projeto que vai consistir numa parceria entre o banco e comerciantes das zonas rurais para a prestação de serviços bancários por parte dos agentes económicos.

PMA (HB) // VM - Lusa

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