sexta-feira, 6 de novembro de 2015

DE PÉ, FAMÉLICOS DA TERRA!



Hoje ainda não é sábado, nem amanhã é domingo. Ao contrário daquilo que Vinicius de Morais declamava. Hoje é sexta-feira, dia das bruxas – sempre dia das bruxas em todas elas, as sextas. Por isso, após as primeiras badaladas da meia-noite, há umas horas atrás, os empresários de alto calibre, que sugam tudo e todos – até os pequenos e médios empresários, para além dos trabalhadores – arrastaram-se e foram à bruxa. Souberam então que PCP e Bloco vão mesmo compor o acordo com o PS  que visa rejeitar o governo de Cavaco-Passos-Portas… e deles. É dos jornais, rádios e televisões as declarações de Vanzeller. Uma ladainha que nos atira para 1974/75 e para a antiesquerda porque sim, porque eles estão primeiro, porque eles têm todo o direito de sempre esmifrar os que produzem, os que trabalham, os que os enriquecem desmedidamente e lhes alimentam as ganâncias. Deste Vanzeller, daqueles Vanzelleres, já sabemos o que lhes vai na ideia, nos princípios, nas imoralidades, nos roubos. Em muitos é de berço. Os avós e os pais roubaram e apodreceram de ricos e ensinaram os filhos a fazer o mesmo. Famílias ricas, pois então… São sempre os mesmos, raramente abrem as portas a que um novo entre nos seus clubes. Tal é a ganância!

Afinal esta devia ser a abertura do PG para o Expresso Curto. E é. Hoje com o serviço de Ricardo Costa. Não por acaso irmão de António Costa, do PS. Aquele que poderá ficar na história por ter vindo dar um abanão na sociedade portuguesa salazarista e antiesquerda porque sim e também por ser masoquista e adorar ser explorada a dizer ámen aos exploradores e lacaios que ocupam os poderes, eleitos pelos masoquistas. Caso de Cavaco, de Passos, de Portas e de tantos outros serviçais dos Vanzelleres, Mellos e mais uma dúzia de famílias aglutinadoras das riquezas produzidas pelos trabalhadores portugueses. E estrangeiros, por agora também seguirem as tendências globalistas. O esclavagismo em tamanho gigante espalhou-se pelo mundo. Isto já só lá vai à porrada. É pena que assim seja… mas é a verdade sentida. Depois da hecatombe tudo florirá. Já não será do tempo de muitos de nós, mas assim será. Todos os impérios caem. Este, tão injusto e desumano, também cairá.

Ricardo Costa. Bom pixote. Pois. Diretor do Expresso. E bem. Tio Balsemão agradece. Também ele um Bilderberg explorador e perseguidor de um governo mundial. De papo para o ar na Quinta da Marinha o tio já tem braços suficientemente compridos para trabalhar. Mas, o quê? Prefere dominar o mundo, os escravos que trabalham para uns quantos que espalham aqui e ali pós de guerra, de moléstias, de secas, de fomes. Aves de rapina portadoras da exploração e da miséria.

Afinal esta devia ser a abertura do Expresso Curto. E é. Vá lê-lo. Temos de conhecer o campo de batalha e saber o mais possível aquilo que pensa e diz o inimigo. Fiquemos atentos. A cruzada antiesquerda está à solta. Até parece que estamos a viver em 1974/75 e anos imediatamente seguintes… São sempre os mesmos, com os bajuladores comentaristas e pseudojornalistas que também andam sempre à babuja dos restos e esmolas dos exploradores. Querem um curso acelerado de aves de rapina, alguns conseguem-no.

De pé, famélicos da terra!

Raspe-se, sem levantar poeira.

Redação PG / MM

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Assim se vê a força do PCP

Puxo para título uma palavra de ordem que todos conhecem. Não porque seja nova ou se ouça muito na rua, mas porque está no centro das discussões políticas, dos reluzentes corredores parlamentares ao mais simples café de Portugal. A pergunta é simples: então, vai ou não haver acordo à esquerda?

Nos últimos dias a análise política portuguesa desenvolveu cursos rápidos de semiótica marxista. Há quem veja no sobrolho de Jerónimo Sousa um sim, mas há quem vislumbre no seu sorriso um não. Há quem discorra profundas reflexões sobre as diferenças de comportamento e linguagem do PCP e do Bloco. Perdoem-me, mas só quem não percebe patavina da extrema-esquerda é que fica espantado com essas diferenças. Basta ter lido um livro de história do séc. XX ou ter lido jornais nos anos 80 e 90.

Eu não acho que o assunto seja fácil ou claro como água, mas também não é assim tão difícil de perceber. Vamos por pontos. Primeiro, o Bloco anunciou oficialmente ontem à noite que já fechou o acordo com o PS e aprovou tudo em Comissão Política. O anúncio foi feito numa curta e algo discreta nota inserida no sítio do BE na internet, no final da noite desta quinta-feira. Sem especificar os termos do acordo, a direção do BE congratula-se com o "resultado" e esclarece que, pela sua parte, "as negociações com o PS estão concluídas".

