terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Suécia pede à China encontro com livreiro de Hong Kong que apareceu em vídeo



O Governo da Suécia instou na segunda-feira as autoridades da China a permitirem um encontro com o livreiro de Hong Kong com nacionalidade sueca que no domingo apareceu na televisão chinesa após ter sido dado como desaparecido há três meses.

"Encorajamos as autoridades chinesas a mostrarem abertura e a disponibilizarem informação e [facilitarem] contacto entre as autoridades suecas e o detido", disse o vice-ministro das Finanças da Suécia, Per Bolund, em declarações ao jornal South China Morning Post, à margem do Fórum Financeiro Asiático, que decorreu em Hong Kong na segunda-feira.

Gui Minhai, editor e dono da livraria Causeway Bay, célebre por vender obras críticas do regime comunista chinês, afirma numa gravação transmitida na televisão estatal chinesa CCTV que se entregou às autoridades em final de outubro passado.

No seu depoimento, declarou-se culpado pelo atropelamento e morte de uma jovem de 20 anos em 2004, na cidade de Ningbo, província chinesa de Zhejiang.

O livreiro, que tem dupla nacionalidade, chinesa e sueca, afirmou ainda que conduzia embriagado, assumindo a culpa pelo acidente e o "desejo de ser punido", pedindo às autoridades suecas para não interferirem no assunto.

Apesar destas declarações, Bolund insistiu que Pequim deve "permitir às autoridades suecas que se encontrem com Gui Minhai".

"Espero realmente que as autoridades chinesas se apercebam que tal é necessário e que seria a forma mais fácil de resolver todas estas questões que se levantaram", afirmou.

O desaparecimento de Gui Minhai foi tornado público em 05 de novembro pelo gerente da livraria Causeway Bay, Lee Bo, que depois também desapareceu, no dia 01 de janeiro.

Quatro associados de Gui (Lee Boo, Lam Wing-kei, Lui Bo e Cheung Jiping) desapareceram depois de terem visitado, separadamente, o interior da China.

A suspeita de que os livreiros foram detidos por homens ao serviço das autoridades chinesas desencadeou uma onda de revolta e preocupação em Hong Kong, por constituir uma flagrante violação do princípio "Um país, dois sistemas".

De acordo com esta fórmula, as políticas socialistas em vigor no resto da China não se aplicam em Hong Kong e Macau, (exceto nas áreas da Defesa e Relações Externas, que são da competência do governo central chinês) e os dois territórios gozam de "um alto grau de autonomia".

A livraria Causeway Books, entretanto de portas fechadas, vende obras críticas do regime comunista, proibidas no interior da China.

ISG (JOYP) // MP - Lusa

Sem comentários:

Mais lidas da semana