Caro
Aly,
Sem vénias de "barri padja" e sem pretender agradar a ninguém,
senti-me hoje na "obrigação" de pegar a minha pluma e esgrimar por um
homem profundamente injustiçado, pelos homens e pelas consciências, daqueles
pelos quais muito deu e serviu, e que m troca, recebeu a ingratidão e a traição
ao ponto de quererem enterra-lo vivo. A esse homem, devo-lhe o favor sublime,
de me ter feito acreditar que, a Guiné-Bissau é um pais viável e de futuro.
Permita-me, caríssimo Aly.
Abraços do O
"Faz
mais de três anos que o ex-Primeiro Ministro, vencedor das eleições
Presidenciais interrompidas de Abril 2012 na Guine-Bissau, Carlos Gomes Júnior,
se encontra compulsivamente afastado da lides da politica guineense.
Constata-se no entanto que, até hoje, visando quiçá escamotear a deriva de
autoridade e a ma gestão em que o pais esta mergulhado, a cimeira do actual
regime, tem recorrido aos meios de uma quase cyber-criminalidade, para lançar o
descrédito sobre a pessoa dessa figura politica exilada no exterior, tentando
associar descabida e infundadamente o seu nome à atividades, negócios ou praticas, as quais, sabe-se perfeitamente que, nem ele, nem o seu circulo de
influencias podem estar minimamente ligados.
A titulo de exemplo, cito o caso de Bauxite Angola, a qual teimam atribuir-lhe
participação em negócios com o Presidente Angolano, mesmo sabendo que os
promotores e beneficiários desse negocio são os Srs Soares Sambu, Manuel dos
Santos "Manecas" e o antigo embaixador de Cabo Verde em Angola, Silvino
da Luz, e que o mesmo, foi consumado sob os auspícios do falecido Presidente
João Bernardo Vieira, quando Cadogo ja não era PM.
Existem documentos e factos cronológicos da historia governativa que provam de
forma inequívoca esses factos. Porém, usando na contrainformacão, insinuaram a
relação privilegiada que Cadogo mantem com as autoridades de Angola para
"colar" maquiavelicamente o seu nome a esse projecto, um autentico
segredo de polichinelo governativo devido ao manto de suspeições que o envolve.
Até se compreende a estratégia.
Cadogo, mostrava-se solido e imbatível no terreno politico, por isso, era necessário combatê-lo por quaisquer meios possíveis. Por isso, outros casos
se fizeram seguir no rol de acusações que foram maquiavelicamente montadas e
lançadas nos espaços virtuais da calunia e maledicência, visando a sua
destruição politica. Em tempos, foi a "colagem" estratégica que lhe
fizeram e deixou-se levar pela inércia, dos casos dos assassinatos do
Presidente Nino Vieira, do CEMGFA Tagme Na Wai, de Basiro Dabo, Hélder Proenca,
Roberto Cacheu.
A esses casos de "julgamento mediático", muitos outros casos se lhes
seguiram, os quais, ao acaso das conveniências e estratégias politicas dos seus adversários políticos de então (em particular, PR da Republica Malam Bacai
Sanha de um lado e o poder judicial parcialmente manipulado do outro), foram
utilizados contra a sua pessoa visando contrariar o prestigio e a popularidade
que angariara interna e externamente graças a performance que os sucessivos governo
que dirigia patenteavam.
Foi assim que assistimos a manipulações e montagens acusatórias sem precedentes
desses casos contra a sua pessoa. Essas operações de puro julgamento publico
eram orquestradas e financiadas pela Presidência da Republica de então e tinha
em vista o objectivo cimeiro de descredibilizar e arruinar politicamente
Cadogo. Marchas de pressão meramente politica foram organizadas, pontificando
entre os seus promotores um sinistro e falhado advogado, PGR nomeado por
encomenda no período da transição-golpista com a missão expressa de incriminar,
prender e neutralizar Cadogo. Porém, os autores materiais e mentores desses
crimes, embora sobejamente identificados e do conhecimento de toda a Sociedade, instâncias judiciais, CI, incluindo o Governo Norte Americano, esses circulavam impunemente por Bissau sem serem minimamente inquietados..., até hoje.
Nessa saga persecutoria contra Cadogo, ao todo, três PGR foram nomeados directa
ou inderectamente com a missão de lhe imputar por quaisquer meios, a
"responsabilidades/autoria" desses casos macabros, para assim
cercéa-lo de quaisquer pretensões politica.
Todas essas manobras maquiavelicamente orquestradas, resultaram em falhanços
rotundos para os seus sucessivos mentores (primeiro MBS, depois o seu delfim,
Manuel Serifou Nhamadjo), pois quis o destino que a verdade prevalecesse e a
justiça fosse feita. Assim, orientados pelas suas consciências e pelo dever da
justiça, excepção feita ao obtuso e limitado Abdu Mané, todos os PGR nomeados
nessa cilada persecutória da presidência, acabaram por render-se à evidência de
que estavam perante uma mera cabala politica montada contra um adversário politico, não se provando um iota que seja sobre o seu envolvimento nesses
casos de triste memoria.
