O
MDM acusa a FRELIMO de assassinato por linchamento de Sousa Matola, chefe de
informação do partido da oposição em Tete, no centro de Moçambique. O partido
no poder nega as acusações e exige a apresentação de provas.
Segundo
o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) em Tete, a morte de Sousa Matola
ocorreu no bairro Matudo, nos arredores daquela cidade, a 21 de dezembro, duas
semanas depois de o partido ter recebido um despacho do secretário do bairro
Matundo, que informava que todas as atividades políticas da oposição naquele
local dependiam da sua autorização.
Celestino
Bento, delegado político provincial do terceiro maior partido moçambicano em
Tete, diz não ter dúvidas de que o crime foi cometido pela Frente de Libertação
de Moçambique (FRELIMO). "Fomos falar com o secretário do Bairro Matundo
para o informar que iríamos inaugurar a nossa sede e ele deu-nos um despacho a
dizer que, se inaugurássemos a sede, este não se responsabilizaria pelas
consequências", informou Bento.
Celestino
Bento adianta ainda que naquele dia houve várias tentativas de incendiar a sede
do MDM no Bairro Matundo. "Colocaram gasolina, tentaram arder as paredes,
mas não foi possível porque são paredes de tijolo queimado, rasgararam todos
panfletos".
Para
o delegado provincial do MDM, estas são provas suficientes para que as
investigações prossigam.
Detido
membro do MDM
Em
entrevista à DW África, o porta-voz do comando provincial da Polícia da
República de Moçambique (PRM) em Tete, Luís Núdia, revela que já foi feita uma
detenção relacionada com este caso. Diz que se trata de um membro do MDM, que é
suspeito de ter tido uma briga com a vítima no dia da sua morte, a 21 de
dezembro.
"Segundo
informações a que a polícia teve acesso, as pessoas com quem ele esteve a
conviver antes da sua morte não eram pessoas de outro partido. Podemos até
admitir que são pessoas do mesmo partido, com quem se dava mais", afirma
Luís Núdia. Por isso, exclui "a hipótese de que ele tenha sido impedido de
realizar as suas atividades naquele bairro".
Celestino
Bento nega que o jovem detido seja membro do MDM e diz que a polícia está a
mentir."Quem disse à polícia que ele é membro do MDM?", interroga o
delegado político do terceiro maior partido moçambicano.
"A
polícia está a tentar encobrir, está ser usada pelo partido FRELIMO. A polícia
não tem provas de que foi aquele jovem que praticou aquela acção. Nós temos
provas de pessoas que nos ameaçaram", sublinha.
O
MDM em Tete diz que os seus membros são torturados e impedidos de exercer as suas
atividades políticas nos distritos de Tsangano, Mágoe, Changara, Chiúta e
Mutarara.
FRELIMO
nega acusações
Ofélio
Jeremias, primeiro secretário do partido FRELIMO na cidade de Tete, nega que a
sua formação política tenha linchado Sousa Matola.
"A
FRELIMO não está contra os partidos políticos. Em nenhum momento a FRELIMO
impede actividades políticas de outros partidos. Com que base há essa
acusação?"; questiona Ofélio Jeremias, acrescentando que o Governo está a
trabalhar para esclarecer quem são os autores deste crime.
Por
outro lado, o partido no poder considera importante que o MDM encontre os
assassinos de Sousa Matola. "Quem acusa tem que provar. Isso é imaturidade
política daqueles que não têm política. São partidos falso", conclui
Jeremias.
Amós
Zacarias (Tete) – Deutsche Welle
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