O BE considera igualmente estarem "reunidas as condições para um acordo à esquerda pela proteção do emprego, dos salários e das pensões" (uma formulação que é uma síntese do caderno de encargos do BE nestas conversações, e que Catarina Martins repetiu por diversas vezes), conforme explica o Paulo Paixão no site do Expresso.

Segundo, o Expresso Diário fez ontem manchete com um trabalho daLuísa Meireles onde se escrevia que PS e PCP estavam mais perto do acordo, já que a reunião, quase clandestina mas de alto nível, de quarta à noite tinha corrido bem,

Terceiro, amanhã há Comissão Nacional do PS e hoje à noite António Costa dá uma entrevista ao Jornal da Noite da SIC. Em teoria, o acordo ou o não acordo com o PCP tem que estar fechado até amanhã de manhã.

Conclusão: não sendo ainda certo que haja um acordo e, muito menos, que o acordo com o PCP seja rigorosamente igual ao do Bloco,é neste momento mais provável que o PS chegue a acordo com o PCP.

As últimas semanas aconselham muita cautela, tantas foram as surpresas. Mas, se me permitem, duvidem seriamente de quem põe em causa o eventual acordo porque Jerónimo estava com má cara ou usou frases menos exuberantes do que as de Catarina Martins. Quem diz isso, provavelmente não conhece sequer a orgânica do PCP nem o seu funcionamento e leu o Avante pela primeira vez na semana passada.

Mais umas horas e fica tudo em pratos limpos. Se há ou não acordo e, no caso de existir, o que está lá escrito. Se falhar, termos de perceber porquê. E depois, bem, depois é aquilo que se sabe. O que será ou não esse governo alternativo do PS? E que programa tem? E como é que se vai aguentar com apoios à esquerda e meio país de boca aberta ou incrédulo, para não dizer pior?

Só deixo um conselho: viva um dia de cada vez, porque os tempos vão ser animados. Não sei se vão ser bons, maus ou péssimos. Mas vão ser muito animados. E nunca vistos.

OUTRAS NOTÍCIAS

No meio deste apertado e confuso calendário político, soubemos ontem que a assinatura do acordo de venda que fará passar 61% do capital da TAP para as mãos de privados não deverá acontecer antes da apresentação do programa do Governo. Só mesmo depois de terça-feira.

O julgamento sumário de 18 jovens angolanos detidos há seis dias, sob acusação de desobediência à autoridade, por tentativa de manifestação em Benguela, centro-litoral de Angola, foi adiado para hoje. O julgamento está agora agendado para as 10h de sexta-feira (menos uma hora em Lisboa), no tribunal do Lobito, província de Benguela

Um dos temas mais fortes da atualidade internacional continua a ser aqueda do avião russo sobre o Sinai. Depois do Reino Unido ter declarado que há fortes suspeitas de que houve mesmo uma bomba a bordo, várias companhias aéreas cancelaram todos os voos para os aeroportos egípcios.

Se estivermos mesmo a falar de um atentado do Estado Islâmico (Daesh) ou, pelo menos, da autoria de um grupo radical egípcio que declarou obediência ao Daesh, o caso levanta um enorme problema de segurança área e vai levar a medidas de segurança extremas nos aeroportos da região. Basta olhar para um mapa para percebermos do que podemos estar a falar.

Na Rússia, o caso é tratado com pinças e quase silenciado pelos media. Putin recusa-se a aceitar, para já, a tese do atentado, porque isso seria admitir que a bomba foi colocada num avião russo como retaliação à recente entrada de Moscovo no conflito sírio.

Já passaram anos e anos, mas pela primeira vez um documento oficial do governo chileno admite que há fortes indícios de que poeta Pablo Neruda possa ter sido assassinado pelo regime de Pinochet. O El Pais faz um bom trabalho sobre este célebre caso.

Na Liga Europa, o Sporting perdeu com o… vou ver se não me engano a escrever o nome da equipa … Skënderbeu. Isso mesmo e por 3-0. Correu tudo mal, disse o João Mário. Nesta ninguém apostava, diz a Mariana Cabral na crónica do jogo.

O Braga também perdeu em Marselha, num jogo bizarro porque as chuteiras da equipa minhota foram roubadas do balneário na véspera do jogo. A UEFA não quis saber e obrigou o Braga a jogar com calçado emprestado.

Já o Belenenses não conseguiu repetir o brilharete que fez na Suíça e perdeu em casa com o Basileia.

Hoje a Blitz faz anos. A revista, que é feita em plena redação do Expresso, faz 31 aninhos e a festa foi ontem à noite no Musicbox, no Cais do Sodré, em Lisboa a assinalou o lançamento da editora digital Blitz Records, em parceria com a Sony. Foi uma festa em cheio.