Embora não seja do domínio publico, a mais cintilante negação dessa vergonhosa
cabala palaciana, foi a demissão honrosa e corajosa apresentada pelo Dr Michel
Amine Saad ao Presidente MBS quando este implicitamente lhe exigiu à frente dos
seus Conselheiros complotistas, que Cadogo fosse constituído arguido nesses
processos a qualquer custo, com o argumento "acabar com as marchas e
acalmar a fúria dos familiares que reclamavam justiça nas ruas". O não foi
rotundo desse controverso, mas insigne causidio seguiu-se à encomenda.
Apresentou a sua demissão de forma irrevogável, facto que provocou a ruptura
definitiva das suas relações, na altura pautada por elevada confiança e
respeito.
De memoria, relembro aos que não sabem que, Cadogo, ainda PM, embora um pouco
tardiamente, teve a coragem e a lucidez de reagir ao assédio sufocante desse
processo de julgamento popular que estava a ser pilotado contra a sua figura a
partir da presidência da Republica. Assim, decidiu accionar por carta
endereçada ao SG-NU, ao Governo dos EUA e a UE, solicitando os seus apoios e
envolvimento directo na investigação desses crimes, para tal, sugeriu a criação
de um Tribunal ad hoc sob os auspícios das NU para investigar e julgar esses
casos, garantindo com isso a imparcialidade e competência no apuramento da
verdade.
Cadogo tinha consciência de que, acções internas conduzidas pelo Palacio
tendiam à sua viciação e inquinação politica dos factos com o intuito de o
incriminar. Ao grito de socorro lançado, regista-se apenas, o silencio
ensurdecedor até hoje, dessas instâncias e governo. Alias, é de salientar que
muito antes desses acontecimentos, Cadogo ja dera provas de que, "quem não
deve não teme", logo apos a guerra de 7 de Junho, altura em que ele era o
alvo predilecto do Comandante da Junta Militar, Ansumane Mané. Sem se fazer de
vitima, requereu ele mesmo, o levantamento da sua imunidade parlamentar e
colocou-se à disposição da justiça para enfrentar as acusações contra ele
forjadas. Saiu incolume dessas acusações. Reconheçamos, tratou-se de um exemplo
raro de coragem, decerto sem igual até hoje na politica guineense.
E mais, caso se aceite o desafio de se constituir um tribunal ad hoc
internacional para julgar os referidos crimes, Cadogo daria o primeiro passo se
disponibilizando à justiça, acto que, duvido poucos ousariam fazer por terem
rabo de palha e mãos e consciência escondidas e abafadas com o sangue desses
crimes que lhe querem à força imutar.
Paradoxalmente, apesar da sua longa ausência da cena politica guineense, Cadogo
continua a assombrar e a perturbar muitas consciências, particularmente da
classe dirigente hoje no poder.
Cada dia que passa torna-se evidente, de que o actual poder não se sente
minimamente à vontade com o capital politico e aurea de simpatia que Cadogo
continua a gozar no seio de uma larga franja da população guineense, em
particular junto aos jovens e a Sociedade Civil. Por isso, compreende-se que,
quotidianamente, directa ou indiretamente, é atacado e velipendiado através de
meios e acções dos mais baixos e ignobeis possíveis.
Gratuitamente, o seu nome é sistematicamente citado por dois conhecidos blogs
guineense a saldo dos dois campos da contenda politica actual, associando-o
falaciosamente em envolvimentos em negócios e praticas obscuras, sobre as
quais, a sua pessoa, é na realidade, completamente alheia. Um caso concreto recente, é o descabimento de tentar associar o seu nome ao obscuro negocio da
criação da nova companhia aérea de bandeira nacional anunciado pelo utópico SE
dos transportes.
Um negocio, que envolve um sinistro homem de negócios romeno, Ovidius Tender,
apontado como tendo graves problemas com a justiça. Recorde-se que, o referido empresário, aquando dos dois governos dirigidos por Cadogo tera proposto ao
executivo de então esse mesmo negocio e outros ligados à exploração mineira,
mas nenhum deles foi concretizado dado que, informações recolhidas sobre a
idoneidade do investidor não foram favoráveis. Não aceitando emparceirar-se com
O. Tender na altura que era Chefe do Governo, não se percebe, como pode ele
estar agora envolvido num negocio dessa envergadura num momento que esta fora
da esfera do poder de decisão Da que pensar!!
Sem ingenuidades, apetece perguntar : como pode Cadogo estar por dentro dessas
negociatas, sabendo-se hoje, espoticamente isolado do partido, da vida politica
e dos centros do poder ? Como pode Cadogo estar em negociatas com o actual PM,
sabendo-se que este fugiu cobardemente dele e do seu nobre e desinteressado
apoio ao Congresso de Cacheu como se de ebola se tratasse ? Embora seja verdade
que hoje, Cadogo é muito cortisado por DSP, mas, não será que tal aproximação,
é mais uma necessidade de aproximação estratégica de DSP a fim de garantir a
sua própria sobrevivência politica no seio do partido, angariando a simpatia da
larga franja de simpatizantes que Cadogo continua a ter ainda no Partido?
