quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Portugal. RÍDICULOS E IMPOTENTES



O alvo em Portugal é o PCP e tudo vale. Mentir, deturpar factos, insinuar intenções, afirmar conhecimento especializado e encartado sobre os comunistas para legitimar a patranha

Artur Pereira – jornal i, opinião

O que pode unir rapaziada tão diversa como Paulo Rangel, Cavaco, Nuno Melo, Francisco Assis, Daniel Oliveira, Ferreira Leite, Sérgio S. Pinto, Henrique Monteiro, Clara Caprichosa, Abreu Amorim e António Barreto?

O montão referido peca por injusto, tendo em consideração os inúmeros funcionários, sacrificados e ilustres filhos da pátria, que, afinados a uma nota só, pululam entre redacções, estúdios e coito, onde, combustados a alucinogénicos e álcool do puro, geram espasmos, convencidos de que pariram prosa credora de dízimo. 

Eu dou uma ajuda. Os citados, todos eles, são dotados de uma aguçada opinião sobre tudo. Política, trabalho, neste apartado, peço perdão se ofendi alguém, economia, finança, justiça, história, filosofia, arte, absolutamente tudo que é do pensamento humano e mesmo do sobrenatural, eles topam.

Outra coisa que os torna iguais é o domínio do “Kama Sutra”, pois não se dá tanta cambalhota e de corpinho sempre disposto à brincadeira sem se ser, digamos, flexível. 

Mas onde são como irmãos siameses é no ressentimento e ódio psiquiátrico ao PCP. 

Em vez de uma ponderação sustentada em factos, princípios e direitos democráticos, onde o mais natural é o exercício da política com a apresentação de propostas e alternativas que devem, depois de conhecidas, ser avaliadas por aquilo que efectivamente representam, e não à luz da especulação que os comentaristas fazem sobre aquilo que dizem que deve ser.
   
Cinicamente, Cavaco Silva nos dias anteriores às eleições apelou publicamente a que todos os cidadãos exercessem o seu direito de voto, para agora dizer que mais de um milhão dos que votaram não contam, e em acto ilegítimo, de recorte golpista, tentar na prática aquilo que não alcançaram em 25 de Novembro, a ilegalização do PCP.

Quando os tempos políticos que vivemos são de risco, porque novos e  desafiadores, existem criaturas que, dividindo o trabalho entre si, respondem à voz do anticomunismo mais primário, de que são legítimos herdeiros.

O alvo em Portugal é o PCP e tudo vale. Mentir, deturpar factos, insinuar intenções, afirmar conhecimento especializado e encartado sobre os comunistas para legitimar a patranha.

Uns ameaçam com o golpe de estado, com o desastre dos mercados, o país à beira de uma ditadura vermelha. Outros, mais suaves, recordam a impossibilidade de os comunistas se libertarem de dogmas e desconfiam, sagazes, do que identificam como contradições e inconsistências do PCP, para não fechar um acordo já, de cruz, assim de imediato, a babar agradecimento pela oportunidade.

Como se um partido como o PCP, com a sua responsabilidade política, ideológica e moral, não tivesse de ajuizar com toda a ponderação o momento histórico que vivemos para além de tacticismos, ameaças ou modernidades de circunstância.

Algures entre coisa nenhuma com janela e um multibanco na esquina.

– Ferreira Leite: Isto é um golpe de estado, comigo era limpinho, qual governo qual parlamento, que se fossem queixar ao Papa. Já não há homens. 

– Clara Caprichosa: Concordo, e não me esqueço do Campo Pequeno e daquelas tardes no Cairo, lá não há comunas…

– Nuno Melo: Eu ficava bem era todo marialva, assim de forcado a pegar o bicho vermelho pelo rabo.

– António Barreto: Disparem um tiro que eu quero morrer. Antes teso que vermelho.

– Abreu Amorim: E Estaline? Esse é dos piores e anda ali para Loures.

– Henrique Monteiro: Isto resolve-se assim, umas vezes uns, depois de seguida os outros. Chega para todos. É como um jogo, tudo ao centro, tudo a fazer pela vidinha, mas sem o Cunhal, que isto tem regras.

– Daniel Oliveira: Eh pá, do Cunhal sei eu, de comunismo e daquilo que os gajos querem. Foram cinco anos na juventude, arrasaram comigo. Eu era logo fuzilado, sei muito…

– Cavaco: Estão a cantar na rua, serão as janeiras? 

Na rua ouve-se a ária “Coro dos escravos hebreus”. 

“ Ó minha Pátria tão bela e abandonada, reacende a memória nos nossos peitos, que te inspire uma melodia que nos infunda coragem para o nosso padecimento.”

– Francisco Assis: É do Nabucco, de Verdi.

– António Barreto: Outro comuna. Vêm-me dar um tiro...

– Paulo Rangel: É melhor sair pela direita baixa a rastejar, é mais discreto.

– Ferreira Leite: Rastejar mas com dignidade, senão ainda pensam que estamos em pânico.

Todos fugindo…

E quando um dia almoçarem, e se for na Mealhada, entre beiças reluzentes de unto, com o tilintar das facas, e a vozearia alarve aumentar, alerta cidadãos! Cuidado que não é o bácoro que se preparam para trinchar.

Consultor de comunicação - Escreve às quintas-feiras

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