E como isto anda tudo ligado, aqui fica uma pergunta a que, provavelmente, só cinéfilos com queda musical conseguem responder: o que é que o Musicbox tem a ver com o cinema?

Resposta: o Musicbox existe num local antes ocupado pelo nem sempre bem afamado Texas Bar. Ora, o Texas Bar aparece num importante filme de Wim Wenders, rodado em Portugal em 1982. No belíssimo “O Estado das Coisas” a personagem encarnada pelo célebre realizador Samuel Fuller apanha um táxi de Sintra para o aeroporto, mas resolve parar pelo caminho e ir beber uns copos ao Texas Bar. Neste vídeo do youtube pode ver as memoráveis cenas de Fuller nesse filme.

Antes de acharem que dormi pouco ou que bebi na festa do Blitz (e as duas hipóteses são verdadeiras), só lembro este filme porque vai ser exibido este sábado às 17h30, no Monumental, com a presença do realizador, no âmbito do Lisbon & Estoril Festival. E não é todos os dias que se vai ao cinema com Wim Wenders. Aproveitem.

Tudo isto porque o Lisbon & Estoril Festival, obra do ‘nosso’ Paulo Branco, arranca hoje com a presença do grande Nanni Moretti na estreia do seu último filme. Tem aqui o programa completo.

Vamos às frases e neste dia até podemos começar pelo Paulo Branco.

FRASES

“Eu quero sempre ganhar tudo”. Paulo Branco numa entrevista à Revista E do Expresso que pode ler aqui na íntegra.

“A Comissão Política do Bloco de Esquerda aprovou na noite de quinta-feira o documento de trabalho resultante das negociações do Bloco com o Partido Socialista.” Frase colocada ontem ao fim da noite no site esquerda.net do Bloco de Esquerda

“Jogar à quinta não é mesma coisa que jogar à terça ou à quarta”. Jorge Jesus depois de perder por 3-0 com uma equipa albanesa

O QUE EU ANDO A LER

Um livro que chega às livrarias para a semana, mas que já li metade. Na verdade, já li quase tudo antes, umas coisas no Público outras no Expresso, porque estou a falar de Biblioteca, de Pedro Mexia. Depois de Cinemateca (2013), que reunia as crónicas sobre cinema, este livro reúne tudo o que foi escrevendo sobre livros.

Não são críticas ou recensões e os livros abordados são os que estavam na moda ou a ter o seu momento. São textos que seguem as leituras e os gostos do autor, num caminho estritamente pessoal em que umas coisas levam a outras, a um autor, um episódio, uma curiosidade, um filme, uma lembrança da adolescência ou outro livro.

Biblioteca começa onde tinha que começar, na Enciclopédia e no fim da Britannica, e acaba no terror que é perder uma biblioteca pelo fogo, como aconteceu a Octavio Paz, numa repetição de Alexandria, em que o mais importante é ser capaz de continuar a ler.

Estão lá muitos autores de que gosto, outros que conheço mal, muitas vezes pela via de livros menos óbvios. Verne chega pelo Raio Verde, Roth por uma entrevista, Kleist pela forma como morreu, Camilo por ser retirado do nosso ensino liceal, Camões por onde menos se espera, Tolstoi pelos últimos dias.

Como cada leitor tem as suas preferências, os meus olhos estancaram em Joseph Conrad e num livro pouco conhecido sobre o Titanic. É o texto de um marinheiro inveterado, que defende “uma outra ideia de navegação, uma navegação à vela, com outra nobreza, uma navegação que sabe que há sempre perigos, há sempre tempestades. Em vez de tomar partido pelos responsáveis ou pelas vítimas, Conrad toma partido pelo mar”.

Recomendo essa crónica aos nossos políticos e ao momento que vivemos. Afinal, o escritor polaco que trocou a terra pelo mar e a língua materna pelo inglês já tinha escrito isto antes sobre a navegação:

Quando perdemos o controlo do nosso navio, parece que perdemos o controlo do mundo todo.

Em dias destes recomendo que vá pondo os olhos do Expresso Online, não vá aparecer um icebergue pelo caminho. Nós daremos conta do desastre e do destino dos náufragos, sejam eles quem forem. Ao fim do dia temos pronto o Expresso Diário. Amanhã háExpresso nas bancas, carregado de novidades e grandes temas para ler. Segunda bem cedo o Pedro Candeias traz-lhe o Expresso Curto.

Pelo caminho pode espreitar o Expresso da Meia-Noite, com um novo cenário e grafismo, e ouvir o PBX, de Inês Meneses e Pedro Mexia, que estreou ontem na Radar ao fim do dia, Temas do primeiro programa, feito em parceria com o Expresso: a história de O Independente, acabada de sair em livro, e os 20 filmes mais vistos do cinema português, na semana em que o José Fonseca e Costa foi embora sem avisar.

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