"O
país é ele e se ele pôde esperar, o país também pode. Argumenta igualmente com
2009, que afinal é 2004 e 2011, esquecendo que os governos em gestão dessa
altura estavam longe de ter que apresentar um orçamento e, portanto, também não
tinham essa pressão."
Paulo
Baldaia* - TSF, opinião
Mas
qual é a pressa? O Presidente não tem nenhuma. Argumenta que esteve cinco meses
em gestão nos idos de 1987, há quase 30 anos, numa altura em que não havia
euro, nem semestre europeu, nem Bruxelas a pedir-nos um draft do
orçamento.
O
país é ele e se ele pôde esperar, o país também pode. Argumenta igualmente com
2009, que afinal é 2004 e 2011, esquecendo que os governos em gestão dessa
altura estavam longe de ter que apresentar um orçamento e, portanto, também não
tinham essa pressão. Coisa que agora também podia não existir, se o mesmo
presidente tivesse antecipado as eleições, dando tempo a si próprio para
estudar melhor todos os cenários que já estavam estudados.
Um
Presidente que nos informa que está "a recolher o máximo de informação
junto daqueles que conhecem a realidade social, económica e financeira
portuguesa para dar indicações ao poder político quanto às linhas..." e
que acrescenta que sabe muito bem o que aconteceu quando esse tal poder
político não cumpriu essas "orientações adequadas". É o mesmo Chefe
de Estado que ouve confederações patronais e depois associações disto e
daquilo, associações que fazem parte das confederações que já tinha ouvido,
achando que são elas que têm de dizer aos representantes do povo que caminho
devem seguir.
Estará
convencido da inevitabilidade do seu raciocínio e convencido igualmente que
todos os candidatos à Presidência da República estão errados quando lhe dizem que
é preciso rapidez na decisão e que até Marcelo Rebelo de Sousa, da sua área
política, diz o mesmo e lhe sugere que dê posse a um governo que possa
governar.
Está
tão bem instalado no Palácio de Belém que, tendo entrado já no período em que
pode anunciar a data das eleições presidenciais, não o faz. Deixa para Marques
Mendes, comentador e conselheiro de Estado. É no dia 24 de janeiro. Pode
confirmar senhor Presidente ou o pagode não precisa de ter pressa nenhuma?
*Diretor
da TSF
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