Como pode Cadogo associar-se aos maquiavelismos e negociatas de DSP, quando na
realidade, este o combate ferozmente por todos os meios, ir até ao ponto, de
recusar sorateira e sadicamente mandar pagar-lhe os seus direitos e rendimentos
devidos pelo Estado com intencao clara de priva-lo de possiveis meios que lhe
possibilitem um eventual retorno em força à vida politica guineense ?
Tudo o que se questiona em cima relativamente ao PM, aplica-se na integra para
com as suas relações com o primeiro Magistrado da Nação, José Mario Vaz
(JOMAV). Este Sr, outrora seu amigo, teve o desplante de recusar ao Cadogo e a
Raimundo Pereira uma audiência em Lisboa, alegando que, "era muito cedo"
para os receber e que, tal facto seria "mal interpretado pelas chefias
militares, pois estes pensariam que ele estava a ser orientado e a agir por
conta e mando de Cadogo". As essas duas figuras, pretendeu JOMAV fazê-los
receber pelo seu Director de Gabinete. Enfim atitudes incompreensíveis, que só um eventual complexo intrinsecamente interiorizado pode justificar.
Hoje por hoje, Cadogo continua ausente da Guiné-Bissau, ja la vão mais de três
anos, mas algumas pessoas continuam a querer justificar os seus fracassos colando-lhe
ou atribuindo-lhe tudo o que de mal passou, incluindo o que se esta a passar de
mal, neste momento no pais. Querer colar-lhe a pretensão de regresso de Zamora
Induta ao pais é o caso mais recente de delírio de encomenda politica.
Pergunta-se, com que fim o fazem ? Porque tanto receio do homem politico
Cadogo, que até a sua sombra faz tremer os novos donos do poder ?
Antes bastava morrer uma pessoa para o seu nome ser logo apontado como
"autor moral ou material", porém, não estando presente no pais por
este longo periodo de tempo, mais de três dezenas de cidadãos foram
barbaramente assassinados sem que ninguém ouse apontar o dedo a quem quer que
fosse. Mas na realidade, como sempre foi, conhecem-se os seus autores e
mandantes..., mas rodara o pau e um acabarão por dizer, "foi a mando do
Cadogo".
Há poucos, um outro rumor tentando jogar o nome do Cadogo no descrédito do
complôt circula em
Bissau. Curiosamente, o autor do rumor, é um aventureiro,
politico falhado, golpista de quatro costados e vendedor de ilusões que se
pavoneia posando ao lado de presidentes e ditadores defuntos. Esse fulano
execrável, esta a espalhar por Bissau de que, Cadogo vai fundar um novo
Partido politico denominado, o "Partido Republicano" (nome pomposo ao
menos) e relançar-se-a brevemente na politica. Afirma que ele e o
golpista-papagaio da transição seriam um dos promotores desse movimento só partidário.
Uma enormidade de mentira inventadas e vendidas a vil preço por um Judas que
passa a vida na intriga, no complôt e golpes de estado. Cadogo que eu conheço
nunca se alinharia com essa escumalha de gente reles. A decidir um dia
constituir um Partido politico, creio que, Cadogo fa-lo-ia, não recorrendo aos
arautos da intriga e do mal, mas sim ao acerto da sua consciência e no seio
daqueles com quem se identifica, moral, cívica e politicamente.
Como azeite puro na água, a verdade que temos que aceitar, é que, desde que
saiu da Guiné-Bissau, nunca no pais houve tanta corrupção, roubalheira
descarada de bens do público como se assiste hoje na nossa terra.
Nunca membros do governo (salvo o periodo de transição) enriqueceram tão rápida e gananciosamente como agora. Nunca as relações entre um PM e PR foram
assim tão tensas, cinicas e execraveis como agora... pergunta-se : cadé o
Cadogo nessa bagunça e roubalheira toda!?
Uma coisa é certa, quer se queira quer não, Cadogo, apesar de todas as
contigências e jogos de contrapoder que envolveram e minaram sobre maneira as
suas duas passagens à frente do governo guineense, ele conseguiu deixar a sua
marca de referência que pontificado pelo trabalho e resultados palpáveis nunca
antes alcançados por nenhum governo anterior na Guiné-Bissau. Isto tudo, apesar
de, em ambos os casos ter sempre governado num ambiente de pressão, quase
terror e de não-guerra, pontuado pela pressão, ameaça e insubordinação
permanente de uma horda tribal de homens armados que se chamou erraticamente de
"Forças Armadas".
Binham sabiamente cantou, "Lifante cala, guintis pukenta"..."
O
autor do artigo de opinião assina O. Publicada por António Aly Silva, em
Ditadura do Consenso