O
Governo da Suécia instou na segunda-feira as autoridades da China a permitirem
um encontro com o livreiro de Hong Kong com nacionalidade sueca que no domingo
apareceu na televisão chinesa após ter sido dado como desaparecido há três
meses.
"Encorajamos
as autoridades chinesas a mostrarem abertura e a disponibilizarem informação e
[facilitarem] contacto entre as autoridades suecas e o detido", disse o
vice-ministro das Finanças da Suécia, Per Bolund, em declarações ao jornal
South China Morning Post, à margem do Fórum Financeiro Asiático, que decorreu
em Hong Kong na segunda-feira.
Gui
Minhai, editor e dono da livraria Causeway Bay, célebre por vender obras
críticas do regime comunista chinês, afirma numa gravação transmitida na
televisão estatal chinesa CCTV que se entregou às autoridades em final de
outubro passado.
No
seu depoimento, declarou-se culpado pelo atropelamento e morte de uma jovem de
20 anos em 2004, na cidade de Ningbo, província chinesa de Zhejiang.
O
livreiro, que tem dupla nacionalidade, chinesa e sueca, afirmou ainda que
conduzia embriagado, assumindo a culpa pelo acidente e o "desejo de ser
punido", pedindo às autoridades suecas para não interferirem no assunto.
Apesar
destas declarações, Bolund insistiu que Pequim deve "permitir às autoridades
suecas que se encontrem com Gui Minhai".
"Espero
realmente que as autoridades chinesas se apercebam que tal é necessário e que
seria a forma mais fácil de resolver todas estas questões que se
levantaram", afirmou.
O
desaparecimento de Gui Minhai foi tornado público em 05 de novembro pelo
gerente da livraria Causeway Bay, Lee Bo, que depois também desapareceu, no dia
01 de janeiro.
Quatro
associados de Gui (Lee Boo, Lam Wing-kei, Lui Bo e Cheung Jiping) desapareceram
depois de terem visitado, separadamente, o interior da China.
A
suspeita de que os livreiros foram detidos por homens ao serviço das
autoridades chinesas desencadeou uma onda de revolta e preocupação em Hong
Kong, por constituir uma flagrante violação do princípio "Um país, dois
sistemas".
De
acordo com esta fórmula, as políticas socialistas em vigor no resto da China
não se aplicam em Hong Kong e Macau, (exceto nas áreas da Defesa e Relações
Externas, que são da competência do governo central chinês) e os dois
territórios gozam de "um alto grau de autonomia".
A
livraria Causeway Books, entretanto de portas fechadas, vende obras críticas do
regime comunista, proibidas no interior da China.
ISG
(JOYP) // MP - Lusa
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