A
Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que congrega o
patronato moçambicano, considerou hoje que o aumento das taxas de juro
decretado esta semana pelo Banco de Moçambique terá um resultado sombrio para a
economia do país.
"Estas
medidas, combinadas com o efeito da depreciação cambial, resultarão num cenário
cada vez mais sombrio. A título de exemplo, o endividamento privado externo das
empresas da agro-indústria, indústria e telecomunicações cresceu em 2014,
passando a totalizar uma dívida externa de 64,30 milhões de dólares no início
de 2015", afirmou o vice-presidente da CTA, Rogerio Samo Gudo, falando em
conferência de imprensa.
Na
agricultura, assinalou Samo Gudo, o custo do dinheiro também irá agravar-se,
uma vez que a taxa de juro de empréstimo tem como base a Facilidade Permanente
de Cedência, que o Banco de Moçambique aumentou de 7,25% para 8,75%.
"Neste
contexto, a base para a captação de divisas estará comprometida e elas
continuarão a escassear no mercado. Se, no início do ano, num dia, conseguia-se
uma quantidade de divisas suficientes para fazer a importação, atualmente, pode
esperar-se mais de uma semana. Este é um sinal de baixa disponibilidade de
divisas no mercado", declarou o vice-presidente da CTA.
Rogério
Samo Gudo apelou ao Governo para incluir medidas específicas e transitórias no
Plano Económico e Social (PES) e no Orçamento do Estado de 2016 para o apoio ao
setor produtivo, dando subsídios às empresas.
"A
CTA exorta o Governo a considerar a possibilidade de rever os contratos de
fornecimento de bens e serviços, com forte componente de importação pelo setor
privado", acrescentou Samo Gudo.
Ao
Banco de Moçambique, a CTA pediu a introdução de um sistema de câmbios
administrativo na importação de fatores de produção e bens essenciais e às
empresas defendeu "prudência e parcimónia", em 2016.
O
Banco de Moçambique aumentou na segunda-feira as taxas de juro de referência
pelo segundo mês consecutivo, face à perspetiva de aumento da inflação e
persistente desvalorização do metical em relação ao dólar.
As
taxas de juro de referência sobem 0,5 pontos percentuais para 8,25% nos
créditos e 0,75 pontos percentuais para 2,75% nos depósitos, decidiu o Comité
de Política Económica do Banco de Moçambique.
"Em
face dos crescentes riscos de conjuntura externa e doméstica, num contexto em
que as projeções de inflação de curto e médio prazo sinalizam a necessidade de
cautelas redobradas, o Comité considerou importante reforçar a adequação do
atual ciclo de política monetária", destaca o Banco de Moçambique, em
comunicado divulgado na sua página na internet.
Noutra
medida, o Comité de Política Monetária determinou aumentar o coeficiente de
reservas obrigatórias em 15 pontos percentuais para 10,5%, com efeitos a partir
de 07 de dezembro.
No
quadro da sua resposta ao desafio da promoção da inclusão financeira em
Moçambique, o Millennium bim anunciou o lançamento de um projeto que vai
consistir numa parceria entre o banco e comerciantes das zonas rurais para a
prestação de serviços bancários por parte dos agentes económicos.
PMA
(HB) // VM - Lusa
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